*O texto abaixo contém SPOILERS da season finale da 6ª temporada.
É interessante acompanhar o caminho de um programa dentro e fora da sua trama. No caso de The Walking Dead, o que cerca toda a sua temática é exatamente a composição do seu público de diversas idades. E essa questão foi algo muito importante para o desenvolvimento da 6ª temporada. Com um início de temporada recheado de tensão, logo os episódios da primeira parte do novo ano ficaram mornos, em um verdadeiro vai e vem por conta do destino de Glenn. Infelizmente, com tal atitude o roteiro se perdeu neste tempo. Entretanto, um ótimo reencontro com a qualidade também foi marcante após isso. 
Ao retornar da sua tradicional pausa de fim de ano, os capítulos não demonstraram o medo da primeira parte do sexto ano. O grande ataque dos zumbis em Alexandria aconteceu, contando com cenas emocionantes, com o roteiro ainda sendo digno ao cuidar rapidamente de introduzir Jesus e Hilltop. A partir de tal ponto, o nome do mais temido vilão das HQs finalmente passou a marcar presença na produção. Sim, Negan estava próximo. Com isso, logo a determinação de Rick em dar fim no mesmo e criar uma sólida parceria com a nova comunidade foi crescente. Ao conseguir recursos, ele caiu na estrada. Por sinal, gerando assim um dos melhores episódios da temporada, se não da série.
Todos os personagens então passaram a demonstrar o seu valor, até mesmo aqueles que o público acreditavam que não tinham uma função específica. A tensão foi crescendo, sequestros aconteceram, assim como reviravoltas. Mas a maior delas estava mesmo por vir. Com Maggie passando por um processo de aborto, o líder de Alexandria reuniu um grupo para ir até sua comunidade parceira em busca de médicos, mas nem tudo ocorre sempre como o planejado.
Com a tensão no ar desde os primeiros minutos, o episódio Last Day on Earth foi o responsável por apresentar a grandiosidade dos Salvadores. A aparição do grupo foi crescente e chamativa, acontecendo por rodovias fechadas, com trocas de tiros e tudo o que um episódio clímax tem direito. Diálogos aconteceram, com ameaças nas entre linhas, tudo estava pronto para o impacto final.
E Negan chegou. Após um plano bem elaborado dos seus subordinados, o grande vilão dos quadrinhos foi introduzido na série através de Jeffrey Dean Morgan. Com um monólogo executado de forma perfeita, o ator chegou mostrando toda a sua capacidade para interpretar um dos mais icônicos nomes da HQ homônima em que o programa é baseado. Tudo estava perfeito, até a última cena.
A atitude adotada pelos produtores de The Walking Dead, mais uma vez, mostrou que em alguns momentos falta coragem para conduzir o programa. Afinal, por que não mostrar logo o escolhido? Era necessário criar tal indagação? Obviamente, não. A defesa por parte deles irá sim existir, mas nas páginas o impacto da morte foi o que realmente marcou, determinando o que estava por vir. Era algo que não tinha necessidade de acontecer, com uma trama que não tinha necessidade disso. Como espectador, eu iria preferir ficar mais na expectativa das ações de Rick.
Isso seria muito melhor do que ter que ficar esperando para saber a identidade daquele que teve o seu caminho finalizado por Negan e Lucille, tendo que acompanhar teorias e criar suposições. Até lá, tendo que esperar 6 meses, isso acaba perdendo uma parte do grande impacto. No fim de tudo, o resultado é que aquele que deveria ser o melhor final de temporada, acabou sendo o mais frustrante.
