Grey’s Anatomy serviu muitas vezes como um guia. Desde como agir no primeiro dia de trabalho, e salvar alguém que está tendo uma parada cardiorrespiratória, passando por situações que envolvem uma massagem cardíaca, até como lidar quando você está segurando uma bomba dentro de um paciente. Sempre foi possível tirar algum ensinamento dos episódios da série. Mas se essa temporada ensinou algo, foi ,infelizmente, como lidar com perdas. Perda de personagens emblemáticos, casais perfeitos e até mesmo a fé na série.
Para os fãs que acompanham Grey’s Anatomy desde o começo, assim como eu, não é nenhuma novidade que Shonda Rhimes nos preparou nessas dez temporadas para todos os tipos de histórias, por mais absurdas que elas poderiam parecer. E nós sempre aceitamos pois a tensão era alta e as recompensas também.
Mas, no fatídico momento em que a criadora decidiu derrubar um avião com a maioria dos protagonistas da série, nossa fé – e a dos artistas – por Grey’s Anatomy começou a decair junto.
Após nove temporadas interpretando Christina Yang e muitas vezes andando em círculos, Sandra Oh decidiu que estava na hora de seguir em frente e machucar nossos corações. Portanto, é possível notar desde o começo que a décima temporada seria dedicada à personagem.
Mas o medo dos roteiristas em perder não apenas a personagem, como o ritmo dela com a sua “pessoa”, Meredith, era tanto que eles decidiram testar o público. Sempre foi evidente que Christina tinha problemas em se ajustar com a nova vida de Meredith e Meredith sentia ciúmes de Christina. Portanto uma fenda no relacionamento delas foi o jeito encontrado para descobrir como a audiência lidaria sem a querida personagem.
Desta maneira, eles basearam metade da temporada entre elas resolvendo os problemas da amizade e a outra metade de Yang amarrando as pontas soltas para a infeliz despedida.
Infelizmente, essa decisão também afetou o resto do elenco. Conhecida por gostar de encerrar e começar temporadas com mortes e catástrofes, Shonda resolveu a tempestade da finale do nono ano com mais cirurgiões à beira da morte. Em uma temporada mediana, nós pudemos acompanhar Richard preso em uma maca por vários episódios e o oscilante casamento de Callie e Arizona que não serviu para mais nada, além de tirar qualquer resto de empatia que o público poderia ter por Murphy.
Bailey também parece ter sido esquecida muitas vezes pelos roteiristas. Antes uma das melhores personagens da série, agora ela apenas vive em um casamento fraco e várias inseguranças no trabalho. Ela infelizmente virou o alívio cómico em cenas que não iriam funcionar muito bem sem, e me dói dizer isso, uma palhaça.
Mas calma, não só de erros foi feita a décima temporada de Grey’s Anatomy. O casamento de Derek e Meredith foi abalado pelos certos motivos e fez com que o público ficasse alerta com o que poderia acontecer em seguida.
Muitos acertos também vieram nos episódios finais e lógico, as despedidas de Christina com todos os outros personagens da série foram momentos de quebrar o coração. Desde o abraço constrangido em Derek, o respeito e admiração de Christina evidente na despedida com Bailey e o Webber, até a rápida olhadinha em Owen pela galeria.
Porém, e como já se era esperado, nenhuma despedida foi tão carregada emocionalmente como a de Meredith. A última dança que elas dividiram dentro do Seattle Grace foi uma ótima forma de evitar o melodrama entre elas e funcionou, pois acredito que a maioria dos telespectadores, eu inclusa, não conseguiram ver metade da cena direito por causa das lágrimas.
Felizmente, Shonda decidiu quebrar a tradição esse ano e apesar de ter inventado uma explosão em um shopping onde Christina supostamente estaria, a personagem ficou viva para seguir seu rumo e crescer, mesmo que seja em outro lugar. Christina pode ter saído do Seattle Grace com honras, cuidando de um departamento inteiro em um novo país e ainda deixando uma herança para Alex, mas ficará para sempre guardada nas nossas memórias como uma das melhores – se não a melhor – personagem de Grey’s Anatomy.
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