Já nem é mais conveniente o debate sobre a validade ou não de retomar ou renovar franquias de grande sucesso em outrora, pois, há muitas questões envolvidas além daquela máxima da “falta de criatividade” de Hollywood. Sim, já que em alguns casos a retomada pode ser sim algo admirável e surpreendente, como no recente Mad Max: Estrada da Fúria, candidato a estar em dez de dez listas de melhores de 2015. Porém, esta aposta é um risco absoluto e, em sua grande maioria, acaba caindo em desgraça, principalmente pela falta do teor de originalidade que a franquia tinha. Mesmo assim, depois de trinta e um anos depois do clássico dirigido por James Cameron, O Exterminador do Futuro: Gênesis aposta em viagens no tempo, humor e Arnold Schwarzenegger para tentar reaver seu sucesso após o fracasso de A Salvação, em 2009.
A trama se começa em 2029 quando John Connor (Jason Clarke) descobre que a inteligência artificial Skynet mandou um exterminador ao passado para matar sua mãe, Sarah Connor (Emilia Clarke). Ele então envia Kyle Reese (Jai Courtney) ao mesmo destino para salvar a vida dela. Porém, algo está diferente e Sarah não é a pessoa indefesa que Kyle esperava encontrar, e tem como protetor um T-800 (Schwarzenegger). Agora eles tem de ir a outra linha temporal para tentar mais uma vez evitar que a Skynet assuma o controle do mundo e provoque a extinção do ser humano.
Tudo bem, O Exterminador do Futuro: Gênesis é um filme bem intencionado, que comunga com os clássicos da franquia, porém, de boas intenções o limbo hollywoodiano está cheio. O roteiro de Laeta Kalogridis e Patrick Lussier nem de longe conseguem captar a atmosfera idílica, hipnótica e didática que o filme de Cameron, baseado diretamente dos roteiros de Harlan Ellison. O que se vê aqui é uma trama rocambolesca com excesso de informações desnecessárias e uma complexidade exagerada na forma de tratar os deslocamentos temporais.
Não fica claro em momento algum os meios que justifiquem o início, e é possível se perder depois de tanta falácia sem sentido. Sim, por exemplo, não fica claro quem ou o quê mandou o T-800 e o T-1000 ao passado de Sarah Connor ainda criança de nove anos. Mesmo que tudo não passe de uma jogada para ligar novos filmes, isso causa certo aborrecimento em quem está realmente ligado nos fatos apresentados. Outra bobagem que chega a constranger é a forma como deram emoções ao ciborgue durão de Arnie. Mesmo que isso faça com que o filme ganhe em apelo cômico, isso não combina com o teor obscuro sobre as preocupações com a tecnologia que a franquia carrega. Além do final melodramático.
A ação e os efeitos continuam competentes, porém, são muito pouco explorados, com cenas curtas, sem tanto impacto visual. Mesmo que o elenco mostre qualidade, principalmente os “Clarkes”, Emilia e Jason, o filme é para Arnold Schwarzenegger, e quando aparece em cena consegue se segurar com o carisma, ainda que seu corpo não esteja à altura do outro, de três décadas atrás, e, que na melhor sequência do filme, trava um duelo com o “velho” T-800. Essa condição de vovô do protagonista faz com que seja até aceitável o excesso de humor por parte dele, e também a bizarra teoria do envelhecimento da pele humana do exterminador.
Talvez nem mesmo James Cameron conseguisse fazer com que O Exterminador do Futuro: Gênesis se tornasse um grande filme. Lhe falta a magia dos anos dourados da ficção científica, a obscuridade por trás da ação, um roteiro competente e, principalmente, o “garotão” Arnold Schwarzenegger. Que nesse caso, não está obsoleto, mas está muito velho para tais investidas. Ainda que seja seu nome (tanto que aparece antes do título) o fator que faça o filme conseguir bons milhões nas bilheterias.