MAD MAX – ESTRADA DA FÚRIA | CRÍTICA

Classificação:
Excelente

Mad Max pôsterFeito com muito pouco dinheiro (quatrocentos mil dólares), mas com muita criatividade por George Miller em 1979, Mad Max acumulou mais de cem milhões de nas bilheterias do mundo inteiro e se tornou um dos filmes com maior lucro da história. Mais duas sequencias e o sucesso continuou o mesmo. Desde então, os fãs esperavam afoitos à uma nova aventura do anti-herói de poucas palavras, que viajava pelas estradas apenas para manter-se vivo, e, vez ou outra, ajudar a quem precisava. Trinta anos depois, Mad Max – Estrada da Fúria traz a mesma ação psicodélica e humor áspero que imortalizou a franquia, com mais tecnologia, mais carros e personagens bizarros, porém, sem Mel Gibson.

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Max (Tom Hardy) é um solitário guerreiro das estradas que vive atormentado pelo passado e que está sempre sendo perseguido por gangues de loucos que vivem em busca de gasolina. Em uma dessas perseguições ele é capturado por capangas de Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne, do primeiro Mad Max) e é usado como “bolsa de sangue” para Nux (Nicholas Hoult). Porém, quando Furiosa (Charlize Theron) decide fugir levando consigo algo precioso a Joe, uma caçada louca começa e Mad acaba inserido nela. O destino o liga a fugitiva e para se manter vivo terá de ajudá-la a escapar.

Quem vai ao cinema esperando ver algo que ligue Mad Max – Estrada da Fúria aos originais da década de 80 vai se surpreender com o trabalho estupendo de reconstituição que a produção conseguiu. O deserto, as estradas, os carros malucos, tudo está em perfeita harmonia com a mitologia criada por Miller. O roteiro que ele assina ao lado de Brendan McCarthy e Nick Lathouris prima por recriar um novo ambiente para o antigo Max. Ele muda o teor da trama que nos primeiros longas, em especial no primeiro e no segundo (Mad Max – A Caçada Continua), em que trabalhava em um lado psicológico da composição do personagem de Mel Gibson. Agora Miller aposta em uma ação continua, que mantém a tensão até um limite responsável, daqueles que não cansam, pois é uma ação louca, pastelão, que desafoga o público em gargalhadas furtivas.

Nesse âmbito, ele procura explorar tudo o que não tinha à disposição há trinta anos. O potencial para o espetáculo audiovisual trouxe 100 milhões para a produção e tudo foi muito bem explorado, cada detalhe, cada maquiagem, cada cenário, tudo pensado de forma a convencer que se trata de mundo assolado, pós-apocalíptico, hostil. O diretor não se deixa seduzir pelas ferramentas tecnológicas para criar algo megalomaníaco demais. Tudo o que se passa na tela é o que tinha de passar, e nesse aspecto, este novo Mad Max deixa seus antecessores no chinelo.

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Mas, algo causa certo desconforto no longa. A composição do personagem deixa um pouco a desejar. Não pela atuação de Tom Hardy, que por sinal, conseguiu defender de forma digna o anti-herói que Gibson imortalizou, com o mesmo olhar, o mesmo senso de dever e uma pitada de amargura por fantasmas do passado. O que causa incômodo é o fato de Miller fazer um filme para quem conhece o universo de Max, e mesmo que a história não tenha uma ligação direta aos acontecimentos dos outros, existem lacunas no roteiro que deixa os novos espectadores perdidos. Poderia ter optado por flashbacks, ou outra forma qualquer que explanasse ao menos os motivos dos delírios do protagonista, evitaria muitas interrogações.

Outra sacada sensacional foi a escolha do elenco. Além de Hardy, esse novo Max é um pouco mais sociável, e isso faz com que os personagens periféricos ganhem mais espaço. Charlize Theron conseguiu ser ótima, e bela, mesmo desfigurada pela maquiagem (o que não era novidade já que ganhou um Oscar debaixo de muita maquiagem) e por computação gráfica, e sua atuação é carregada de fúria e intensidade. Miller abriu um espaço para tramas paralelas que não se viu nos três primeiros filmes, isso deu até a Nicholas Hoult uma oportunidade de brilhar na pele de um dos vilões que acaba se redimindo depois de um breve romance.

A verdade é que Mad Max – Estrada da Fúria é uma produção impecável, um formidável, que apresenta atributos de primeira grandeza como uma trilha sonora pesada e uma fotografia contemplativa excelente. Mesmo que os mais saudosos venham a apontar um errinho aqui, outro ali, reclamar do roteiro, mas não há como negar que este é tão bom quanto os originais, o que é suficiente para fazer dele o melhor filme de ação do ano até o momento. George Miller tem a intenção de mais uma trilogia, se manter a qualidade que se viu aqui, será muito bem vindo.

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