O mundo acabou. Após a queda de um gigantesco asteroide, a Terra passou um longo tempo sem a luz do Sol, devido à quantidade maciça de poeira no ar. Finalmente o sol voltou a nascer, bem na hora em que Jacob e seu pequeno grupo de sobreviventes já atingiram o limite. Agora, eles devem sobreviver até a chegada do resgate, dentro de 30 dias. Em 30 dias o pesadelo termina. Essa é a história de Impact Winter.
No mais recente lançamento da Bandai Namco Entertainment e da Mojo Bones Ltd., você deve manter relacionamentos para ter sucesso. A sobrevivência do mas apto é deixada de lado enquanto você, Jacob, caminha por nevascas, procurando por tudo e qualquer coisa que assegure que seu bando sobreviva.
O apocalipse é um tema recorrente entre jogos e obras de ficção. Mais especificamente, o conceito de vida após o apocalipse. Talvez esse fascínio se origine da ideia de que, quando os elementos básicos da sociedade caem, também as obrigações de tratar uns aos outros de acordo com as convenções sociais sobre as quais nossos sistemas são construídos caiam juntos.
Os jogos brincam com a ideia do único sobrevivente, ou de cada um por si. O conceito se expandiu em alguns jogos, como The Last of Us e seu foco nos laços emocionais, ou mesmo em Fallout 4 com a ideia de reconstruir aos poucos a partir assentamentos. Porém, raramente a ideia abrange a totalidade do jogo…
Você está vivo, mas é só o começo
O enredo começa com um robô flutuante, recuperado por outro sobrevivente do seu abrigo o robô interceptou um sinal com a mensagem de que, em trinta dias, a ajuda está chegando. Sem nenhuma razão – exceto uma cega esperança – o grupo aceita que isso deve ser verdade, e um temporizador começa. Esta mecânica de jogo é interessante, e eu acho que um dos elementos mais fortes dentro do escopo do título.
Em vez de um sistema de experiência tradicional que pode facilitar a sobrevivência, todas as ações e missões realizadas reduzem o cronômetro no relógio de trinta dias, além de desbloquear várias funções que podem ser atribuídas ao grupo. Às vezes não faz muito sentido: como exatamente a ajuda chegará mais cedo porque eu achei um disco rígido em um porão de uma casa enterrada? Mas tudo bem, nada que diminua a experiência.
O sistema de Roles não adiciona necessariamente um elemento atraente ao jogo, mas ajuda a tornar o gerenciamento das pessoas mais conveniente. Ele funciona da seguinte forma: toda habilidade desbloqueada tem um positivo e um negativo, e isso significa que, embora haja ajuda em uma área de necessidade, ela imediatamente cria outro obstáculo. Você tem a capacidade de adaptar um personagem a um caminho específico, mas eles serão inevitavelmente menos eficazes em outras áreas.
Seja cuidadoso ou arrisque tudo
Se você quiser ter certeza de que um personagem nunca se machuque, sem problemas, contanto que você esteja disposto a esperar mais tempo para que as tarefas dele sejam completadas com calma. Tudo o que você faz também afeta o grupo como um todo, então o excesso de cuidado para que nada dê errado pode te impedir de fazer o que você quer.
Ao invés disso, você vai ficar preocupado em como anda o estoque enquanto você corre para cima e para baixo entre casas abandonadas e a igreja para deixar outro pequeno conjunto de itens que podem ou não ser úteis. Pessoalmente, eu adoro revirar armários de cozinha e até os vãozinhos do sofá atrás daquele último item. Especialmente em jogos de sobrevivência, de grão em grão a galinha enche o papo. Mas o sistema de criação é muito limitante, e o fato de você nem ter como conferir os ingredientes que precisa pegar para uma receita enquanto está fora da cidade pode ser frustrante.
Para dar uma ideia maior desse sistema, vou explicar melhor: cada um dos quatro sobreviventes pode criar uma classe diferente de bens. Wendy cozinha alimentos que são muito melhores que comer enlatados, além de ser uma enfermeira; Blane constrói equipamentos de sobrevivência para ajudar Jacob a resistir ao frio. Maggie se concentra em criar melhorias para a base, enquanto Christophe se dedica inteiramente a fazer upgrades no drone eletrônico que acompanha Jacob, alertando-o da presença de recursos e mantendo o controle dos locais que ele descobre.
Liberdade para escolher
Cada sobrevivente tem uma cadeia de missões que devem ser seguidas para desbloquear melhores habilidades de criação e, em uma escolha de design muito interessante, não é necessário – ou talvez nem mesmo possível – desbloquear todas elas antes que os trinta dias se esgotem. Não demora muito para ganhar melhorias decentes para todos os personagens, mas assim que a primeira semana termina, as missões de nível três e quatro exigem viagens tão longas pelo mapa que o jogador é forçado a se concentrar no que acredita ser mais importante.
No meu caso, me concentrei nos aspectos que mais gostei. O combate é um pouquinho desajeitado, então fiquei longe dos tutoriais de caça do Blane e passei mais tempo atrás de receitas e ingredientes para Wendy transformar um conjunto básico de ingredientes em deliciosas refeições e trazendo tudo que a Magie precisava para tornar a base mais segura e confortável.
Pode parecer tedioso para você, não é? Por que raios eu iria me preocupar em achar pimenta do reino se eu posso caçar lobos e explorar o que restou do mundo bem ao fundo? A minha resposta é que não valia a pena. Os riscos e o trabalho de sair para tão longe da base não renderiam recompensas à altura. É claro que eu posso estar enganado, e só jogando uma nova campanha terei tempo suficiente para descobrir.
Impact Winter tropeça no modo exploração
Jacob inicia o jogo com um inventário extremamente pequeno e leva um bom tempo para andar da base para qualquer um dos locais de coleta. Esta devia ser uma aventura sobre explorar e sobreviver em um ambiente hostil, mas o sistema de inventário limitado obriga os jogadores a gastar a maior parte de seu tempo como uma mula de carga transportando recursos de volta para sua base.
Os desenvolvedores parecem quase entender que isso é um problema, já que eles criaram uma meia solução. Nos campos mais longes de casa, o jogador pode colocar itens em uma caixa de suprimentos. Então, enquanto eles dormem, seu drone transportará os itens para casa. Infelizmente, as bases de campo têm que ser construídas a partir de recursos extremamente raros ou compradas de comerciantes, o que significa que os jogadores nunca terão acesso fácil o suficiente para agilizar o transporte.
Torchlight resolveu esse problema anos atrás, e não consigo imaginar porque o Impact Winter não seguiu o exemplo deles. Seria uma coisa simples deixar o jogador mandar seu drone de volta ao acampamento sempre que quisesse, e a troca seria forçá-lo a administrar sem todas as suas habilidades incrivelmente úteis até que ele retornasse. Isso teria mudado Impact Winter de frustrante para uma experiência de sobrevivência acessível.
Veredito
Com seu estilo visual todo em branco e trilha sonora efetivamente sombria, Impact Winter chega muito perto de ser um jogo de sobrevivência que pode ser desfrutado por praticamente qualquer um. O sistema de coleta de itens é que acaba atrasando o jogo, mas se você conseguir não se cansar dele, pode se divertir por boas horas aqui.
Impact Winter está disponível por R$ 61,50 na PlayStation Store, R$ 100,00 na Microsoft Store e R$ 79,99 na Steam. A versão analisada teve média de 67 pontos no Metacritic. O jogo não possui legendas em português.
*Review elaborado usando a versão de PS4 do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.