O EXPRESSO DO AMANHÃ | CRÍTICA

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O Expresso do AmanhãExistem muitas formas de se tratar um assunto no mundo das artes. No cinema, os mais variados temas foram amplamente discutidos, das mais variadas maneiras e com resultados esperados ou não. A questão social é um destes assuntos que já foram às telonas muitas vezes, desde o embate nas escadarias de Odessa em O Encouraçado Potemkin (1925), passando pelo inflamável Faça a Coisa Certa (1989) e chegando ao paranoico Crash – No Limite (2005), todos englobando algum dos painéis que compõe uma identidade sócio-econômica. Agora, através de um mundo pós-apocalíptico à bordo de um trem, Joon-Ho Bong encontra sua forma de discutir as diferenças sociais, com uma grande contribuição do elenco, em especial, Chris Evans.

Depois de um experimento mal-sucedido, uma catástrofe global traz de volta uma nova era do gelo para o planeta Terra. Os sobreviventes agora estão todos confinados em um gigantesco trem, o Snowpiercer, que viaja sem parar pelo mundo congelado. O problema é que os habitantes da cauda são relegados a uma vida miserável, com restrições de comida e moradia. Porém, sob a liderança de Curtis (Chris Evans), uma insurreição se inicia com um único objeto: chegar à cabine de comando e tomar o trem.

Não tem como não se impressionar com a inventividade do roteiro de Joon-Ho Bong. Pegou um assunto que está sempre na moda e transportou para um tema que o cinema está adorando explorar, que é o mundo pós-apocalíptico. Mas, não é só por causa disso que o filme consegue capturar a atenção do público. A forma como consegue construir as divisões sociais de forma clara também é um ponto a se destacar, ainda que tudo tenha sido apresentado com um teor um tanto apelativo e maniqueísta. A repressão, o estado autoritário estruturado em uma força bélica, uma imposição, e claro, a figura do divino, todas as formas de controle estão lá.

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A questão do condicionamento da psique humana, a transformação de um ser humano ao mais baixo escalão de evolução enquanto pessoa, os instintos primitivos, tudo tem um nexo aceitável, apesar de na parte final toda a questão implícita se enfraqueça e dê lugar a mais tensão e ação. A violência visceral está lá, assim como é de praxe no cinema sul-coreano, e de forma tão brutal e assustadora que aqueles de estômago fraco vão se incomodar. Entretanto, não é gratuita, já que se trata de uma revolução, com seres humanos em estado de deterioração moral, ou seja, o sangue não seria evitado.

Nesse estudo social inteligente, vale muito o empenho do elenco. Existe uma entrega que tornam os personagens reais, vorazes e afetados. Mas, não há como deixar de se impressionar com a atuação de Chris Evans. Sua voz gutural, seu comportamento animalesco, sua liderança exasperada nem de longe lembram o bom moço de cabelos impecáveis da franquia Vingadores. Mostrou que pode muito mais se acreditarem em seu potencial.

Mesmo que não tenha sido ativo no circuito de prêmios ano passado, O Expresso do Amanhã se mostrou um grande e subestimado filme. Desde a história original, passando pela direção segura e pela produção de alta qualidade, é quase certo o tempo evidencie sua condição de Cult-movie imprescindível. Além, é claro, que será um ótimo exemplar para estudo de estruturação social.

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