Nota do editor: Como The Walking Dead: The Telltale Series – A New Frontier será dividido em cinco episódios, o Jornada Geek vai publicar reviews individuais de cada capítulo, com exceção dos dois primeiros, que foram lançados juntos. Não iremos atribuir notas individuais para cada capítulo, deixando para o texto do último episódio uma avaliação completa do jogo. Por se tratar de um jogo episódico, essa review contém spoilers que podem estragar a experiência do jogador. Leia por conta e risco!
The Walking Dead: A New Frontier é o novo game da Telltale dentro do universo The Walking Dead. Seguindo na mesma linha temporal do primeiro jogo da série, somos levados por novos caminhos, revendo amigos e conhecendo novos rostos. Clementine não é a protagonista dessa vez, e controlamos o novato Javier Garcia, ou Javi para os chegados, enquanto ele luta para manter sua família a salvo após o fim do mundo.
Será que a terceira temporada da série começou com tudo, ou acabou capengando e rastejando igual um de seus icônicos zumbis? Peguem seus martelos e tacos e se preparem. É hora de mais uma análise do Jornada Geek.
Casos de Família
A trama central de The Walking Dead: A New Frontier gira em torno do núcleo familiar do novo protagonista Javier Garcia. Temos sua cunhada (e possível interesse romântico) Kate e seus dois sobrinhos Gabriel e Mariana. Eu fiquei preocupado quando li que Clementine não estaria no papel principal porque sempre gostei dela como personagem e protagonista. Mas, felizmente, posso dizer que o Javi cumpre muito bem a função. Ele é carismático e foi muito bem escrito. Ele é mais diplomático que seus antecessores, e isso abre uma game de novas possibilidades de interpretação e cenários que não existiam antes.
Em uma determinada parte da história, nos vemos frente à uma situação com reféns. O que fazer? Podemos ser mais submissos ou assertivos, violentos ou diplomatas. Essa variedade de reações e ações escritas para ele são excelentes em jogos narrativos desse tipo. E também torna os conflitos muito mais interessantes.
É legal ver como trabalhar personagens que já possuíam uma história juntos deu certo aqui. As dinâmicas familiares ajudam muito a dar um ar de seriado ao game, aumentando o drama e criando situações complexas. Gabriel, por exemplo, é um adolescente com hormônios à flor da pele.
Por isso, ele sempre está batendo cabeças com Kate, sua madrasta. Javi, como tio, tenta intervir algumas vezes e ajudar o rapaz a processar o que acontece consigo mesmo. É algo novo, que é bem colocado dentro da trama central e ajuda a humanizar os personagens. E sem ser forçado ao ponto de se tornar irritante.
Fazendo com que nos importemos
Isso tudo ajuda a impulsionar o episódio, fazendo com que certos acontecimentos e momentos sejam mais pesados justamente por passarmos um bom tempo nos empatizando e identificando com esses seres digitais. Não falarei qual parte para não estragar a surpresa, mas adianto que o impacto é efetivo e serve de motivação para certas ações e atitudes do grupo.
Por último, o uso de flashbacks foi bem feito, e não chegou a ser abusado. Eu, particularmente, não gosto desse tipo de ferramenta narrativa para explicar acontecimentos ou relações entre personagens. Mas, em jogos desse tipo até que funciona se bem implementado. Aqui, ajuda a ter mais uma perspectiva de como foram os primeiros dias do apocalipse zumbi e mostrar como isso afetou os membros da família principal da história.
Clementine voltou!
A introdução da protagonista do game anterior foi bem melhor que eu imaginava. Ela não está aqui apenas para encher linguiça, mas sim para mover a história e fazer diferença na vida das pessoas. Um ponto legal é que, antes de começarmos a jogar, podemos fazer escolhas que moldam a personalidade dela. Decidimos eventos que acontecem da primeira temporada da série de jogos até o fim da segunda. E isso influencia em um flashback que conta o que se passou com a Clem entre um jogo e outro.
É algo muito bom, principalmente vendo que ela é um dos melhores exemplos atuais de personagens femininas fortes e independentes na indústria de jogos. Clementine continua durona, salvando o dia várias vezes e ajudando a criar tensões e momentos que fazem a experiência valer a pena.
Jogabilidade
Para o bem e para o mal, esse é mais um jogo da Telltale. Ele usa a mesma engine que praticamente todos os títulos da série, e que já está mostrando sinais de sua idade. Ela funciona, tanto visualmente como mecanicamente, mas não implementa nenhuma melhoria, além de ter alguns bugs. Uma vez tive que resetar meu console no braço porque o jogo deu crash e não conseguia nem voltar ao menu principal.
Fora isso, temos muita repetição de modelos tanto para humanos como para zumbis. Sério, em uma sequência de ação vi o mesmo muerto atacar três vezes seguidas. Não é o fim do mundo, mas quebra a imersão legal. Mas, novamente, não é nada de novo em se tratando de games da Telltale.
Pelo lado positivo, os quicktime events em The Walking Dead: A New Frontier estão bem pontuais, e ajudam a dar uma sacudida na jogabilidade. O game também conta com legendas em português que estão bem feitas, em sua maioria. Ainda temos algumas traduções erradas (por exemplo, tudo que deveria ser “pegar” foi traduzido como “agarrar) mas nada que seja crasso ou bizarro demais. Tudo considerado é uma boa, e facilita a vida de quem não domina o idioma inglês.
Veredito
Ainda que eu ache ruim não termos melhorias mecânicas ou de jogabilidade, não há como negar que os primeiros dois episódios de The Walking Dead: A New Frontier ficaram excepcionais. Personagens bem construídos e interessantes, uma boa utilização de veteranos dos jogos anteriores e até o aparecimento de um queridinho dos quadrinhos. Tudo aqui aponta para mais uma temporada de qualidade. O episódio termina com um gancho previsível, mas que abre espaço para dramas e situações interessantes nos próximos capítulos dessa novela.
The Walking Dead: A New Frontier começou com tudo. Resta esperarmos, esperançosos, que o resto da temporada mantenha o fôlego.
*Review elaborado usando a versão de PS4 do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.