O SÉTIMO FILHO | CRÍTICA

O Sétimo Filho
O Sétimo Filho

Adaptações cinematográficas. Sim, novamente. A ascensão de tal formato continua se apresentando de forma cada vez mais sólida, mas é algo que não está vindo sozinho. Com a investida, o público também vem junto. Fãs de sagas literárias com um simples sonho: o de ver aquela trama do seu livro preferido sendo contado na sétima arte. O elenco, por vezes, pode não agradar no primeiro momento, mas isso passa. Entretanto, o que fere é ver alterações no conteúdo. Tudo bem, pequenas alterações passam. As linguagens são diferentes, existe a necessidade disso. O grande problema é quando a mudança acontece por completa, tirando toda a estrutura que já estava construída nas páginas. E olha, mesmo estando sendo desenvolvido há anos, com vários adiamentos, com a exigência crescente, foi exatamente o que aconteceu com o Sétimo Filho.

Na trama do filme, John Gregory (Jeff Bridges) é conhecido pelo título de Espectro e mantém as terras do século XVIII relativamente bem e longe dos maus espíritos. No entanto, ele não é mais jovem e suas tentativas de treinar um sucessor foram todas mal sucedidas. Quando perde o seu último aprendiz em uma batalha contra a bruxa Mãe Malkin (Julianne Moore) sua última esperança é um jovem chamado Thomas Ward (Ben Barnes), filho de um fazendeiro. Contudo, não existirá tempo para treinamento, já que em uma semana a lua de sangue tomará conta do céu e os poderes da rainha bruxa encontrarão o seu ápice, fazendo com que uma verdadeira guerra entre o bem e o mal seja travada para definir o destino da humanidade.

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O problema do projeto não é o seu início, já que nessa parte a questão é bem desenvolvida ao apresentar a vilã e o Sr. Gregory, assim como o seu aprendiz. A única falha aqui é citar um antigo exército, mas não ofende. Entretanto, é como os fatos decorrem após esse momento que incomodam e as diferenças começam a acontecer. Narrativa e roteiro se enrolam, causando o grande ponto da divisão ao parar de acompanhar a trama do livro e passar a mostrar algo que não faz parte do que estava nas páginas. Nada mais faz sentido, desde o momento que o “Espectro” (no livro conhecido como Caça-Feitiço) conhece o jovem Tom (que no livro ainda está no início da sua adolescência), até o fim do título.

Para se ter uma pequena ideia, no livro a mãe do protagonista e aprendiz chega a falar para ele que ele nasceu para isso. Que eram os seus planos para o filho, sendo que ela já conhecia Gregory. No filme ela fica relutante em deixar o jovem seguir o seu caminho, sendo que ele tem que convencê-la. E isso é apenas o início de tudo. Muitos fatos passam a ficar ausente, o mestre não quer ensinar o aluno e sempre trata dele com deboche, como se ele estivesse ali como um peso que ele tem que carregar, sem querer que o mesmo aprende. Situações inversas do conto original, que é recheado de momentos exatamente sobre a convivência de ambos e a busca do aprendizado. Além disso, tudo o conteúdo envolvendo a vilã parece uma grande mistura e remendos, já que nada daquilo ocorre de fato na obra original.

Dos efeitos, pelo menos, não se tem muito o que reclamar. São ótimos, mesmo que desnecessários. Mais uma vez, uma emersão ao que não acontece, diferenças aparecendo, já que o primeiro título trabalha apenas a guerra contra bruxas e elas não se transformam em grande dragões. Elas são bruxas de sangue, exatamente por executarem magia manipulando e se alimentando do mesmo. Nada mais, já que o seu poder vem daí. Para completar, personagens que nem são citados marcam presença. Uma exército é mostrado, coisa que até, pelo menos, o 5º livro da saga nem se sabe da existência. Além disso tudo, a direção é outra falha. Sergei Bodrov parece não saber o que fazer com o material entregue, com cenas de ação jogadas no meio do projeto e todas parecendo atrapalhadas e enroladas, além de falas desnecessárias também fazendo parte de toda sua composição. Nada realmente parece ajudar.

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Passando para o elenco dá até pena. Jeff Bridges poderia até ser o nome certo para o papel de Gregory, mas parece que esqueceram de lhe entregar um perfil do personagem ou um livro para ele ler. A sua essência para o mestre é totalmente outra, mostrando deboche, fazendo caras e bocas. Realmente, uma pena e desperdício de talento. Julianne Moore é outra decepção, agindo no automático. Sua personagem já não era própria pra sua idade e aparência, mas ela também faz o mesmo que Bridges e parece ligar o automático para atuação. Quando o assunto chega em Ben Barnes nem se tem o que comentar. Para começar, custava escalar um ator da idade adequada? Para terminar, uma péssima atuação. No caso de Alicia Vikander a composição da personagem até faz referências aos sapatos de bico fino, mas ainda assim foge do caráter cínico e duvidoso original.

No final, eu só tenho mesmo a lamentar. A saga escrita por Joseph Delaney é sim boa, tem um enredo e evolução de descobertas, aprendizados e o crescer de relações entre seus personagens que não são mostradas na tela. Tudo parece colado de qualquer forma em uma trama que não prende por nada, causando grande desinteresse até mesmo em buscar o livro e conhecer o material que rendeu tal “inspiração”. Entretanto, é garantido que desta vez é muito mais proveitoso deixar o filme de lado, comprar o livro e se divertir ao viajar pelas letras e páginas. Nem a abertura para continuações se fez presente aqui, o que realmente é para se agradecer. Talvez, quem sabe, ganhe uma chance na televisão, como aconteceu com outros projetos que fracassaram na telona. A verdade é que se fosse pra fazer algo nesse estilo, era melhor não ter lançado uma adaptação de As Aventuras do Caça-Feitiço. O Sétimo Filho, no fim das contas, não vale nem 1 minuto da sua vida.

Classificação:
Ruim

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Marco Victor
Marco Victor
Amante de filmes, séries e games, criou o Jornada Geek em 2011. Em 2012 se formou em Jornalismo pela UniAcademia, e a partir de então passou a fazer cursos com foco em uma especialização em SEO. Atualmente é responsável por desenvolver conteúdos diários para o site com focos em textos originais e notícias sobre as produções em andamento. Considera Sons of Anarchy algo inesquecível ao lado de 24 Horas, Vikings e The Big Bang Theory. Espera ansioso por qualquer filme de herói, conseguindo viver em um mundo em que você possa amar Marvel e DC ao mesmo tempo.

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