Classificação:
Depois de um período de hibernação criativa, onde entregou filmes “apenas” bons como Valente (2011), Frozen (2012), Detona Ralph (2013) e Operação Big Hero (2014), a Disney/Pixar, o maior nome do cinema de animação atualmente, voltou aos grandes filmes com Divertida Mente, 2015. Mas, muitos questionavam se seria uma volta mesmo após O Bom Dinossauro não passar de outra produção bonitinha, mas ordinária. Porém, com Zootopia, o estúdio faz um filme diferente do que costuma apresentar, com ação e suspense, mas com muito humor e um discurso edificante contra a intolerância e preconceito, como nos bons tempos.
Desde filhote, a coelhinha Judy (Monica Iozzi) sempre sonhou em ser policial, com o intuito de fazer do mundo um lugar melhor. Porém, quando finalmente consegue atingir seu objetivo, é designada para ser agente de trânsito. Entretanto, quando uma série de desaparecimentos tira o sono de seus superiores, ela coloca a profissão em jogo para resolver o caso. Para isso, contará com improvável ajuda da raposa Nick (Rodrigo Lombardi), que se vê obrigado a ajuda-la ao invés de ir para prisão.
À primeira vista, nenhuma novidade nessa nova produção da Disney/Pixar, pois todos os elementos inerentes às suas obras estão lá, desde os personagens fofos (muito fofos) e o humor de alto nível. Mas, com o passar do tempo de exibição começamos a enxergar além no roteiro de Phil Johnston, que também assina Detona Ralph. A cidade de Zootopia nada mais é que qualquer uma megalópole que temos por aí, desde Nova Iorque à São Paulo, que apresentam uma efervescência sociocultural que subdivide o território urbano e impera preconceitos e atos de intolerância.
E nesse contexto que o filme ganha uma força extraordinária, pois o que mais provoca males ao mundo hoje, e sempre, é a falta de respeito ao diferente, seja de cor, classe ou condição social. Mas, quando acompanhamos a união de uma coelha e uma raposa, sem percebermos conseguimos fazer uma ligação intertextual que traz reflexões profundas, ao fim da exibição, ou até mesmo no meio dela (Atenção ao discurso final de Judy, sensacional).
Obviamente, o diferencial de uma animação é trazer esse debate sério envolto em uma capa bonitinha e bem construída. A trama mantém um tom de suspense em meio a confusões divertidas e uma trilha sonora impecável de Michael Giacchino para conduzir as ações. A série de referências ao “mundo dos seres humanos” também são impagáveis. Inclusive um Don Corleone roedor minúsculo e uma gazela que sensualiza e carrega as feições e a musicalidade de Shakira.
Mais uma vez o estúdio prova que está em um patamar visivelmente acima dos concorrentes, e que quando está inspirado confecciona filmes fabulosos como Zootopia. Uma produção indicada para crianças e adultos aprenderem a enxergar outras pessoas como iguais, mesmo sendo de etnias e culturas diferentes.