Pode ser que um mês com Mass Effect: Andromeda, NieR: Automata e Ghost Recon Wildlands deixe Styx: Shards of Darkness um pouco ofuscado. Mas, afinal, é assim que ele gosta. O novo game de stealth da Cyanide veio com tudo e, ainda que possa passar desapercebido por alguns, definitivamente merece seu lugar ao sol. Será que essa nova aventura do verdinho vale nossa atenção? Vamos descobrir agora, aqui no Jornada Geek.
Senta que lá vem história…
Vamos dar uma passada sobre o se trata a história. Depois do que rolou em Akenash, em Master Of Shadows, Styx se mudou para uma cidade chamada Thoben. A praga verde dos goblins botou a cidade de joelhos. Altas taxas de crimes, pouca iluminação, saneamento precário. Muitos buracos em paredes, cordas e lugares para se pendurar. Tudo que um goblin podia querer. Devido a isso, uma organização chamada C.A.R.N.A.G.E foi criada a fim de matar todos os goblins do lugar.
E no meio de toda essa zona está nosso queridinho. Após um dia de trabalho honesto, Styx é abordado por uma capitã dessa organização, chamada Helledryn. Ela oferece um bom pagamento em Amber, um produto que dá habilidades místicas ao nosso “herói” (e no qual ele é viciado), para que Styx roube o cetro mágico de um embaixador. Mesmo odiando humanos, ele aceita a tarefa. Afinal, quem vê lucro, não vê coração.
É com essa premissa que a história começa, e o conto segue um caminho previsível, porém eficiente, de surpresas e traições. Não vai ganhar nenhum Oscar, mas a história é feita com carinho e o tema dark fantasy dá uma personalidade bem legal à ela. Os diálogos também são bons, mas um pouco do humor pode parecer forçado para alguns. Eu curti as referências e piadas de Styx, mas ele tem um estilo bem crasso. Afinal, ele é um goblin! Educação é coisa de elfos, cara.
Sons e paisagens de um mundo sombrio
Em um de nosso artigos, falamos como esse game é mais ambicioso que seu predecessor. E isso é algo que pude notar com facilidade. Agora, não estamos mais confinados na torre de Akenash. Visitamos diversas cidades, cavernas, ruínas, durante o dia e a noite. As vistas são incríveis, e em alguns momentos eu parei só para apreciar a paisagem e ficar de queixo caído.
Ainda que os cenários não sejam enormes, o escopo das paisagens é muito legal, e dá uma sensação épica ao visual. Além disso, o game se passa num estilo de dark fantasy, portanto espere por vilarejos sombrios e dilapidados e construções de pedra bem elaboradas. Korrigan, a segunda cidade que visitamos, é de cair o queixo, da entrada da cidade até suas minas mais escuras.
Os modelos melhoraram bem em relação ao primeiro, com uma movimentação mais natural e menos robótica. As texturas, no entanto, não tiveram um aumento muito significativo. Algumas são bem serrilhadas e pouco definidas, mas isso não fica tão evidente devido ao fato de grande parte do game ser no escuro. Mesmo assim, a paleta de cores até que ficou bem diversa. Ainda que tons escuros sejam predominantes, não é um mar de marrons e cinzas. Temos cenários à céu aberto, onde o sol e o céu deixam tudo claro e colorido. É realmente muito legal de ver.
A sonoplastia de Styx: Shards of Darkness também me agradou bastante. O som de tochas queimando, armaduras batendo, facas rasgando e os barulhos do cenário ficaram agradáveis. A trilha sonora foi bem feita, e sabe pontuar bem os momentos mais calmos e táticos de stealth com os mais frenéticos quando somos descobertos ou matamos alguém.
As atuações ficaram meio a meio. Helledryn tem uma dublagem boa o suficiente, mas os outros personagens e inimigos aleatórios deixaram um pouco a desejar. Styx, por outro lado, ficou perfeito. Ele fala pra caramba, e sempre tem uma piadinha ou referência para fazer. Ele rouba o show, e dá uma dose de personalidade que ajuda o game a se destacar no gênero.
Se eu fosse um goblin
O maior problema de Styx: Master of Shadows é que ele controlava muito, muito mal. Isso foi algo que, acredito eu, a Cyanide sacou e se focou, porque os controles melhoraram bastante. Não é perfeito, e ainda vamos morrer muito por pulos errados ou falhas do protagonista de se segurar nas coisas, mas já é um avanço.
