A VISITA | EM DVD / BLU-RAY

Classificaรงรฃo:
BomA Visita em DVDDepois de alcanรงar o estrelato com o excepcional O Sexto Sentido em 1999, M. Night Shyamalan foi comparado a Steven Spielberg, e, seus projetos posteriores foram esperados com muita ansiedade pelo pรบblico e a crรญtica. Entretanto, exceto Corpo Fechado (2000), nenhum de seus filmes posteriores conseguiu ter a mesma carga de criatividade e qualidade cinematogrรกfica de seu filme de estreia. E, depois dos fracassos retumbantes de O รšltimo Mestre do Ar (2010) e Depois da Terra (2013), o diretor volta o gรชnero que o consagrou, porรฉm muito menos presunรงoso e optando pela simplicidade para voltar a brilhar.

Quando dois irmรฃos sรฃo mandados pela mรฃe para passar um fim de semana com seus avรณs, eles decidem filmar todo seu dia-a-dia a fim de fazer um documentรกrio sobre a infรขncia de sua mรฃe. Porรฉm, seus avรณs comeรงam a se comportar de forma estranha e eles percebem que a casa que era para ser um local de amor e aconchego รฉ na verdade seu pior pesadelo.

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O que รฉ realmente louvรกvel neste novo filme de M. Night Shyamalan รฉ a forma como deixou de lado seus maneirismos ambiciosos que se tornaram praxe em seus filmes depois que conseguiu fama. Uma tentativa clara de ser monumental a cada cena sempre minaram seus filmes, os deixando ora complexos demais, outras bobos demais. Em A Visita ele consegue voltar ao texto direto, simplista e que se preocupa apenas em nos fazer interagir com seus personagens, querer estar no filme com eles. Neste, em especial, criou uma interaรงรฃo em primeira pessoa, onde as duas crianรงas, atravรฉs de um documentรกrio, interagem com a cรขmera, e o pรบblico. Nรฃo รฉ nenhuma novidade, mas ao menos cria uma atmosfera mais propรญcia aos sustos.

Mesmo que nรฃo traga uma trama intrincada, com diversas reviravoltas e que apresenta uma resoluรงรฃo รณbvia, A Visita tem uma construรงรฃo obscura, que nos coloca sempre ร  espreita, com uma posiรงรฃo que provoca um desconforto descomunal nas cenas bizarras que se seguem. Essa construรงรฃo cรชnica em cima das cenas de impacto parece um pouco de apelaรงรฃo por parte do roteiro, entretanto, Shyamalan nรฃo as faz de forma agressiva, de um jeito que parece querer empurrar a sensaรงรฃo para dentro da cabeรงa do pรบblico. Ela se dรก de forma natural, com uma crescente de tensรฃo cadenciada, uma novidade na carreira do diretor.

Contudo, existe algo que incomoda, principalmente na parte inicial do longa, รฉ um certo excesso de falatรณrio desenfreado das crianรงas protagonistas do filme. Em especial o menino, interpretado por Ed Oxenbould, a dupla irrita com piadas incessantes e atรฉ um rap sem graรงa. Alรฉm disso, existe nas entrelinhas um certo trauma entre a mรฃe e seus pais, algo que no inรญcio parece ser um arcabouรงo para a construรงรฃo da trama, mas aos poucos isso se perde, e existe somente a valorizaรงรฃo do visual.

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Porรฉm, o filme sรณ funciona mesmo por que M. Night Shyamalan tem uma direรงรฃo interessante, sรณbria, sem aquela marra que apresentou depois de ficar famoso. ร‰ um diretor conciso com seu material, o seu fraco mesmo tem sido em seu conteรบdo textual, sempre autoral, acaba se perdendo um pouco em maneirismos desnecessรกrios. Aqui, apresenta tanto direรงรฃo quanto roteiro simples, mas, coerentes com que pretendia nos mostrar.

Enfim, uma luz no fim de um tรบnel que parecia infinito na carreira de Shyamalan. Um filme que nรฃo apresenta nenhuma de suas inovaรงรตes, nenhuma de suas reviravoltas, mas mostra que tem sim talento a ser explorado na sรฉtima arte. Quem sabe este seja um recomeรงo para o diretor e ele enfim volte aos grandes filmes? Sรณ nos resta aguardar.

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