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Talvez um dos gêneros mais recorrentes do cinema Hollywoodiano seja os filmes de guerra. Ao longo das últimas décadas, vários diretores abordaram o tema e recriaram os acontecimentos de uma maneira única. Desta vez, o novo filme de Christopher Nolan não só aborda os acontecimentos de Dunquerque, como também apresenta um recorte de tempo específico para sua trama. E assim, Nolan – que é mais conhecido por filmes como Interstellar e a Trilogia Batman – retorna aos cinemas com Dunkirk.
O filme é baseado na história real da Operação Dínamo, mais conhecida como a Evacuação de Dunquerque. A operação militar aconteceu no início da Segunda Guerra Mundial. A missão envolvia a a retirada da Força Expedicionária Britânica e de outras tropas aliadas do porto de Dunkirk, cercado pelas forças nazistas, que naquele começo de guerra já invadia os Países Baixos e o Norte da França. Entretanto, surpreendendo o calculo da liderança do exército inglês, que calculava que apenas 25% da FEB conseguiriam sair do cerco, a operação conseguiu tirar a salvo de Dunkirk mais de 330 mil homens das forças da França, do Reino Unido, da Bélgica e da Holanda.
Christopher Nolan entrega um filme emocionante e cheio de tensão. Diferente da maioria dos tradicionais filmes de guerra. Aqui, o diretor conhecido por sua condução única mais uma vez apresenta um grande filme. Com uma abordagem inovadora, Nolan apresenta três linhas temporais em sua narrativa: The Mole, The Sea e The Air, cada uma sendo explorada em um período de, respectivamente, 1 semana, 1 dia e 1 hora.
Tendo suas linhas do tempo exploradas individualmente, o cineasta muitas vezes volta em suas histórias ao longo do filme. As narrativas de The Sea e The Air são expandidas e intercaladas com os acontecimentos em The Mole. É importante destacar que o diretor consegue desenvolver suas três tramas de maneira eficiente, onde nenhuma das narrativas se perde ou fica cansativa para o espectador. Além disso, quando as linhas temporais finalmente se encontram, o público mais uma vez se depara com um momento de tensão.
Em seu roteiro, Nolan trabalha a questão do tempo e como os acontecimentos de Dunkirk afetaram a vida daqueles envolvidos. O longa é iniciado no meio da guerra. Com isso, o espectador é colocado no meio da cidade com o pelotão em que o protagonista – Tommy (Fionn Whitehead). Não demora muito para que um ataque ocorra e a trama começa a aumentar seu ritmo. Alguns minutos após o ataque, o espectador é apresentado a praia Dunkirk. Como o protagonista, o público vê milhares de soldados esperando por sua vez de embarcar nos barcos e serem levados para casa. Neste momento, Nolan apresenta The Mole.
No próximo corte, é apresentado a segunda linha temporal: The Sea. Nela são mostrados os civis e os barcos que foram requisitados para o resgate dos soldados em Dunkirk. Além disso, há uma breve apresentação dos personagens protagonistas desta linha, como Mr. Dawson (Mark Rylance).
E por fim é apresentada The Air. Nesta narrativa, o maior diferencial é relacionado ao uso das câmeras e planos, que são colocados ao lado e à frente dos aviões de caça britânicos. Seu protagonista, nesta linha, é o piloto Farrier (Tom Hardy). E então, apresentados as três linhas temporais, a trama começa a avançar.
Em cada uma de suas três narrativas, os personagens são apresentados pontualmente. Os atores entregam uma performance realista, que comandadas pela direção prática de Nolan, apresentam ao espectador personagens honestos. Contando com seus três protagonistas e coadjuvantes, Dunkirk explora as diferentes situações e sentimentos dos personagens. Tommy, Mr. Dawson e Farrier apresentam três momentos diferentes da guerra e suas mentalidades são carregadas pelos acontecimentos e circunstancias em que os personagens se encontram (respectivamente): as tentativas de sair da praia, o senso de dever ao atravessar os mares para salvar os soldados, e proteger os barcos de ataques aéreos.
Além de apresentar a história, o uso dessas três narrativas aumentam a tensão que está sendo construída durante o filme. O diretor não dá tempo de seu público respirar, imergindo o espectador nos acontecimentos. Além disso, os momentos de tensão do filme são pontuados pela marcante trilha sonora de Hans Zimmer (Trilogia Batman, A Origem) e assim Nolan conduz todo o emocional do público ao longo da trama.
Os planos e fotografia são utilizados para imergir o público ainda mais em sua história. O cineasta mantém uma ambientação realista. As mudanças dos planos entre as tramas são utilizadas para a melhor compreensão do espectador e apresentam de maneira única os acontecimentos de cada momento explorado. Além disso, com os diferentes modos em que a história é narrada, o espectador se envolve e está consciente de tudo que se passa durante este período da guerra.
Por fim, Dunkirk não é um filme somente sobre guerra. O longa pode ser destacado por duas outras visões: o senso de comunidade e tempo (que é explorado inúmeras vezes em suas três linhas temporais). Emocionante e extremamente tensa, a produção conduz e transporta o espectador para o ambiente de tensão e guerra em que os personagens se encontram. Não somente por seu diretor, o longa se destaca, também, por sua narrativa inovadora que entrega exatamente o que promete.
Assita o trailer do filme aqui.
O novato Fionn Whitehead será o protagonista do projeto ao lado de Jack Lowden, Aneurin Barnard e o músico Harry Styles. Tom Hardy, Mark Rylance, Kenneth Branagh e Cillian Murphy também estão no elenco.
Além de dirigir e roteirizar o filme, Nolan assume a produção ao lado de Emma Thomas.
O lançamento de Dunkirk está previsto para o dia 27 de julho no Brasil.
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