MAFIA III | A história compensa o hype gigantesco

Mafia III chegou para PC, PS4 e XOne há duas semanas, precisamente no dia 7 de outubro. Entre o anúncio e o lançamento do título, um hype gigantesco tomou conta da comunidade gamer, afinal, o que poderíamos esperar da sequência da série?

Boa parte desse hype é creditada ao jogos passados. Mafia e Mafia II foram dois belíssimos games, marcados pelo realismo, detalhamento de ações, histórias, gráficos e afins. Então a expectativa sobre o Hangar 13 e a 2K Games para o terceiro título ficou bem alta. Soma-se a isso o capricho que a 2K tem para aprovar seus títulos mais recentes, em especial NBA e XCOM 2, ambos sucesso de crítica.

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Mas com Mafia III o caminho foi inverso. Os primeiros reviews que saíram foram um choque para todos. Relatos de muitos bugs, missões repetitivas, inteligência artificial burra, cidade enorme sem nada pra fazer, perda de características da série, entre outras menores. A expectativa pelo que parecia um candidato à jogo do ano foi por água abaixo. Então, o que se tornou Mafia III? Confira, agora, nosso review.

História

Vingança é um tema batido, explorado em muitos filmes, séries, livros e games, como em Mafia III. Você é Lincoln Clay, um negro veterano da guerra do Vietnã que viu sua família ser dizimada na sua frente, sobrevivendo a um tiro queima roupa na cabeça. Ao recuperar a consciência, você só pensa em se vingar de Sal Marcano, o chefe da máfia em New Bourdeaux, a cidade fictícia em que se passa o jogo.

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A trama é contada em forma de documentário, alguns anos após os acontecimentos do jogo, com “entrevistas” de vários personagens do jogo contando a sua visão sobre as atitudes de Lincoln na época. Antes mesmo do jogo começar, a Hangar 13 pede desculpas ao jogador por retratar o racismo no título. Mafia III aborda o tema profundamente, afinal, New Bourdeaux é no sul dos Estados Unidos em uma época crítica.

Ao longo do game, você se sente motivado a seguir em frente com sua vingança pessoal. A forma como tudo é contado te coloca quase que na pele de Clay, observando também as ações de seus rivais de perto, já que a história também é narrada pelo agente do FBI que investigou Clay e por personagens que ajudaram a construção da narrativa.

Lincoln Clay com John Donovan, seu parceiro
Lincoln Clay com John Donovan, seu parceiro de guerra e auxiliar pessoal na vingança

Jogabilidade

Em Mafia III, Lincoln Clay é o “chefão”. Como parte do plano de destronar Marcano da cidade, você precisa tomar conta da distritos. Para isso, elege três mafiosos que foram passados pra trás em algum momento por Sal para te ajudar. Eles serão seus sub-chefes, responsáveis por gerenciar os esquemas que você tomar de Marcano e seus tenentes.

Você participa de reuniões com eles assim que conquista os terrenos e deve designá-los para que cada um cuide de uma parte da cidade. O ciúme e o poder se fazem presentes, portanto, considere para quem deve dar a responsabilidade de cuidar daquela parte e New Bourdeaux, além dos ganhos financeiros e benefícios que cada um deles oferece. Se privilegiar demais um dos sub-chefes, outros podem virar-se contra você, então, é necessário escolher com sabedoria.

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Infelizmente, quando se falou em missões repetitivas, é por isso. Essas missões são basicamente idênticas: primeiro identifica-se o informante, depois mata uns capangas, faz a equipe de Marcano sofrer financeiramente até o responsável aparecer. Por fim, você decide se vai recrutá-lo ou matá-lo. Outras missões, paralelas, são de roubar algum veículo e entregá-lo em um esquema. Não foge disso.

Thomas Burke, VIto Scaletta e Cassandra. Os sub-chefes dos esquemas de Clay.
Thomas Burke, Vito Scaletta e Cassandra. Os sub-chefes dos esquemas de Clay.

Outro ponto negativo é a própria New Bourdeaux. Não há nada para se fazer ali. O dinheiro que você ganha só pode ser usado para upgrades no personagem e compras de armas. Não há casas para comprar, roupas, ou mesmo atividades extras. Os estabelecimentos comerciais do jogo estão ali apenas para serem roubados.

Mafia III falha também em não oferecer um serviço de viagem rápida. Por vezes, viajar longas distâncias cansa o jogador, que deseja partir direto para a ação. Um serviço de táxi poderia ser útil nessas horas, como o que é utilizado em GTA V.

A polícia é um sério problema para Lincoln Clay. Às vezes um crime “bobo” mobiliza o departamento inteiro e fugir deles é bem difícil, um nível desproporcional em relação à dificuldade apresentada ao longo do jogo.

Gráficos

O título não apresenta os melhores gráficos da geração ao longo do gameplay. Pra falar a verdade, é como se fosse um dos primeiros jogos dessa geração, com alguns detalhes bem chatos mostrando os defeitos do jogo.

A renderização de imagem é um sério problema. Por vezes, quando se muda de ambiente, a imagem fica cinzenta, brilhosa, dando um aspecto bastante estranho. Em alguns pontos do mapa, os personagens simplesmente atravessam paredes, carros e obstáculos em geral.

Clay matando um NPC
Clay matando um NPC

Os pontos positivos são para a ambientação, que ficou bem legal e similar aos filmes de época. Carros, casas, prédios, tudo isso ficou bem legal e condiz com a época.

Se tratando de gráficos, o melhor do jogo são as cutscenes, que são muito bem feitas e, agora sim, com gráficos dessa geração.

Som

Normalmente algo que passaria batido na maioria das análises, mas em Mafia III merece um destaque. A sonorização é perfeita. Recheados de músicas clássicas, frases de efeito e sons empolgantes. Uma pena que, talvez, a geração de hoje não aprecie a qualidade das músicas antigas.

Bugs

O grande problema de Mafia III são os erros de programação, ou os bugs, como são chamados. EU não me incomodo em um personagem atravessar a parede às vezes, mas quando isso atrapalha o andamento do jogo, é complicado. Tive problema em três missões, principalmente nas que são mais distantes. Dirigia até o local e não encontrava a missão. Em uma da história, não consegui avançar, mesmo cumprindo todos os objetivos. Precisei reiniciar o jogo e fazer outra paralela para “zerar” o cache.

É importante ressaltar que comecei a jogar na versão 1.0.2 de PS4 e, posteriormente, atualizei para a 1.0.3. Não peguei os bugs mais bizarros, pois já joguei com o patch Day One.

Veredito

Eu estou preso ao jogo. Fã de histórias, a de Mafia III me cativou e me faz continuar jogando. Lógico que por vezes fico de saco cheio de ter que atravessar a cidade para fazer uma missão “igual” à que fiz anteriormente, mas a curiosidade fala mais alto para saber que fim leva Lincoln Clay. Ainda não terminei, mas acredito estar perto do fim, até pelo tempo de gameplay.

A trilha sonora me cativou e os gráficos, como já disse em outras ocasiões, não interferem no andar da carruagem pra mim. Os bugs são irritantes, mas é preciso entender que às vezes reiniciar a missão ou o videogame pode resolver. E, quanto a falta do que fazer, Mafia III, com campanha apenas single-player, a tendência é que caia de preço rapidamente e todos que queiram, tenham a oportunidade de jogar.

*Review elaborado usando a versão de PS4 do jogo.

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Lucas Soares
Lucas Soares
Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem PS4, PSVR e PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, Red Dead Redemption 2 e The Last of Us completam o Top-5.

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