LIVRE | EM DVD / BLU-RAY

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64709Jean-Marc Vallée, que estarreceu o mundo com o excelente Clube de Compras Dallas, está se tornando mestre em contar histórias pessoais, adaptações de seres humanos comuns e suas a provações. Depois de levar três das seis estatuetas a qual foi indicado no Oscar 2014, o público já esperava se emocionar e viver junto com a heroína vivida por Reese Whiterspoom as mesmas sensações que conseguiram com Matthew McConaughey e Jared Leto. Entretanto, o público sentiu falta de alguma coisa, talvez mais personagens, mais tramas em paralelo ou mesmo uma empatia maior da protagonista. Todavia, é a dobradinha Whiterspoom e Dern que assegurou a alta qualidade do drama, além das duas indicações ao Oscar que o filme recebeu.

Depois de perder sua mãe, a doce e alegre Bobbi (Laura Dern), Cheryl (Whiterspoom) perde o controle sobre sua vida, se envolvendo em encontros sexuais com todo homem que encontra pela frente e caindo no mundo das drogas através da heroína. Depois que se divorcia de Paul (Thomas Sadoski) ela decide encarar a trilha “Pacific Crest Trail”, onde enfrentará todos os tipos de provações da natureza, além de seus próprios demônios, que estão sempre colocando sua força de vontade em xeque.

A adaptação de Nick Hornby da obra autobiográfica de Strayed prima por não entregar as motivações ao passo dos acontecimentos, isso nos mantém reféns dos “porquês”, e é o que deixa o filme deliciosamente irresistível. Não há supervalorização do feito de Cheryl, pelo contrário, a todo o momento os flashbacks nos mostram que ela “merece” todas as intempéries a quem tem de enfrentar. Mas, para que haja um contrabalanço que não mortifique demais o filme, as pequenas passagens de Laura Dern inundam a tela de esperança, e mesmo na dor conseguimos capturar o prazer de viver de Bobbi. Em pouquíssimo tempo percebemos que a atriz fez jus a sua segunda indicação ao Oscar da carreira.

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Mas, talvez nada disso fosse o suficiente se não fosse a mão controlada do diretor Jean Marc-Vallee. O canadense deu um salto extraordinário de qualidade na forma como aperfeiçoa a narrativa de seus filmes. Trocou o didatismo quadrado de A Jovem Rainha Vitória (2009) e surpreendeu o mundo cinematográfico com uma montagem elíptica, às vezes truculenta, outras sublimes. Sempre esfacelando a narrativa, nos forçando a esperar por algo que já sabemos como vai terminar (ou não, caso o leitor não tenha lido a respeito). Com a câmera invasiva, ele sacraliza sua personagem, a mantém no centro das ações, mas nunca a isola dos relacionamentos.

Muita gente comparou Livre com o ótimo Na Natureza Selvagem de Sean Penn, tanto pelo conteúdo da trama quanto pela plástica contemplativa de ambos. Porém aqui a sedução é mais amena, não é tão aventuresca. Mesmo que o Chris McClandess de Emily Hirsch supostamente soubesse o que procurava, aqui a Cheryl de Whiterspoom não faz idéia do que sua viagem resultará. E o casamento entre a dúvida e a compreensão, a plenitude e o desespero, e é isso que permite que o diretor transforme suas personagens em algo mais próximo da realidade, pois estão repletas de maniqueísmo natural.

Ainda que não tenha conseguido ter o mesmo sucesso entre o público e nem a mesma unanimidade entre os críticos quanto o filme anterior de Vallee, Livre é um grande filme, que traz reflexão, emociona e nos brinda com imagens maravilhosas. Agora, a versão em DVD/Bluray traz a expectativa para que o público faça de novo a trilha “Pacific Crest Trail”, e quem sabe consiga também embarcar nessa viagem, se auto descobrindo e expandindo os horizontes.

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