O DESTINO DE JÚPITER | CRÍTICA

O Destino de Júpiter
O Destino de Júpiter

Os Irmãos Andy e Lana Wachowski conseguiram uma fama extraordinária depois que sacudiram os pilares da ficção-científica no cinema com o excelente Matrix, em 1999. E não era para menos. O filme desafiou os limites intelectuais dos espectadores e levou cinéfilos à loucura com cenas que entraram para história, e ainda fixaram os nomes de Neo (Keanu Reeves) e Cia no mundo do pop-art. O filme arrebatou 3 Oscar da Academia e seus diretores foram lançados ao Olimpo. Porém, desde então, muito se esperou da dupla e eles não conseguiram retribuir a confiança, nem mesmo com a duas continuações de sua obra mais brilhante. Agora, em O Destino de Júpiter, novamente em uma realidade paralela e com muitos efeitos especiais à disposição, eles pretendem cativar o público e mostrar que ainda podem surpreender. Será?

A imigrante russa Júpiter Jones (Mila Kunis) cresceu acompanhando a mãe e a tia em seu trabalho como empregada doméstica nos Estados Unidos. Ela nunca se conformou com esse fato e por isso sempre afirma odiar sua vida. Porém, as coisas mudam quando ela é perseguida por seres estranham que pretendem matá-la. Ela é salva pelo ex-militar geneticamente modificado Caine (Channing Tatum), que quer levá-la em segurança para o espaço sideral, para que possa assumir o seu posto de Rainha de muitos planetas, entre eles, a Terra. Mas, para isso terá de enfrentar a ira de outros descendentes que a querem morta.

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Não esperem conseguir compreender a trama estranha, sem pé nem cabeça que os Irmãos Wachowski bolaram desta vez. O filme começa do nada, sofre uma mudança brusca de ritmo e quando parece chegar ao topo, cair no marasmo para retomar uma ação genérica na parte final, sem emoções, sem desenvolvimento de conflitos, apenas um romance água-doce que não consegue emplacar, mesmo com o carisma dos protagonistas. Se muitos reclamaram de uma complexidade excessiva e presunção artística da dupla em A Viagem (2012), vão perceber que lá, a trama nem era ruim. Em O Destino Júpiter, o roteiro parece um rascunho de um game pobre, daqueles feitos para crianças, onde só se necessita juntar itens e não se preocupar com suas ações.

O que pode seduzir o espectador provavelmente será apelo tecnológico que origina cenários exóticos e seres bizarros, que realmente são muito bem feitos. Aliás, este talvez seja o aspecto que consegue tirar os filmes dos irmãos Wachowski do completo marasmo. A caracterização dos personagens e principalmente do Planeta Júpiter ainda são trabalhos de primeira grandeza, dignos de nota. Mas, a linha narrativa que conduz a trama não segue um padrão lógico, já que às vezes somos direcionados à aventura, passamos pelo drama e somos pegos por um humor deslocado, sem graça, daqueles que não arranca sorriso nem do mais bobo alegre presente na sala. E nem dá para entrar no mérito da mitologia que tentou se criar, com humanos sendo “cultivados” (ora, já vimos isso!) e o assunto de impérios, poder e vida eterna acabam relegando seu melhor artificie ao segundo plano.

Neste carnaval de situações confusas, além do visual, pode se salvar a tentativa dos protagonistas, que carregam uma simpatia. Tatum parece cada vez mais à vontade, apesar de seu personagem ser bem raso, e Mila Kunis que se segura na sua beleza e ganha pontos por não tentar forçar nada que o filme não mereça. Entretanto, quem decepciona é Eddie Redmayne. Cotado para ficar com o Oscar na cerimônia do próximo dia 22, pelo seu ótimo desempenho em A Teoria de Tudo, o britânico faz um tipinho afetado, cheio de trejeitos e berros descomunais. Mesmo que o filme não ajude, sua atuação poderia ser uma prova que seu sucesso na biografia de Stephen Hawking não foi um mero acaso.

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O fato é que mais uma vez os Irmãos Wachowski não conseguiram nem chegar perto do que conseguiram em Matrix. E a dúvida é se ainda continuarão a tentar o extraordinário ou optarão por algo mais simples, mas que seja ao menos plausível aos olhos do público. Mesmo que a paixão por Neo, Morpheus, Trinity sempre acabam lhes dando um voto de confiança, paciência tem limite, e depois de mais um péssimo filme, ele está bem perto de acabar. Uma coisa boa? O Sean Bean não morreu!

Classificação:
Regular

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