FILHOTES E COMPARSAS | KINOS

AVPOs aliens deram suas voltas pelo mundo humano em uma série de filmes, reproduzindo-se às custas do pessoal que tava nos filmes e se espalhando pelas salas de cinema por algumas décadas. Desde O oitavo passageiro, título curioso que recebeu no Brasil, o bicho de Giger se mantém atual no imaginário cinematográfico de algumas gerações, como Kinos já comentou. Outro grupo de E.T.s polêmico foi dos predadores, que também frequentam as telas e a Terra faz tempo, encontrando gente forte, guerreiros selvagens e urbanos, em suas investidas, geralmente planejadas, e isso também já foi tema desta coluna.

Se separados eles contam, quando da escrita deste texto, oito filmes, ainda se juntaram duas vezes pra fazer explodir as franquias, numa holding que poderia dar certo e o primeiro filme sugeriu isso, mas que conseguiu, com a boa mira do predador numa bola de ácido de alien, desintegrar por algum tempo qualquer chance de sucesso do casal. E basta dar uma olhada no filho deles que a vontade de sair correndo é maior, nem dá pra disfarçar com um “que bonitinho” dos mais falsos.

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Alien vs. Predador, que já chegou com a assinatura interessante AVP, conseguiu atrelar bem o espírito das duas franquias. De um lado, um parasita que se utiliza de todos os tipos de corpos pra se reproduzir e é capaz de se manter hibernando pelo tempo necessário até que o novo hóspede surja. Do outro, um caçador de recompensas que mata (e muitas vezes morre) por esporte. Quanto mais experiente o caçador, mais interessantes se tornam as recompensas e por isso ele precisa treinar.

No fundo da Antártica, sob muitas camadas de gelo, os predadores deixaram um templo, influente pra muitas das culturas humanas antigas, em que aprisionaram uma fêmea de alien pronta pra botar ovos, tão logo os hospedeiros estivessem dispostos na Câmara Sacrificial. Conta a história nas paredes que os humanos se ofereciam em honra ao deus mascarado (ainda bem, porque era feio pra caramba!), eram dispostos nas caminhas e do pé de cada uma vinha um ovo com aquela aranha esquisita com semente de aliens. Bichinhos nascidos, três predadores se organizavam pelo templo pra caçá-los. Quem não gostaria de brincar?

Só que são humanos que encontram o templo e, como vimos em tantos filmes anteriores, são frágeis e muitos precisam morrer até que um só sobreviva como herói após matar um monte de monstros ou ficar amigo de um deles, como Danny Glover. A equipe se organiza com uma mistura de guerreiros e cientistas pra buscar algo que faça com que Charles Bishop Weyland se torne eterno (ou um andróide pra atormentar Ripley no futuro), na melhor (ou única) ligação narrativa com os outros filmes.

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Quando o templo, mecanismo automatizado que muda a cada dez minutos, é ativado, três equipes lutam pela sobrevivência: aliens, predadores e humanos, jogados entre os arqui-rivais. Claro que entra algum sentimento na história, mas nada que torne a história mais que uma grande porradaria com humanos perdidos no meio, dos quais temos pena e com os quais seguimos até o final, num último embate gelado e a despedida do predador que é levado pra casa pelos comparsas, dando vasão, já na nave, a um alien gestado em seu interior.

A cena final de um filme é a inicial do outro: o bicho faz a nave cair na Terra novamente, deixando o filhote de alien com predador e alguns ovos de alien na floresta perto de uma cidade no Colorado. Sim, o que todos temiam acontece: aliens invadem uma cidade dos Estados Unidos. Será que ninguém viu os filmes dos anos 80… mais ainda: ninguém viu O mundo perdido pra perceber que apelou, perdeu?

Por falar em anos 80, aí vai a combinação: monstros, exército, família com problemas, amores impossíveis, criança, alguém com jeito mais foda que os monstros e, claro, aliens e um predador que vem brincar e vingar. Os aliens, como bons predadores, tentam se manter sempre ocultos, seguindo a coerência do personagem. O predador, alienígena consciente, não quer aparecer pros humanos e tenta fazer sua caçada oculto. Aí me pergunto: qual a função dos humanos na história? Gerar envolvimento com o espectador ou fazer o filme colocar o pé no trash? No próximo capítulo, o Alien Centopeia Predador, ACP.

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