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Desde a estreia da primeira temporada, Revenge vem cativando fãs ao redor de todo mundo. Criada por Mike Kelley, e estrelada por Madeleine Stowe como Victoria Grayson e Emily VanCamp no papel de Emily Thorne/Amanda Clarke, a série narra a jornada de Emily em seu caminho de vingança contra aqueles que sujaram o nome de seu pai, David Clarke, e a impedira de ter uma vida ao lado dele. Após os episódios iniciais obterem altos índices de audiência, o show ganhou um primeiro ano completo, sendo renovado para um segundo, terceiro e quarto ano, sendo esse último, a finalização da aventura de Emily.
A terceira temporada do show terminou de forma grandiosa e ao mesmo tempo perigosa. Se não levássemos em conta os últimos segundos, a finale teria sido o encerramento perfeito para a grande jornada de vingança que começou a ser estendida de forma desnecessária e sem um propósito realmente convincente. Mesmo com sua grande perda, Emily conseguiu desmascarar Conrad, levando-o à justiça, e também se vingar de Victoria. A última cena da loira foi espetacular e digna, mas por algum motivo, o showrunner Sunil Nayar, achou melhor explorar uma nova parte da história, trazendo de volta ninguém menos que David Clarke.
O primeiro episódio da quarta temporada serve apenas para mostrar como Emily não consegue viver sem sentir o gostinho da vingança. Agora que não tem de se preocupar com aqueles ao seu redor, a moça passa a tentar ajudar outras pessoas, de sua forma é claro, mas isso não acaba muito bem. Além disso, Victoria também consegue fugir da clínica em que esteve internada contra sua vontade, disposta a tomar de volta tudo o que é seu. Os três episódios seguintes são cheios de drama familiar: Charlotte com tendência suicida e assassina, sua mãe tentando ganhar de volta a sua confiança e Margot se livrando do irmão que armou uma cilada para Daniel. São episódios que preparam o público para culminar em Emily descobrindo que seu pai está vivo.
Os quatro primeiros episódios são bem cansativos, e já são suficientes para mostrar ao público o grande erro em estender Revenge em mais uma temporada. O último ano foi, na verdade, um emaranhado de erros consecutivos, e espero poder expressá-los de forma amistosa e imparcial. O primeiro deles, sem dúvidas, foi o retorno de David Clarke. Podemos até entender que os produtores queriam explorar o impacto que essa informação teria na vida dos personagens, mas para a história em si foi totalmente desnecessário. O segundo erro está totalmente atrelado a esse, e é a forma como nenhum arco, nenhuma das histórias contadas teve um bom desempenho. Primeiro o retorno de David que foi cheio de furos, em seguida a inserção do vilão Malcon Black, onde eles tentaram criar um vilão temido e perigoso. Esse arco foi tão mal executado, que Malcon é derrotado no que parece mais uma brincadeira de criança.
Outro grande problema do show foi o fato de que Emily Thorne perdeu todas as habilidades maravilhosas que adquiriu enquanto era ensinada por Takeda. A protagonista não luta mais como antigamente, não planeja mais como antigamente, e temos sorte quando algo realmente inteligente é proposto por ela. Como expectador me senti enganado, vendo os roteiristas se perderem de uma forma tão inacreditável na grande personagem feminina que foi criada por Mike Kelley. Dando mais um exemplo, temos o arco desnecessário do romance entre Emily e Ben, o cara que vem para atrapalhar seu relacionamento com Jack, porque obviamente eles ainda não haviam passado por tudo que tinham de passar, não é?
A temporada foi um total fracasso? Não realmente. Os roteiristas conseguiram acertar em algumas coisas, como por exemplo, nos momentos em que eles decidiam que Emily voltaria a ser inteligente e habilidosa; na evolução que podemos observar em Charlotte nos episódios finais; na forma como Nolan cresceu se transformou na real estrela da série; e principalmente, no destino dado a Daniel. Suas últimas cenas com Emily mostraram que os dois tem química e que entendem um ao outro apesar de tudo. Não vou negar que até mesmo um pouco do mistério envolvendo Victoria ali nos episódios finais foi interessante de assistir, mesmo que eu tenha desvendado tudo antes de assistir a conclusão do caso.
Revenge se tornou algo tão grandioso, arriscou tanto ao longo dos anos, que o esperado era um final ousado, e totalmente fora do convencional. No entanto, os roteiristas e o showrunner optaram por permanecer no clichê, provavelmente esquecendo-se da essência colocada ali pelo criador. A série nunca foi uma história sobre perdão, ou final feliz, e a própria personalidade da protagonista não condiz com o rumo dado a ela. O último episódio chama-se, em tradução livre, Duas Covas. Em uma delas jaz a série, na outra, provavelmente Sunil Nayar, que se perdeu no caminho de tentar carregar a série nas costas após a saída de Mike Kelley.
