No final de 2014, a Ubisoft tentou abocanhar um mercado que, até então, carecia de bons jogos na atual geração: os de corridas arcade. Por mais que alguns títulos, como os da franquia Need For Speed, estivessem sendo lançados, eram poucas as opções que agradassem o público. Com isso, veio The Crew. A recepção não foi das melhores e o título acabou não atingindo os objetivos esperados. Mas a publisher francesa não desistiu e lançou, no fim de junho deste ano, a sequência: The Crew 2.
Com mais modos de jogos, mais pistas, mais personagens e mais veículos em um enorme mundo aberto, The Crew 2 prometia corrigir os erros do primeiro jogo, mas as coisas não saíram como planejado. As razões você confere agora, em mais um review do Jornada Geek!
Mais do que carros
A primeira mudança introduzida em The Crew 2 é que você não vai pilotar apenas carros e motos. Além deles, será possível dirigir lanchas, aviões de velocidade e até veículos off roads. Essas mudanças são mostradas ao jogador logo nas primeiras missões, quando podemos conferir um pouco de cada uma das novidades.
Também somos apresentados à Motornation, os Estados Unidos fictício do game. Assim como no primeiro título, The Crew 2 dá ao jogador a possibilidade de cruzar o país, enquanto visita as principais cidades e pontos turísticos. No entanto, é bom ressaltar, que tudo é representado em escala e uma viagem da costa leste à oeste não dura mais do que 45 minutos. Se você for explorar mais, como fazer também rotas norte e sul, o tempo de exploração aumenta. Se você gosta de visuais em jogos, ou mesmo dos pontos turísticos norte-americanos, é uma “viagem” que eu recomendo fazer.
Outra novidade implementada em The Crew 2 são os elementos de RPG. À medida que concluímos corridas, conseguimos peças para os veículos, que servem para melhorá-los. É algo que já foi visto em outros jogos do gênero. Temos itens comuns, raros e épicos, e cada um deles dá um bônus diferente ao jogador, desde mais velocidade a um maior número de fãs.
Essa mudança é interessante e mantém a vida útil do jogo por mais tempo. Os mais aficionados vão correr por melhores itens, obter melhores tempos, conquistar mais seguidores, tudo para deixar o seu piloto ainda mais em evidência.
Categorias em excesso prejudicam identidade
Ao inserir mais tipos de veículos, The Crew 2 também trouxe mais modos de jogo: Street Racing, Pro Racing, Freestyle e Off-Road. Esses modos de jogos são divididos em grupos de corrida, que são chamadas de famílias no game. Explicar cada uma delas e todas as subcategorias em que se dividem levaria muito tempo, mas se você tiver curiosidade, pode conferir aqui os detalhes. Eu focarei o texto na minha experiência como jogador.
Comecei direto nas corridas de rua, embalado por minhas muitas horas jogando Need For Speed quando mais novo. Me senti em casa: ruas apertadas, personagens carismáticos, desafios e pedestres evitando atropelamentos por todo lado. Os primeiros desafios são fáceis, até para o jogador ir se acostumando com o game. Depois, o grau de dificuldade aumenta e você descobre que nem sempre chegar em primeiro lugar é necessário para conquistar fãs e seguidores.
Mas seja em terra, na água ou no ar, a física de The Crew 2 deixa a desejar. A minha primeira anotação durante a produção da análise foi que os carros de Street Racing deslizavam nas pistas. Continuei jogando, e essa sensação se manteve. Ao mudar para barcos, senti o volante preso e encontrei mais conforto, por incrível que pareça, ao pilotar aviões. Mas os problemas ficam ainda piores ao pilotar motos. Embora a maioria dos modelos seja leve e alcance altas velocidades, a sensação é de fazer curvas com o guidão preso.
Com muitas categorias inseridas no jogo, fica complicado apontar qual é a real identidade de The Crew 2. Ao apostar em diversos modos, e não entregar uma verdadeira experiência em nenhum deles, a desenvolvedora decepciona, deixando a sensação de que ficamos com um jogo incompleto.
O que ainda falta
The Crew 2 foi lançado no último dia 29, e, justamente, não temos a experiência completa. O lobby PvP, por exemplo, chegará somente em dezembro, apesar de ter sido anunciado junto com o jogo, na E3 2017. Hoje, os jogadores só podem correr contra “fantasmas” de amigos, com intuito de melhorar o tempo nos modos competitivos.
Outra coisa que me incomodou bastante foi o tempo de jogo para melhorar o carro. Não é possível comprar as melhorias, e sim, conquistá-las através de loot. O jogador depende da sorte para conseguir as melhorias que deseja, e isso pode frustrar bastante, já que pode ser necessário repetir diversas vezes as corridas para conquistar aquele item épico. As únicas coisas que podemos comprar no jogo, com dinheiro ganho nas corridas ou de verdade, são cosméticos, o que é algo bastante comum na indústria.
Veredito
Provavelmente você ficou com a sensação de que The Crew 2 tem mais pontos negativos do que positivos, e isso pode afastá-lo do game. Mas isso não o torna um mau produto. Seja pelo enorme mundo aberto, a animada trilha sonora ou a diversão de dirigir por “um país inteiro” com vários tipos de veículos, o novo game da Ubisoft tem potencial, e espero que consiga atingi-lo com as atualizações futuras.
The Crew 2 está disponível totalmente em português com versões a partir de R$ 159,99 na Microsoft Store, PlayStation Store, Steam e UPlay. No Metacritic, o jogo alcançou a média de 66 pontos.
*Review elaborado usando a versão de PC do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.