Que Star Wars é uma franquia gigantesca passada de geração para geração, todos nós sabemos. No cinema, em séries e no mundo dos games, sempre trouxe diversos enredos e histórias interessantes que aprofundam ainda mais diversos momentos de uma galáxia muito, muito distante. Porém, como já é bem conhecida na internet, sua base de fãs extremamente apaixonada nem sempre aprova tudo o que é feito, como podemos perceber nos novos filmes, que dividem opiniões. E é aí que entra Star Wars Jedi: Fallen Order, o mais novo jogo da franquia.
Desenvolvido pela Respawn Entertainment e distribuído pela Electronic Arts para PC, Xbox One e PlayStation 4, o título consequentemente traz essa grande questão: será que agora, totalmente pautado em uma história single-player, é bom o suficiente? Se você quer saber mais, saca só mais uma crítica do Jornada Geek!
A história
Evitando dar spoilers sobre o desdobramento do enredo, irei ressaltar alguns pontos da trama de forma a contextualizar o que se passa em Star Wars Jedi: Fallen Order. O jogo se passa logo após a Ordem 66, responsável pelo expurgo da Ordem Jedi em toda a galáxia. Porém, como o universo expandido mostra, alguns poucos membros sobreviveram em silêncio. E aqui entra a estrela do game, Cal Kestis, personagem interpretado por Cameron Monaghan, mais conhecido por seus papéis como Jerome e Jeremiah Valeska na série Gotham.
Kestis, um dos sobreviventes da Ordem 66, trabalha como desmontador em Bracca, mantendo seus poderes escondidos de todos como forma de sobreviver ao Império. Mas tudo isso mudará repentinamente ao longo do enredo, onde nosso herói conhecerá o comandante Greez e Cere, uma ex-jedi, além de BD-1, um dróide que nos acompanha em toda trama. Eles embarcarão na nave Mantis e lutarão com o Império, que descobrirá os poderes do personagem logo no início da aventura. Durante o jogo, será possível visitar, além de Bracca, planetas como Kashyyyk e Dathomir, algo bem interessante e que mostra um pouco mais das “culturas” de cada um desses povos.
A história é muito boa, sendo um dos pontos cruciais de todo o jogo. Inclusive, vale ressaltar que ela faz parte do cânon, ou seja, ela é oficial e tem ligação direta com os filmes e séries, tal como foi feito com o curto modo single-player de Star Wars Battlefront II. Portanto, preste bastante atenção aos detalhes. Aliás, como fã, achei bastante interessante ver a perspectiva de um jedi em fuga após a temível Ordem 66, um dos momentos mais cruéis de toda a saga.
Seria Star Wars Jedi: Fallen Order um souls like?
Tá, pra quem não está muito familiarizado com o gênero, eu explico. Souls like é um estilo de jogo que ficou famoso por conta da franquia Dark Souls. Nela, o jogo apresenta um nível de dificuldade que pode ser um tanto quanto irritante. Bem, pelo menos é minha opinião. Mas nem por isso Star Wars Jedi: Fallen Order é um jogo impossível. Em diversos fóruns, ele é chamado “carinhosamente” de “baby souls like“, justamente por não ser tão intenso e complexo quanto os outros títulos do gênero. De fato, não é.
O jogo ainda oferece diversos níveis de dificuldade. Para quem não é muito ligado ao estilo e não quer perder a cabeça apanhando de todo mundo, há a possibilidade de escolher o nível “Modo História”, que é o nível mais fácil. Francamente, não é vergonha jogar nele (embora eu tenha concluído o jogo no que pode ser considerado o modo mediano e tenha morrido umas trocentas vezes, passando um bocado de raiva). Para quem não está habituado e não quer perder a experiência de ser um jedi, é a melhor opção, sem sombra de dúvidas. Mas parece que nós gostamos de nos desafiar – e aí passamos raiva. Enfim, é um jogo feito para os viciados no gênero e para os novatos, e esse é um ponto que merece ser ressaltado.
