Sabe aquele jogo que você se depara com ele e não dá nada? Aquele, de uma desenvolvedora que nunca publicou nada? Então, GRIS, título feito pela Nomada Studio e publicado pela Devolver Digital é esse game. Aquele jogo que você olha e pensa: “Cadê o jogo, além desses gráficos diferentes?”
Felizmente, e de uma forma surpreendente, o trabalho feito pela desenvolvedora agradou em muito. A experiência de GRIS é marcante, e você vai saber as razões agora, em mais uma crítica do Jornada Geek!
Gameplay
A jogabilidade de GRIS não demanda muita habilidade, mas isso não quer dizer que será fácil chegar no final do jogo. O título tem uma progressão de puzzles muito boa, já que no início é fácil de se alcançar o objetivo proposto, enquanto o final do jogo oferece puzzles mais complexos, que irão demandar mais esforço do jogador.
GRIS começa com o drama da personagem principal – que se chama Gris, passando por um conflito no qual fica sem “chão” – alusão a depressão – e dessa forma, o jogo começa com tons melancólicos, tons de cinza. As mudanças começam após a personagem encontrar a primeira lembrança na qual fazia parte da antiga vida dela, os tons mudam e a ambientação acompanham essa mudança. Gris começa o game solitária e triste, segundo o tom ditado pela história, porém, ela conhece e interage com outras criaturas que a auxiliam em sua jornada.
Para conseguir prosseguir, Gris se vê na necessidade de evoluir, conseguir novas habilidades para vencer obstáculos. Essas habilidades vão surgindo ao longo do jogo e vão de desde quebrar o chão, mudando de forma, até um salto duplo ou ainda, brincar com a gravidade.
Colírio para os olhos
GRIS, além de trabalhar com uma arte limpa, mas ao mesmo tempo complexa, envolve o jogador de tal forma, que a jogatina flui naturalmente. Os gráficos seguem uma linha no estilo Journey – game que também surpreendeu pelas críticas que recebeu -, com traços leves, porém bem trabalhados, cores bem marcantes em cada fase, com contrastes bem evidentes. Isso se dá pelo fato de ter sido criada pelo artista/ilustrador e pintor Conrad Roset, já conhecido pelos seus traços em aquarelas. Não se esperava menos.
Não menos importante, o áudio do jogo é surpreendente, envolvendo o jogador e ambientando muito bem cada cenário apresentado, sabendo ser calmo quando preciso, mas acelerando nos momentos de clímax.
O menos que se torna mais
O enredo de GRIS vai ao encontro com a proposta da arte apresentada. Começando de de forma intrigante, nossas dúvidas vão sendo sanadas com o tempo, sendo respondidas com ações e com o desenrolar do jogo. Mesmo nos momentos sem puzzles para serem solucionados, o jogo recompensa a experiência com sua exuberância, sabendo dosar sem fazer com que o jogador se sinta desestimulado de continuar. Os conflitos encontrados pela personagem podem aproximar quem está jogando e enriquecer a gameplay, por ser um jogo interpretativo.
A mente de Gris se encontra abalada pelos acontecimentos do início e ela precisa transpor essa barreira, mudando o paradigma de deixar as coisas como estão, ou ainda, sair da rotina conhecendo novos lugares e experimentar novas sensações.
Veredito
GRIS é um jogo para amantes de bons puzzles e para os exigentes, que admiram uma boa história e ambientação, sendo atrativo para todas as idades. O mundo dos jogos indie comporta títulos inusitados, que muitas vezes acabam passando batidos, mas não é o caso de GRIS. Mergulhe nessa ideia e se deleite com essa obra-prima.
GRIS está disponível para PC e Mac, via Steam, por R$ 32,99 e para Nintendo Switch por US$ 16,99. O título tem legendas em português brasileiro. No Metacritic, o game ficou com a média de 83 pontos na versão avaliada.
*Review elaborado usando a versão de PC do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.