Vem chegando o Oscar e as bolsas hollywoodianas começam a mostrar suas cotações. O filme tal tem mais chances que o outro, mesmo com bilheteria melhor; aquele ator parace que vai ganhar de novo, mas tem a zebra correndo por fora; será que essa finalmente vai ser a vez do diretor daquele filme? E a Meryl Streep, tá indicada? Sim, ou não seria uma cerimônia do Oscar.
Como ainda não vi todos os indicados (aliás, menos da metade ainda), qualquer referência aqui a indicados seria fruto de influências externas, por isso resolvi escrever o texto sem nomes. Para não deixar o leitor sem Kinos, o propósito desta coluna hoje, na verdade, é relembrar um texto que publiquei no Hupokhondría em 2011, que segue abaixo.
Semana passada, um amigo disse que era este ano o Oscar estava recheado de dúvidas, que ninguém ousava afirmar, de pés juntos, quem levaria qual estatueta. Na hora lembrei do Paulo e do texto dele, que tem o mesmo título deste. Façam suas apostas, suas listas e seus bolões, e ao vencedor das apostas de 2015, carregue o mérito de ter sido mais afinado com a Academia do que os vencedores do anos anteriores.
Mesmo correndo o risco do Marco Victor, “The Boss” no Cinefagia, ficar bravo, continuo na torcida pelo Paulo.
Todo ano tinha bolão na festa do Oscar. Todas as categorias. Mas não dá pra ver tudo!, criticavam alguns. Se vira ou chuta, respondiam outros, mais entusiasmados. Todo ano tinha reclamações, chutes, lamentos pelo que foi visto e pelo que não foi, choros dos perdedores e comemorações do segundo lugar. O primeiro era sempre do Paulo.
Naquela batalha anual, em que todos se enfrentavam para ver quem acertava mais, a referência era sempre o Paulo, que sabia tudo de cinema. E sempre, ao longo do ano, alguém testava: duvido que já tenha visto aquele, Underground. É o do Emir… e seguia com a ficha técnica na ponta da língua.
Claro que ele também tinha sua batalha no Oscar: tinha que acertar tudo, nunca conseguira. A cada ano estudava mais, via os filmes, procurava pelos curtas na internet, estudava as críticas e lá ia ele com sua cartelinha de apostas, de antemão premiada, para o bolão. E desde que ele foi tricampeão ficou combinado que ele só levaria o prêmio se acertasse tudo. Para ele não importava ganhar o bolão, queria ganhar para si mesmo.
E mais uma noite, estatuetas saltando do palco e Ok Ok Ok na lista de Paulo. O coração acelerou quando acertou os prêmios menos comentados e lá foi ele, na reta final, apenas em direção ao abraço. Ficou tão estático quanto o prêmio quando viu sua lista perfeita, sem uma mácula vermelha, de alto a baixo. Chorou muito, recebeu telefonemas de todos os amigos, não dormiu.
No dia seguinte as manchetes lamentavam a cerimônia mais previsível de todos os tempos.