Questões mais técnicas
Star Wars Jedi: Fallen Order é um jogo bem bonito, mas tem seus custos. Em diversos momentos apresentou queda bruscas de frames e bugs. Isso tirou a alegria do jogo? Sinceramente, muito pouco, quase nada. Mas, como devo prezar pela tecnicidade da análise, preciso citar esse ponto e alguns outros. E acrescento: mesmo no PlayStation 4 Pro, o jogo atrasava em várias partes a renderização dos ambientes, algo que que pode ser um problema para os players mais exigentes. Eu francamente não vi muito problema nisso, mas acontecia com mais frequência do que eu queria. Talvez isso seja modificado no futuro ou até já tenha sido arrumado.
Já sobre os famigerados bugs, confesso que me irritei em alguns momentos. Em certos pontos, comandos falhavam em tarefas necessárias para seguir a história. Em outros, o personagem agarrava em lugares muito aleatórios. A inteligência artificial dos inimigos era boa e os stormtroopers acertavam mais tiros do que é visto nos filmes. Mas tenso mesmo era enfrentar os purge troopers ou as diversas feras imensas que surgem ao longo do enredo. Nesse aspecto, mesmo com alguns bugs enjoadinhos, o jogo apresenta um nível de desafio que requer tática e paciência. Mais do que isso, faz-se extremamente necessário o uso dos pontos de habilidade adquiridos a cada novo nível, que podem ser distribuídos em uma árvore limitada, mas que traz uma série poderes já conhecidos pelos fãs.
Além disso, em Star Wars Jedi: Fallen Order, também é possível customizar seu sabre de luz, tendo diversas combinações de cabos e cores, embora não tenham impacto na jogabilidade. Ainda sobre o sabre, ele pode ser utilizado em apenas uma mão, ou como um sabre de duas pontas. Em alguns combos, Kestis solta o sabre, utilizando um em cada mão. Como se não bastasse, também é possível utilizar algumas roupas diferentes e skins para a Mantis e o BD-1 (que é muito fofinho, diga-se de passagem). Tudo isso pode ser encontrado em caixas ao longo dos planetas.
No geral, o jogo apresenta uma curva de aprendizagem inteligente e que se relaciona diretamente com a retomada dos poderes jedi de Cal Kestis. Quanto mais você sobe de nível e, consequentemente avança na história, mais habilidades vão surgindo, facilitando a vida do jogador. E tudo isso vem com pequenos “tutoriais”, se é que posso chamar assim, que ensinam os poderes. Ah, e há também todo um glossário dos inimigos e coisas que são encontradas ao longo do jogo, bem como alguns registros de acontecimentos, algo que dá ainda mais profundidade para os verdadeiros fãs da saga.
Veredito
Star Wars Jedi: Fallen Order é um excelente jogo tanto para os fãs da série, quanto para os menos ligados. Aliás, pode ser facilmente considerado como um dos melhores da franquia. Mesmo com o gênero souls like não sendo o meu favorito, o jogo conseguiu me prender em suas quase 30 horas de gameplay (que podem ser drasticamente reduzidas no nível Modo História, caindo para até a metade).
Seu enredo é leve e cativante (uma das melhores narrativas de Star Wars em jogos), sendo Cal Kestis, BD-1 e toda a sua turma personagens bem interessantes. Os vilões são bem típicos, demonstrando constantemente seu ódio contra a “escória Jedi”. As lutas são insanas e conseguem demonstrar a dimensão do poder de um cavaleiro Jedi. E há um ponto muito bom que é a dublagem totalmente em português, que é muito bem feita. Contudo, o jogo peca com alguns problemas de carregamento, travamentos e alguns bugs em sua jogabilidade. Mas é como eu disse acima: isso pode ou não ser um problema, dependendo muito do jogador. Concluindo, vale a experiência (e o estresse).
Lançado no dia 15 de novembro para PC, via Origin, Steam e Epic Store, PlayStation 4 e Xbox One, Star Wars Jedi: Fallen Order foi bem recebido pela crítica especializada, alcançando uma média de 80 pontos na versão avaliada.
*Review elaborado usando a versão de PS4 do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.