Me apaixonei por futebol virtual através do International Super Star Soccer, precursor do Winning Eleven e do Pro Evolution Soccer (PES). Ao longo desses 21 anos da franquia, posso afirmar que joguei bastante ao menos 16 dos títulos anuais.
Nesse período, claro, muita coisa mudou. A tecnologia avançou, os jogos tornaram-se mais dinâmicos, os gráficos tiveram saltos gigantescos, entre outras coisas. Mas a simulação de futebol, infelizmente, ainda não atingiu o mesmo nível dos outros setores.
Ao meu ver, PES 2017 apresentou mais do mesmo na edição deste ano. Foram pouquíssimas novidades em relação ao PES 2016, apesar da Konami insistir que houveram mudanças. Então, vou separar aqui os pontos e analisá-los individualmente.
https://www.youtube.com/watch?v=OO7CavGnVsk
Jogabilidade
Ponto forte nos primeiros jogos da série PES e questionáveis nos últimos, a jogabilidade teria sofrido pequenas alterações, de acordo com a Konami, para 2017. Um slogan de “realidade e controle” passa a ideia de que você se sentirá dentro do campo de futebol, mas não é bem isso que aconteceu enquanto joguei.
Na demo, a Konami apresentou um jogo mais cadenciado, mais próximo da realidade e, na versão full, foi algo diferente. A velocidade foi aumentada e tornou-se fácil perder a bola, bastando um encontrão do adversário para roubar. Está mais difícil acertar um drible, por conta disso. Os chutes continuam saindo “foguetes”, uma desproporção à quantidade de força que você pretende colocar para o jogador finalizar ou tocar.
Os goleiros melhoraram, mas o tempo de reação ainda é muito impróprio para o dinamismo inserido no gameplay. Dá-se a impressão de que na mesma hora em que os eles operam milagres, podem levar frangos no lance seguinte. E essa sensação é a todo momento, já que cada chute traz uma surpresa! Continua sem nenhuma segurança neles.
Licenciamento
Ponto positivo para a franquia é ter todos os clubes brasileiros da Série A licenciados. O campeonato, oficializado através de parceria com a CBF, traz um gostinho especial ao torcedor, por ter o prazer de jogar com seu time.
No entanto, mal lançado foi, e já trouxeram problemas na primeira atualização oficial. Paolo Guerrero, do Flamengo, é um jogador genérico. Logo ele, que fez uma capa especial da edição anterior. Diego ainda não faz parte do elenco rubro-negro. Jogadores importantes ainda não chegaram em seus times, como Fred, licenciado este ano, que ainda está no Fluminense, apesar de jogar pelo Atlético-MG desde o primeiro turno. Isso, sem contar, que pouquíssimos atletas que atuam por aqui tem suas faces.
Nos clubes estrangeiros o estrago é ainda maior. São diversas equipes genéricas para substituir aquelas sem acordo para exibição de marcas, e outras completamente ausentes. Cristiano Ronaldo e Gareth Bale jogam no MD White, por exemplo, já que o Real Madrid, clube mais vitorioso do mundo, está fora. Bayern e Manchester United são outros exemplos que fazem muita falta.
Um imenso tiro no pé da Konami é colocar seleções clássicas do mundo e da Europa no jogo, porem, também genéricas! Qual o sentido?!
Narração
Milton Leite está de volta aos microfones do PES na edição 2017. Apesar de gostar dele narrando futebol, creio que não tenha se adaptado ao game. Não é uma narração engraçada ou cheia de bordões como era com Silvio Luiz (ao menos nas primeiras partidas), e alguns dos textos são idênticos aos que Luiz narrava. Os comentários de Mauro Beting mudaram pouco, mas continuam sem grande destaque.
Algo que eu realmente gostei é da narração de “Gooool”. Nem Silvio Luiz, nem Thiago Leifert (FIFA) fazem isso. É uma emoção a mais e que chamou minha atenção.
Fora isso, frases muitas vezes longas acabam deixando determinadas partes da partida um pouco desconexas, pois o que é narrado já aconteceu há algum tempo…
Online
O grande problema do PES continua no modo online. Jogar as Divisões é uma luta dupla: primeiro para encontrar adversário (por vezes demorou mais de um minuto), segundo para vencer um time melhor do que o seu. Eu joguei mais de dez partidas online com o Flamengo e meus adversários foram apenas os genéricos de Manchester United e Real Madrid, além de Barcelona. Adversários cinco estrelas para um time de três.
Foi o que mais me irritou no game. Se é feito um investimento enorme para se ter uma liga brasileira oficial no jogo, times exclusivos e etc, por que não dar a oportunidade para jogarmos com essas equipes online, contra um rival do mesmo nível, por exemplo? Enquanto no FIFA você enfrenta adversários de nível de estrela semelhante, no jogo da Konami sou obrigado a jogar contra times superiores, afinal, eles acabam sendo os preferidos da comunidade.
Veredito
Comprei o game na pré-venda depois de me encantar com a demo. Mas o produto entregue foi diferente daquele prometido. Não existe mais aquela cadência que chamou atenção na demo. A correria tomou conta do jogo e isso é péssimo.
Não se controla a bola como se quer. Joguei com passes semi-asssitidos 1, que só auxilia na defesa, e mesmo ordenando viradas de jogo e lançamentos, o passe sempre saia errado – normalmente, na direção do marcador mais próximo. Já as finalizações foguetes vão te preocupar muito, e é impossível se adaptar, visto a inconstância dos goleiros.
Com quase nenhuma diferença em relação ao antecessor, PES oferece pouco para um público cada vez mais ávido por realismo. Abre o olho, Konami!
*Review elaborado usando a versão de PS4 do jogo.