Na década de 90, um subgênero da ação virou febre nos cinemas, o cine-catástrofe. Tanto pelo potencial para a inclusão de efeitos especiais pesados, que sempre atraem o público, quanto pela possibilidade de cunhar heróis em situações melancólicas. Quem não se emocionou com o sacrifício de Harry Stamper, vivido por Bruce Willis no clássico do gênero Armagedom (1998)? Bom, o fato é que de lá pra cá todos os anos várias produções apostam neste tipo de ação, algumas com bons resultados, outros não. Terremoto – A Falha de San Andreas se aproveita de um princípio geológico verídico para levar às telonas o mais do mesmo, porém, com um roteiro simplório, ação genérica e efeitos abaixo do esperado.
Quando uma série de tremores de terra catastróficos originados pelo movimento da falha de San Andreas arrasa todo o estado da Califórnia, o bombeiro especializado em resgates Ray (Dwayne Johnson) precisa usar toda sua perícia para salvar sua ex-esposa Emma (Carla Gugino) e sua filha Blake (Alexandra Daddario). Esta está presa em meio a escombros e conta apenas com a ajuda de dois garotos para se manter viva. Ray precisa se apressar, pois as coisas só tendem a piorar.
É impressionante saber que o roteiro deste filme precisou de três cabeças para concebê-lo. Nada que se vê na tela é algo novo, inédito, nem sequer uma situação que seja. Tudo segue os mesmos esquemas que outros tantos utilizaram, como o herói que preza sua tarefa acima de qualquer coisa, os entes queridos que correm perigo, os cientistas que ninguém quis ouvir e o desafogo cômico. Tudo está lá, com ou sem a mesma intensidade ou relevância dentro do longa. Mas o fato é que, principalmente quando a ação começa, a sensação de deja vu é inevitável, e se o espectador cochilar pode acordar achando estar assistindo a Twister (1996) ou Impacto Profundo (1998).
A ideia de levar algo que pode de fato acontecer foi até uma saída em meio a um mar de falta de originalidade que se passa em Hollywood atualmente, principalmente se tratando desde gênero cinematográfico. Porém, a forma como o roteiro é concebido é simplesmente banal, óbvia e dispensável. Quando toda a situação é apresentada, é possível imaginar tudo o que irá acontecer. O que poderia prender a atenção do público era uma construção mais elaborada das situações de tensão que foram apresentadas, entretanto, o diretor Brad Peyton, depois das patotas Como Cães e Gatos 2 (2010) e A Viagem – A Ilha Misteriosa (2012), mostra ainda tem muito a prender e não tem condições de transmitir algo ousado.
O fato é que o desenrolar da trama segue com um grau de previsibilidade enfadonha, e as sequências de heroísmo de Dwayne Johnson são implausíveis ao ponto de serem engraçadas. Isso sem contar o fato de que um profissional que coloca seu dever acima de tudo, como indica no início do filme, simplesmente abandone tudo para ir à caça de sua ex-esposa (e a encontrar, só ela, em meio a edifícios desabando) e sua filha. Os efeitos visuais parecem amadores em comparação a filmes como O Dia depois de amanhã (2004) e o já citado Armagedom. Poderiam, ao menos nisso, ter caprichado mais. Por fim, a parte final simplesmente acontece, sem um clímax, nada, apenas a já conhecida carga dramática para dar liga.
Mesmo não sendo um subgênero que preze por qualidade textual, o cinema-catástrofe ao menos já renderam bons filmes, com ação acima da média e efeitos especiais fascinantes. Este Terremoto – A Falha de San Andreas deve ganhar seus milhões na bilheteria, já que o público ultimamente não parece muito exigente, mas, daqui a algumas semanas provavelmente sequer será lembrado, por nenhum atributo, nem mesmo pela inexpressividade de Dwayne Johnson.