MORTE SÚBITA | EM DVD / BLU-RAY

Classificação:
Muito bom

Morte súbita capaJ. K. Rowling foi alçada ao estrelato com sua série de livros do bruxinho Harry Potter, que além de milhões de fãs, também conseguiu seu espaço nas telonas, rendendo oito filmes e bilhões em bilheteria. Após o final da saga de fantasia, muito se especulou se ela voltaria a escrever algo interessante e de acordo com a realidade. Seu Morte Súbita chegou às livrarias em 2012 e conseguiu agradar boa parte do público. Agora, em 2015, chegou as telas adaptada em um seriado de três episódios, que chega ao Brasil em HOME VÍDEO, querendo conquistar ao menos um pouquinho que seja do sucesso de seu personagem mais famoso.

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Na pequena cidade de Pagford, na Inglaterra, a morte súbita de Barry Fairbrother desencadeia uma série de eventos que abalam o cotidiano da pequena cidade e promovem desavenças familiares das mais variadas. Sua vaga como conselheiro da cidade desperta em todos uma chance de se dar bem de alguma forma, e os demônios de cada um acaba por decidir o futuro não só deles mesmos, mas também da pequena cidade.

É notável como o primeiro episódio de Morte Súbita consegue nos trazer um panorama detalhado da cidade de Pagford e de todas suas mazelas sociais através do ponto de vista de Barry Fairbrother. Ali somos apresentados a todos os núcleos, desde a família Mollison e sua ânsia de fazer do propriedade que abriga projetos sociais um SPA de alto luxo, até a problemática Krystal, que tem que de carregar o fardo de ser responsável por seu irmão mais novo, Robbie, já que sua mãe é viciada em heroína. Assim, os roteiristas conseguiram deixar o público a par de tudo o que vai ser abalado após a morte de Barry, após um aneurisma em um estacionamento.

O que vem a seguir é uma guerra pela vaga de conselheiro deixada por ele. Nos acontecimentos que englobam o segundo episódio acompanhamos a ênfase que dá aos preparativos para eleição. Nessa onda surge o Fantasma de Barry Fairbrother, que tempera a trama postando na página do conselho a sujeira de cada um dos candidatos. Porém, o que é bem desenvolvido e interessante é o calvário de Krystal, pois seu núcleo é a contraposição da aristocracia, que se preocupa apenas em se dar bem, e despreza a população pobre da cidade, que vive separada em uma comunidade chamada Fields.

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Krystal também é o tema do último capítulo, e já nessa reta final a menina está desesperada para tentar tirar o irmão de perto da mãe. Enquanto isso, a eleição tem um desfecho, mas, as cisões já foram tão intensas que o resultado final e a decisão sobre a propriedade acabam ficando em segundo plano. O desfecho da história apresenta uma tragédia, talvez uma tentativa de criar uma metáfora com a tragédia social que se instalaria na pequena cidade após o resultado da votação.

Pois bem, de uma forma geral, Morte Súbita soube aproveitar bem o texto de J.K. Rowling e a forma crua e detalhista em que construiu sua trama. Talvez a mudança do tema social, que no livro é um tanto mais cruel, já que se tratava de enxotar os pobres da cidade, tenha deixado as motivações mais rasas, sem um sentido mais plausível para tanto alvoroço em torno da vaga de conselheiro. Ficou como se tudo não passasse mesmo de uma picuinha egoísta de um grupo de gente com mais poder aquisitivo, querendo se dar, ao colocar a cidade para receber turistas.

Em contrapartida, o núcleo de Krystal, em especial seu personagem (defendido com excelência pela jovem Abigail Lawrie) é o que dá profundidade à trama e faz uma contextualização com a vida provinciana britânica. Que insiste em fechar os olhos para as mazelas sociais e ainda tentam viver como se estivessem no período vitoriano. É neste aspecto, com desfecho imprevisível, que o seriado ganha força e se torna uma boa surpresa, mesmo sabendo-se que o livro é muito bom.

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