Punch Club não é o que parece ser. A produtora russa Lazy Bear Games surpreende nesse game que combina os gêneros de luta, estratégia, RPG e muitas referências da cultura POP dos anos 80′ e 90′.
Luta? RPG? Estratégia? Mas esse jogo é sobre o que? Explicaremos com detalhes aqui, em mais uma crítica completa do Jornada Geek!
Em busca de vingança
Punch Club começa com uma história um pouco densa. Após o assassinato do seu pai, um jovem inicia sua jornada para se tornar um lutador, campeão mundial, e ao mesmo tempo investigar o crime. O jogador então, é posto a guiar todo esse percurso desse jovem em todos os aspectos: treinamento intenso de lutas e exercícios físicos, relacionamentos dos mais diversos, e se preocupar com humor, energia, fome e vida, quase como um personagem do jogo The Sims.
Apesar disso, há vários eventos paralelos de acordo com a escolha do jogador, como ajudar ou não mafiosos em dar um “sumiço” em outros personagens. O jogo então, dá bastante autonomia para o player para essas sidequests, e claro, tudo tem uma consequência, que pode ser boa, liberando novas recompensas e habilidades, conhecendo novos personagens, ou pode ser ruim, perdendo posições no ranking, se tornar um criminoso, entre outros. A decisão é sua, portanto, escolha com responsabilidade!
Seja O lutador
Além de cuidar das necessidades básicas do personagem, é necessário focar em um dos três elementos que compõe as características do lutador: força (rosa), agilidade (azul) e vigor (verde). Cada elemento possui uma fraqueza e vantagem contra um determinado adversário, além de direcionar os golpes compatíveis com o estilo de luta de acordo com sua escolha. Não há melhor ou pior, isso vai de jogador para jogador.
O jogo não possui fases, a progressão é de acordo com o relógio marcando os dias e seu nível de treinamento para ganhar as lutas e liberar novos locais situados no mapa e assim novos objetivos. Sempre haverá um centro de treinamento, um local para trabalhar e ganhar dinheiro, um para comprar mantimentos e descansar. Esse é um dos pontos que me chamou a atenção em Punch Club.
De inicio pensei que fosse um jogo de luta com uma pitada de RPG, mas na verdade é um jogo SOBRE luta. Há uma grande diferença aí! É muito mais sobre gerenciamento de um lutador, na escolha das habilidades, do que a mecânica e a aplicação de sequência de combos e golpes dos jogos clássicos do estilo de luta. Isso pode ser um pouco frustrante para alguns jogadores, pois ao menos poderia menos ser uma batalha por turno, como ocorre em alguns jogos de RPG, mas não.
Uma “salada de lutas”
É possível ver que trata-se de um jogo saudosista pela escolha da trilha sonora e gráficos dos arcades clássicos em poucos bits. Ao iniciar o game, é possível contar inúmeras homenagens e easter eggs, sobre a cultura pop dos anos 80′ e 90′ que variam desde posters relembrando o filme “Rocky”, até personagens do filme Tartaruga Ninja (de uma certa forma), cenas memoráveis de Pulp Fiction e por ai vai!
Acho interessante e divertido esse recurso, porém usado de forma consciente e não gratuita apenas pela referência. Isso pode enfraquecer um pouco a originalidade do jogo, em não se importar tanto com a missão do protagonista ou com os outros personagens. Tudo bem que o game não se leva a sério, mas já que eu comprei a briga de vingar e investigar a morte do pai, eu quero ir até o fim, e não apenas lutar contra um personagem conhecido, apenas por ele ser famoso nos filmes. Eu entendo como uma homenagem dos seus criadores aos seus ídolos ou referências, só acho que passou um pouco a dose.
“No pain, no gain“
O jogo é divertido e estimulante a medida que a história vai evoluindo com os principais objetivos do inicio: ser um campeão e resolver o crime ocorrido com o pai do protagonista. As histórias paralelas são interessantes mas não necessárias, e acaba tornando o jogo bastante repetitivo. São lutas para a história principal, e lutas para a história paralela. Como um jogo com uma pegada de RPG, acho que poderia ter alguma coisa a mais na questão de busca por itens e investigação.
Já me frustrei diversas vezes com o tempo investido em aprimorar um elemento. Diariamente, independente de sua atividade no jogo, você perderá alguns pontos em alguma das três características, mas a proporção de ganho e perda é muito grande. Já dediquei o dia inteiro no jogo, treinando força e vigor, consegui um ganho de 200 e 180 respectivamente, porém ao final do dia perdi 70 e 100 respectivamente. É uma punição desproporcional, pois além disso, é necessário sanar todas as outras necessidades do jogador, que pode ser bastante frustrante, e motivo suficiente para abandonar o jogo.
Pontos fortes e fracos
Pensando na questão das lutas, tenha em mente que é o jogo de estratégia e gerenciamento. Escolha no slot de golpes, aquilo que for o mais conveniente de acordo com a cartela do seu adversário. É quase um “card game” animado com luta. Tudo isso ambientado com o visual retrô com as referências e homenagens ao universo da luta. Um ponto positivo é a disponibilidade de legendas em português! Não possui narração em áudio, portanto não precisamos nos preocupar com os diálogos.
Em contrapartida, o cuidado que tiveram com o visual não foi o mesmo com a parte sonora. A música repetitiva e pouco trabalhada, está apenas como peça decorativa, não possuindo ambientação de acordo com a transição dos mapas e atividades exercidas, a não ser nas batalhas. Esse pra mim é um ponto fraquíssimo do jogo, pois gosto muito de trilha sonora de qualquer mídia audiovisual que encontro.
Veredito
Ao final das contas, vale a pena jogar Punch Club. Com maior carinho na trilha sonora, e equilíbrio entre ganhos e perdas dos treinamentos, o jogo me prenderia mais, muito mais. Poderia fazer as histórias paralelas e completar o jogo, ao invés de perder tempo com esses detalhes. Mas vale a pena viver o lutador, basta ter paciência.
Punch Club está disponível para Android, iOS, Microsoft Windows, Nintendo 3DS, PlayStation 4 e Xbox One. O preço varia de acordo com a plataforma. O título recebeu média de 77 pontos no Metacritic.
*Review elaborado usando a versão de PS4 do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.