
Na trama, em um futuro próximo, uma precipitação nuclear tornou a atmosfera nociva aos seres humanos. Com isso, praticamente toda a humanidade desapareceu, e os escolhidos pra restabelecer a sociedade e repopular o planeta vivem em um estado controlado de animação suspensa. No local, apenas os engenheiros Bauer (Norman Reedus) e Cartwright(Djimon Honsou) são responsáveis por proteger a última esperança da humanidade. Entretanto, durante as suas tarefas cotidianas, um incidente acontece e eles acabam tendo que ficar acordados mais do que o normal. Agora, eles devem lutar também para manter a sanidade e a própria vida.
Mesmo após tantas abordagens e tantos produções ao longo dos anos, ainda é possível que algumas tramas consigam seguir uma originalidade dentro da sua proposta. E sem tem algo que Sem Ar consegue alcançar é exatamente isso. Deixando de lado grandes apocalipses e correrias, o roteiro é bem concentrado nos dois protagonistas. Até mesmo o incidente é centrado neles, buscando colocando sempre a questão de sobrevivência da dupla em destaque. Para isso, a narrativa não apresenta grandes tensões, mas cria um drama necessário entre os personagens. Falha em alguns momentos ao não criar muitas expectativas, mas segue da forma com que é estabelecida.
Aqui, o que chama mais atenção é o psicológico do personagem interpretado por Honsou. Claramente ele já está afetado, enquanto a perspectiva de Bauer, interpretado por Reedus, aparentemente está sã. Logo ambos começam a ser desenvolvidos através de tal apresentação, mas sem muitos detalhes até certa parte da trama, quando comentam sobre o passado. Entretanto, o filme vai se mantendo no mesmo ritmo, sem apresentar qualquer reviravolta e trabalhando a temática de uma luta contra o tempo, já que com o incidente eles podem acabar mortos quando o ar terminar.
Na verdade, um dos personagens poderia muito bem se salvar e o outro morrer. A partir dali, nada mais importaria. Contudo, logo você percebe que não trata-se do fim do mundo, mas da consciência humana. Aqui, no decorrer de todo o projeto, ela é a grande questão. Seja na sanidade ou não, envolvendo dois homens em situações diferentes, a amizade construída por eles através da sua convivência acaba fazendo com que eles explorem todas as decisões possíveis para ficarem vivos. Obviamente, nem tudo são flores e decisões erradas acabam sendo tomadas ao longo do que é mostrado. Por sinal, uma delas dita boa parte dos acontecimentos seguintes através de descobertas.
Sem Ar lembra muito um daqueles experimentos humanos de sociedade. Afinal, até que ponto o homem é capaz de ir para ficar vivo? Como o seu desespero por isso pode afetar o seu julgamento? Além disso, o amor por uma outra pessoa também entra em questão aqui, já que Cartwright tem alucinações envolvendo a sua amada Abby. E assim, mesmo com o público acreditando em mudanças por conta da situação imposta, o projeto vai sendo desenvolvido de forma inabalada e gerando o esperado. Aqui, em um título que poderia ser uma espécie de Alien ou apresentar uma aberração para trabalhar uma grande correria, apenas a mente humana é que interfere nas decisões. Falha em prender atenção em alguns momentos pela falta de uma reviravolta, mas é uma produção que não abre mão da sua proposta e pode entregar algo para uma certa vertente do público.





