Jogos com a temática espacial geralmente são interessantes. Mas Red Matter, game produzido pela Vertical Robot para PlayStation 4 e PC, ainda traz questões sobrenaturais, o que deixa a aventura ainda mais intensa (e tensa). Andar solitário por uma antiga estação espacial russa pode ser uma tarefa pesada, mesmo não havendo nenhum inimigo, a não ser as lembranças dos outros.
Mesclando a imersão dos dispositivos VR e puzzles inteligentes, o título deixa questões importantes: será que a solitária experiência pode ser bacana ou é frustrante como vários jogos com puzzles insuportáveis? Pelo fato de ser em realidade virtual, os comandos são funcionais? Pois bem, essas serão algumas das questões levantadas aqui, em mais uma análise do Jornada Geek!
Uma Guerra Fria “moderna”?
Em Red Matter, estamos colocados em uma espécie de Guerra Fria moderna. A estação espacial russa na qual somos colocados é cheia de referências e símbolos que remetem à União Soviética, nos transportando para um período conturbado da história da humanidade. Nessa base, coisas obscuras aconteceram, e você terá o papel de investigá-las. Entre os relatos, gravações e documentos encontrados, a história vai se desenrolando, de tal forma que você se torna o responsável por juntar vários desses fragmentos para entender o que se passou ali.
Não darei spoilers, mas a coisa começa a ficar mais intensa quando um astronauta sobrenatural surge em diversos momentos, sendo uma coisa meio aterrorizante, mas sem dar sustos como jogos de terror. Aliás, Red Matter não é um título com essa proposta. Ele tem em sua imersão um quê de obscuro, mas é tudo parte da trama. Os desafios encontrados, os variados movimentos de xadrez, tudo vai fazendo sentido gradativamente.
Puzzles, ferramentas, desafios…
Pois é. Logo no início do jogo, comecei a perceber que teria de enfrentar uma série de puzzles, e cá entre nós, não sou o maior fã desse tipo de coisa. Mas sinceramente, me surpreendi com o que vi. Os desafios propostos ao longo da trama fazem todo sentido, sendo bastante intuitivos (pelo menos pra mim). Abrir portas, religar geradores, criar circuitos e etc, não estava no script do que eu imaginava. E todos esses desafios simplesmente não travam ou tornam o jogo enjoativo. Muito pelo contrário, me fizeram ficar mais ligado no próximo passo, querendo descobrir o que haveria atrás da próxima porta desbloqueada. Sinceramente, a curiosidade move a gente, e Red Matter parece ter entendido isso. Pra se ter uma ideia, em cerca de três ou quatro horas você pode finalizar o game, tal como um filme. E sim, fiquei esse tempo todo em pé, andando pra lá e pra cá pra conseguir fazer as tarefas.
A jogabilidade é interessante. Os comandos são simples, as ferramentas são poucas, e o que vale mesmo é a sua criatividade. Eu confesso que comecei o jogo de frente para a tela e, quando dei por mim, já tinha saído totalmente do meu espaço. A imersão é tão profunda que a gente acaba perdendo a noção de espaço no tempo real. Com os dois controles do VR em mãos, você consegue construir alguns circuitos simples, girar manivelas, escanear documentos importantes, etc. Ah, vale ressaltar que é bom dominar um pouco do inglês pra saber o que se passa no meio dessa loucura toda, afinal o jogo infelizmente não é traduzido para nossa língua.
Questões técnicas
Graficamente falando, o título oferece uma experiência bem realista, condizendo com a proposta quase que cinematográfica. Os níveis são muito bem elaborados, com visuais futuristas interessantes, repletos de pontos para se explorar. A iluminação, os objetos, cada detalhe parece ter sido muito bem pensado. Tudo funciona muito bem, e confesso não ter tido nenhum problema com bugs ou qualquer coisa do tipo.
Outro aspecto que acabamos por nem dar tanta atenção é a ambientação sonora. O jogo é bem silencioso, é verdade, mas em alguns pontos contamos com um guia falando no rádio, nos guiando pelos corredores. Mas o que mais surpreende é quando uma atividade paranormal está prestes a acontecer: sussurros nos confundem, nos deixando meio desnorteados, pensando no que virá na sequência. Para a experiência no VR, isso faz uma diferença absurda!
Veredito
Se eu pudesse resumir Red Matter, eu diria que ele é um daqueles jogos que surpreendem. A trama não tem grandes emoções, mas vai nos conduzindo como um filme de ficção científica, onde as peças vão se encaixando (ou não). Aliás, a história deixa a gente mais confuso do que tudo, e é aí que está a graça de tudo: o que você vai coletando ao longo do jogo vai te respondendo as coisas (ou te deixando mais confuso). Sinceramente, sou fã dessas tramas que fazem a gente pensar muito antes de dormir.
A jogabilidade simples, o clima de Guerra Fria e os mistérios da base espacial tornam Red Matter um título memorável para os fãs de jogos com uma pegada mais “inteligente”. Disponível para PlayStation VR e SteamVR, o título tem uma média de 84 pontos no Metacritic, na versão analisada. Então, se você gosta desse tipo de experiência lúdica, interplanetária, cheia de suspense e tudo mais, Red Matter pode ser uma ótima pedida.
*Review elaborado usando a versão de PS VR do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.