Ridley Scott ganhou notoriedade no mundo cinematográfico pela sua obra-prima da ficção-científica Alien – O 8º Passageiro (1979). De lá pra cá conquistou uma legião de fãs com suas obras, sempre contundentes, que estavam entre os melhores filmes do ano. Foi assim com a outra obra-prima Blade Runner (1982), Thelam e Louise (1992), Gladiador (2000) e Falcão Negro em Perigo (2002). Porém, estranhamente entrou em baixa, entregando produções com primor técnico, mas baixa criatividade textual. Eis que retorna ao gênero que o consagrou para contar a história de um homem que se vê sozinho em Marte, tendo de sobreviver até que uma missão de resgate o traga de volta à Terra.
Quando uma tempestade se abate sobre a missão de reconhecimento tripulada em Marte, um acidente acontece e Mark Watney (Matt Damon) é deixado para trás, pois seus companheiros acreditavam que ele estivesse morto. Quando acorda e se se vê sozinho no planeta vermelho, vai precisar utilizar todos seus conhecimentos para conseguir sobreviver, além, é claro, de manter a esperança de que retornaria ao lar.
Perdido em Marte foi adaptado do livro de Andy Weir, que de forma despretensiosa postou em seu blog. O sucesso foi tanto que rapidamente chegou a os cinemas. E a adaptação feita por Drew Godard (Guerra Mundial Z) tem o grande mérito de se afastar sua narrativa de outras produções semelhantes lançadas nos últimos anos, Gravidade (2013) e Interestelar (2014), pois não carrega no teor existencial acentuado do filme de Alfonso Cuarón, e muito menos se perde em didatismos científicos como a obra de Christopher Nolan.
Neste longa de Scott o foco está na ficção científica mais voltada para a ação simples, daquelas que nos envolvem apenas para acompanhar a saga do homem solitário em busca de sua salvação. Sem drama, sem discussões desnecessárias. Sendo assim, abre-se espaço para explorar mais personagens, como o “chefão” cético (Jeff Daniels), o esperançoso (Chiwetel Ejiofor) e a comandante durona (Jessica Chastain). Além dos apoios cômicos de Kristen Wiig e Donald Glover. Tudo muito redondinho e sistêmico, porém, bem escrito e dirigido.
Sim, o diretor usa sua experiência para criar uma atmosfera hipnótica, que faz com que passemos o tempo todo espiando os movimentos do personagem de Matt Damon. Seu senso de sobrevivência não chega a ser algo que venha a ser entendido como motivador, porém o clima gostoso que recai sobre o filme nos deixa com vontade de levantar, arregaçar as mangas e combater nossos próprios demônios.
Mergulhado em efeitos visuais de qualidade espetacular, direção de arte competente e fotografia que consegue nos levar verdadeiramente para Marte, o longa ainda conta com o fator sorte, já que poucos dias atrás o planeta vermelho virou notícia no mundo inteiro com a descoberta de água em estado líquido em seu solo. Contando com uma competente atuação de Damon o filme tem tudo para ser um fenômeno nos cinemas do mundo inteiro, e, também, o registro de uma volta de Ridley Scott ao topo do mundo cinematográfico.