Os cenários do game são muito bem feitos, com n rotas diferentes para um mesmo objetivo. Além disso, eles são verticais. Isso me alegra tanto que eu poderia dar um abraço nesse goblin fedido e verde. Sério, poder escalar partes do cenário e passar por cima dos guardas na maciota é incrível. Além do mais, força não é o forte (há) do Styx. Qualquer humano é um gigante perto dele, e dois tapas são o suficiente para mandar ele pro caixão.
Nosso protagonista conta com uma série de ferramentas (jarros para distrair inimigos, flechas, ácidos para dissolver corpos, etc) e poderes. Styx pode ficar invisível e criar clones de si mesmo. Esse poder dos clones é muito legal, e abre um leque de possibilidades para o jogador. Ele pode abrir portas, distrair inimigos, explodir, envenenar água e comida para matar guardas, derrubar candelários, assobiar, entre outros. É um poder bobinho, que muda tudo no game. Todas as habilidades, itens, stealth e combate podem ser aprimorados usando pontos de skill, e também podem ser resetados para construirmos um Styx de acordo com nossa necessidade.
Em uma terra de gigantes
Styx: Shards of Darkness possui 4 dificuldades, que mudam a A.I dos inimigos, dano e auto-saves. Tem uma opção para cada um, de novatos no gênero como eu até entusiastas e perfeccionistas. A dificuldade final é absurda, e vai ser um desafio maneiro pra quem encarar. Além disso, cada fase tem 4 medalhas que podemos conseguir, que dão pontos de skill ao final do estágio. Tempo gasto na missão, quantidade de alarmes causados, inimigos mortos e insígnias colecionáveis.
Cada estágio tem uma missão principal que, somada aos desafios e objetivos secundários, conferem uma boa dose de replayability ao jogo. Ele rende se você se dedicar, e tem uma boa quantidade de conteúdo pelo preço sugerido.
Os inimigos são inteligentes de acordo com a dificuldade, e tem uma boa variedade. Humanos são mais fortes, elfos costumam ser mais atentos, temos insetos que reagem à qualquer som e anões. Anões tem narizes bons, e são uma praga. Eles conseguem sentir o cheiro do Styx, e ficam atentos e procurando sem nem nos ver, apenas sentindo a catinga. Para sair deles, temos que usar habilidades ou um item que mascara o cheiro. Ou o goblin poderia tomar um banho, seria bem mais simples.
Duração e diversão
No fim das contas, o game funciona, ainda que o controle seja meio zoado algumas vezes. Para melhorar, sempre que morremos vemos uma imagem do goblin zoando a gente. É um bom motivacional para atirar ele para cima da primeira espada ou buraco que aparecer pela frente. Que deselegante.
Styx: Shards of Darkness tem uma duração boa, que vai depender de seu estilo de jogo e habilidade. Mas, em média, eu vi algo em torno de 20-25 horas. Ele muda a fórmula com novos inimigos e cenários, mas tudo se resume a andar desapercebido e rápido. Pode cansar alguns, mas esse é o estilo e graça do jogo. A mim, pelo menos, não cansou.
Além disso, tem um modo coop bem legal que permite que sejamos sorrateiros e mal educados junto com amigos! O que mais você poderia esperar? Um jogador controla o Styx original e o outro um clone, e ambos jogam pelo mesmo modo história do single-player. Não é o foco aqui, mas é uma opção maneira de ter e bem feita, pelo menos. Agrega valor, e ajuda a aumentar o fator diversão. Jogar com amigos sempre é mais divertido.
No fim das contas…
Em um mês lotado desses, vale a pena dar atenção para Styx: Shards of Darkness? Definitivamente! Mesmo que não seja fã do gênero, o game é bem feito e divertido o suficiente para prender sua atenção. Um protagonista divertido, cenários verticais e com vários caminhos, habilidades, um sistema rudimentar de crafting de ferramentas, modo cooperativo, desafios, muitas dificuldades, tem muito para se gostar aqui.
Styx: Shards of Darkness está cheio de conteúdo, e é uma boa pedida para fãs do gênero e novatos também. Ele é um pouco mais hardcore que os outros games do gênero (as sombras apenas te escondem e não deixam invisível, por exemplo) e pode despertar o interesse do jogador para outros títulos de stealth. Pelo menos foi assim comigo.
Atuação mediana, texturas simples e controles estranhos não diminuem o trabalho estelar que a Cyanide fez com esse jogo. Eles construíram e aprimoraram em cima do legado de Master of Shadows, e o resultado foi um game muito robusto e charmoso. O Styx é feio, meio bocudo e fedorento. Mas, no fundo, é um cara legal, e vale a pena passar um tempo com ele na sua busca por grandes riquezas e vingança.
*Review elaborado usando a versão de PS4 do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.