TONI ERDMANN | CRÍTICA

Classificação:
Nota bom

Pôster do filme Alemão Toni ErdmannO cinema alemão, nas últimas duas décadas, assumiu de vez o posto de cinema mais portentoso do continente europeu. Além de ter aparecido na lista final de melhor filme estrangeiro no Oscar por seis vezes, venceu duas vezes, mais do que outro país. Entre indicados ou não, apresentou obras-primas como A Vida dos Outros (2006) e A Queda! As últimas horas de Hitler (2004). Este ano, um filme vem sendo a grande sensação do circuito de festivais: Toni Erdmann. A comédia nonsense de Maren Ade é uma tentativa de sair do lugar-comum que faz do cinema um tanto quanto chato, entretanto passa do ponto ao torná-lo repetitivo e bizarro em demasia.

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Winfried (Peter Simonischek) é um senhor bem-humorado que não perde a oportunidade de fazer graça para deixar a vida das pessoas um pouco mais feliz. Porém, sua filha Ines (Sandra Huller) não suporta esse seu comportamento, por isso eles não tem muito contato. Afim de conseguir uma reaproximação, ele a faz uma visita em Budapeste, o que não é bem recebida, culminando na sua partida. Porém, ele novamente retorna, agora como Toni Erdmann, um amalucado contador de mentiras que aos poucos vai contagiando a sua gélida filha.

Não se espante com o tom farsesco do filme de Maren Ade. Se ele parecer totalmente ridículo e sem sentido a uma primeira vista, aos poucos vai perceber que ele realmente é, mas, propositalmente. A história escrita pela própria diretora é uma anti cartilha do cinema contemporâneo, aquela que faz dos filmes atuais em especial os americanos, obras que raras vezes conseguem realmente trazer algo novo e geralmente estão presas no vício das adaptações literárias ou nos exageros da subjetividade do cinema independente.

As peripécias de Erdmann, com suas tiradas cômicas, muitas das vezes singelas e banais, provoca um riso espontâneo, verdadeiro, muito pelo desembaraço do experiente Peter Simonischek. A contraposição do bizarro alter ego do pai com a mórbida personalidade da filha é o ponto interessante do roteiro. E, os motivos que justificam a situação de ambos é exposta em pequenas doses, seja na introdução de Winfried ou na cena nada convencional de Ines com seu amante. Apesar de mostrar a personalidade de cada um deles, nada é satisfatório, ainda que não comprometam o entendimento.

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Porém, quando o personagem título entra em ação, o filme se torna mais estranho, e apesar de ganhar pontos pela direção bem executada de Maren Ade, ele se perde em cenas muito cansativas, repetitivas, que transformam o inicial brilhantismo em uma pretensa comédia pastelão que não se decide entre a inocência de Max Linder e o surrealismo de Luis Bunuel. Talvez faltou tato à diretora para diminuir a duração, o que tornaria o filme muito mais apreciável e menos enfadonho. Ainda que não o tornasse a obra brilhante a que muito se fala.

Pode ser que Toni Erdmann saia como vencedor da categoria de melhor filme estrangeiro na cerimônia do Oscar do próximo dia 26 de fevereiro, mas, nada conseguirá explicar o motivo de ele ser o mais festejado de todos os que transitaram pelos principais festivais do mundo inteiro. Está longe de ser um filme ruim, contudo, também passa longe de merecer toda essa pompa que vem recebendo.

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