Muitas vezes já foi comentado em um texto, mas é sempre válido ressaltar novamente: existe uma ligação extremamente forte entre vampirismo e cinema. Desde o principio, ainda lá no expressionismo alemão, a situação já ficou clara quando o expressionismo alemão apresentou ao mundo uma adaptação de Drácula com o nome de Nosferatu. De lá pra cá tal proximidade não mudou, mesmo passando por altos e baixos. Os sanguessugas são verdadeiras modas e acabam ganhando destaque e caindo no esquecimento dependo da época. Entretanto, renovações também existem e aproveitando uma febre adolescente, agora a indústria vai buscando colocar o tema em alta novamente com tantos títulos. Para tal, o retorno do maior nome dos seres sobrenaturais que se transformam em morcego foi necessário e Drácula – A História Nunca Contada também chegou ao mercado Home Vídeo.
É o ano de 1462. A Transilvânia está em paz sob o governo de Vlad III (Luke Evans, Velozes e furiosos 6) e sua adorada esposa, Mirena (Sarah Gadon, O espetacular homem aranha 2). Mas uma guerra com os turcos está fazendo com que Vlad repense seus acordos e atitudes. Agora, sem exército, ele precisa encontrar uma forma de proteger o seu povo e sua família. Para isso, o líder vai em busca de um poder desconhecido e tentador. A partir de então, quando aceita o desconhecido ao encontrar uma misteriosa criatura (Charles Dance), suas provações começam para resistir ao compulsivo poder e a sede que domina o seu corpo com um único objetivo: vencer uma guerra contra aquele que é a maior ameaça ao seu reinado. Entretanto, com isso também nasce uma lenda.
Para começar, o projeto já apresenta algo nunca visto. O nome que tantos temem como o maior vampiro não é apenas o protagonista, como também um verdadeiro herói no título em questão. Com uma visão completamente diferente do que o público está acostumado, o filme apresenta motivações para a busca pelo poder desconhecido, assim como também suas tentações e necessidades. Através de tal ponto o roteiro vai se desenvolvendo entre altos e baixos, mas conseguindo apresentar algo inédito. É claro, com isso surgem também cenas de batalhas épicas com bons efeitos, sempre tentando deixar claro a grandiosidade do que fora adquirido pelo protagonista quando ele enfrenta um exército inteiro completamente sozinho.
A direção feita por Gary Shore também está longe da perfeição. Com falhas em momentos que não poderia ter, o irlandês acaba deixando transparecer sua inexperiência ao longo do projeto seja por acompanhar ao que foi escrito ou por não conseguir dar o destaque merecido em certos momentos. Um ótimo exemplo é a grande confusão dentro das batalhas, já que o espectador por vezes não consegue ver o seu protagonista e ter uma noção melhor dos seus poderes. Contudo, ainda assim existem momentos de uma visão interessante como os que acontecem do alto de uma torre no castelo e a preocupação sobre a família do personagem título. Afinal, é também por ela que tudo acontece e os seus embates interiores são travados e decisões são tomadas.
É claro, elenco e personagens se mostram gratificantes. Luke Evans pode não ser o homem mais belo de todos, mas tem presença e charme suficientes para interpretar aquele que é conhecido por muitos como o primeiro e maior vampiro. Seu trabalho como drácula é interessante, mesmo que não seja favorecido pela trama e seus dramas desnecessários em certos momentos. É claro, Dominic cooper faz frente ao mesmo. Se na grande batalha a confusão é grande demais, no duelo entre o protagonista e seu antagonista ela se mostra interessante enquanto o talento dos atores é claramente exposto. Se não bastasse tal destaque, Charles Dance ainda é responsável por criar uma boa expectativa no que está por vir envolvendo os monstros da Universal Pictures.
Não é a melhor versão feita para o conde, mas ainda assim se torna uma produção mais interessante pelo que pode oferecer no futuro. Com a clara intenção do estúdio em criar um universo compartilhado envolvendo seus monstros e criaturas marcantes ao longo da história do cinema, o espaço de Vlad parece garantido e correto em tal abordagem. Além disso, mesmo com um roteiro recheado de altos e baixos, dramas e ótimas cenas de ação, finais em aberto e possibilidades para o futuro, fica claro que o filme consegue entreter. Agora, com essa nova abordagem criada e já muito bem especificada, o desejo por saber mais envolvendo seu protagonista após os principais acontecimentos é grande. E, pelo visto, sua família ainda pode ganhar certo destaque no futuro. Com isso, Drácula – A História Nunca Contada torna-se apenas parte de algo maior mesmo com seus erros, uma trama defeituosa e cheia de incertezas. A torcida? Por um nome mais experiente na direção do seu futuro.