O regime ditatorial já foi mostrado diversas vezes na sétima arte, mas sempre mostrando o lado de combate. Aliás, se você gosta de séries de TV que abordem espionagem, ação ou contra inteligência vai rapidamente ligar tal abordagem com Homeland e 24 Horas. Agora, o que acontece realmente no alto escalão do lado daqueles que são considerados sempre os bandidos? A ditadura em si raramente foi mostrada em seu aspecto de governo, sendo que ainda, por vezes, a comédia foi o caminho escolhido para tal. Contudo, por vezes ainda surgem aqueles projetos que buscam ser inovadores, sendo que coube aos produtores dos títulos protagonizados por Claire e Jack a missão de criar algo com tal contexto. E assim, mostrando um novo caminho, agora a 1ª temporada de Tyrant chegou ao mercado Home Vídeo.
Na trama, Barry Al Fayeed, filho de um ditador controverso em um pais devastado pelas inúmeras guerras, decide retornar ao seu país de origem após um período de exílio nos Estados Unidos para o casamento do seu sobrinho. Contudo, a volta de Barry e sua família americana acaba sendo abalada pela ascensão de seu irmão Jamal ao poder. A partir de então, os pontos de vista ocidentais de Barry colidem com o s pensamentos autoritários de Leila, esposa de Jamal, que espera que seu marido governe com mãos de ferro. Com uma crise política esperando para explodir, Barry encontra-se em meio a sedução do poder total e absoluto e dos bravos soldados da liberdade.
O mais interessante do programa é realmente sua narrativa. Mostrando um filho que fugiu e outro que ficou para assumir o poder após o pai, tudo começa com uma situação de casamento e depois caminha para a grande parte envolvendo a política. Sendo assim, a ditadura é realmente mostrada de forma diferente, com diversas decisões sendo tomadas e pontos de vista em verdadeiras colisões. Em todos os episódios o conteúdo apresenta uma evolução, um momento diferente, mas também podendo surpreender o público com uma grande e inesperada reviravolta. É sim algo muito bem definido, com momentos de grande tensão envolvendo seus personagens ou até mesmo mostrando apenas o seu cotidiano e suas relações pessoais.
E o interessante é que, mesmo sendo crucial, o roteiro não é o único ponto forte do projeto. O elenco inteiro chama atenção em Tyrant, cada um demonstrando o seu talento no momento certo. Para começar, o ator Adam Rayner já chama atenção desde os primeiros momentos como Bassam “Barry” Al-Fayeed, já que consegue manter o mistério e conquistar o interesse do espectador em busca do seu passado. É claro, ele não fica sozinho. Jennifer Finnigan faz companhia em tal núcleo como sua esposa, enquanto Anne Winters e Noah Silver interpretam os seus filhos. Entretanto, os verdadeiros conflitos acontecem mesmo é na introdução de Jamal Al-Fayeed, interpretado por Ashraf Barhom e Leila Al-Fayeed (Moran Atias). Não apenas os personagens, como os talentos são explorados nessas relações.
A partir de então, com os personagens já apresentados e bem elaborados, o título começa então a desenvolver sua trama no país fictício de Abbudin através dos dramas do passado de Bassam envolvendo o seu pai, para em seguida mergulhar na política e em outras questões envolvendo seu irmão e a política. Os ideais de Jamal e Bassam são claramente diferentes, mas a amizade entre os dois, mesmo que distantes, acaba sendo a solução inicial para uma evolução no regime mostrado. Contudo, os conflitos também começam a surgir, sempre apresentando uma incrível tensão e podendo apresentar uma reviravolta inesperada por conta de decisões que vão sendo tomadas por seus protagonistas.
É realmente um tema recheado de surpresas. A 1ª temporada em si apresenta diversos momentos e uma evolução muito boa, sempre conseguindo prender o espectador ainda mais para o próximo capítulo. Seja por uma pequena decisão ou uma grande, tudo tem um motivo e faz parte de uma única engrenagem que pode apresentar consequências ou soluções mais pra frente no roteiro que é construído. Traições também vão sendo reveladas com o tempo, assim como os pensamentos verdadeiros de seus personagens e seus gostos. Aliás, o passado também não fica de fora e causa grandes surpresas através de descobertas. Tyrant é uma verdadeira inovação, com um teor político diferente e que foi muito bem elaborado dentro de sua temática e realizado com uma expectativa crescente até o seu último minuto.
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