VÍCIO INERENTE | EM DVD / BLU-RAY

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65962Sempre que circula nos bastidores de Hollywood algum projeto de Paul Thomas Anderson, o mundo cinematográfico fica dividido entre os que são amantes da sétima arte, que sentem o prazer de assistir um bom filme, e aqueles que são cinéfilos convictos, que sabem entendem as engrenagens que alimentam este mundo fantástico E parece que o diretor está preocupado mesmo com o segundo grupo, pois, seus longas, apresentam uma linguagem peculiar, estilística, que aos poucos vai consolidando sua grife, mas acaba afastando o público “comum”. Prova disso é a pouca importância que os cinemas deram ao filme. Entretanto, agora disponível no mercado Home Vídeo, Vício Inerente é um destes projetos que vai agradar quem consegue ver além do que os olhos enxergam, e se deleitam com uma aula de cinema.

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O investigador hippie Larry “Doc” Sportello (Joaquin Phoenix) é subitamente sugado por uma intrincada trama quando sua ex-namorada Shasta (Katherine Waterson) aparece em seu apartamento uma noite e na manhã seguinte desaparece. Mas, não e tão simples assim. Seu desaparecimento está relacionado com o sumiço de um bilionário dos imóveis, que se envolvia com Shasta. Tendo que se meter com neonazistas, promotores, informantes e um policial linha dura e meio maluco, vivido por Josh Brolin, ele terá que ligar os pontos para desvendar o mistério, em meio a muito sexo, drogas, rock’n roll e situações pra lá de bizarras.

Dizem que Tomas Pyncheon é um cidadão difícil, que raramente dá as caras, um anti-social excêntrico com um texto de difícil de se adaptar para as telonas, porém isso parece não ter sido problema para Paul Thomas Anderson. Ele consegue construir uma narrativa elíptica, que extrapola os métodos convencionais que castigam nossos olhos ano a ano e tornam o cinema americano cada vez mais relapso e inconstante. Sim, o diretor consegue nos envolver no mundo setentista, dos hippies, das drogas, mas sem ser o meticuloso ao extremo como no ótimo Sangue Negro (2007), e nem tão detalhista como em seu sufocante O Mestre (2013). O que temos aqui é um experimento de variação de linguagem cinematográfica, onde a insanidade letárgica do personagem de Phoenix respinga na forma como recebemos a mensagem.

Mesmo que pareça maluco e desconexo, Vício Inerente é filmado com maestria, pois PTA consegue aplicar seus conceitos em prol de sua ideia, e talvez da de Pyncheon também. A progressiva mudança de plano, a aproximação constante da câmera em closes quase excessivos traz essa sensação de “viagem”, de que tudo aquilo não parece real. Sim, temos a surrealidade sutil, que vez ou outra pipoca na tela, e os desavisados nada entendem. Mas ali está a lógica, que é a motivação do diretor. Não é a trama rocambolesca, não é a ótima forma dos atores e sim o exercício de cinema, uma interação extra-sensorial que importa nisso tudo.

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Mas, talvez esta falta de meticulosidade tenha prejudicado a perfeição da obra, que se alonga em demasia e às vezes exagera na subjetividade. Entretanto, o filme em um todo é uma grande aula cinematográfica, uma ode de Paul Thomas Anderson ao estudo de cinema, além de ser uma linguagem peculiar e em constante evolução. E é evidente que suas míseras duas indicações ao Oscar (roteiro adaptado e figurino) foi muito pouco para a qualidade do filme. Talvez o pessoal da Academia esteja acostumado mesmo ao cinema de cartilha, convencional, o que aqui, não é o caso.

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