Relembrando
Digimon Next Order é o novo game da série Digimon, inspirado e baseado no clássico Digimon World 1, para o Playstation 1. O jogo, lançado em 1999, fez parte da infância de muitos de nós. Mesmo que não fosse feito para crianças (era difícil, complexo e imperdoável), muitos jogaram e amaram, mesmo que não entendessem nada do que acontecia. Comigo, ao menos, foi assim.
Mas, agora, temos uma versão aprimorada desse clássico para jogar e, finalmente, compreender. O game está, para o bem e para o mal, dentro do que eu esperava, e é uma rendição, e homenagem fiel daquele que o inspirou.
Vamos ao que interessa!
Começando a jornada
O começo do game é bem padrão. Escolhemos o sexo e nome de nosso personagem, colocamos um relógio digital e somos sugados para o mundo mágico dos Digimons.
Ao chegar, reencontramos dois grandes amigos: Wargreymon e MetalGarurumon. A reunião é curta, no entanto. Um Machinedramon enlouquecido ataca nosso grupo e entramos no tutorial de combate. Após uma rápida luta, nossos parceiros “morrem” e somos levados ao hub central do game, a vila de Floatia. Lá, o ancião Jijimon revive nossos amigos e nos explica que o inimigo que enfrentamos colocou a vila e todo o mundo em perigo. Ele nos pede para que investiguemos sobre e recrutemos mais digimons para ajudar o crescimento de Floatia.
A história é padrão, e um passo atrás se comparado com a trama excepcional de seu predecessor, Digimon Cyber Sleuth. Mas, tudo considerado, a trama funciona e é suficiente para nos dar objetivo e manter as coisas andando. Aliás, um aviso importante para os interessados. Esse game é muito diferente de Cyber Sleuth em trama e jogabilidade, então não podemos esperar experiências parecidas aqui.
Treinando e criando
O maior foco do game não é a trama, combate ou exploração, mas sim criar, treinar e digievoluir seus Digimons. Eles tem necessidades como fome, cansaço e vontade de ir ao banheiro, e precisamos estar atentos à tudo isso se quisermos ser bons treinadores. Isso muda muito a dinâmica de jogo e a forma como enxergamos esse JRPG. Em Cyber Sleuth, por exemplo, ficávamos horas farmando experiência e itens de inimigos para evoluir. Tal qual no concorrente Pokemon, por exemplo.
Aqui, e isso mostra como o título é focado para um nicho específico de jogador, o foco é em criar e cuidar. Passamos mais horas treinando os bichinhos no ginásio do que explorando, lutando e fazendo quests, por exemplo.
Em minha experiência de jogo, posso dizer que 70% do tempo foi passado olhando a árvore de Digievolução e os status dos meus companheiros. Aqui, diferente de Digimon World, temos dois amigos na jornada, o que é bom e ruim ao mesmo tempo. O dobro de dano e ataques, mas com o dobro de gastos de recursos necessidades. Nesse aspecto, o game lembra muito aqueles tamagotchis que tínhamos quando crianças.
É importante observar isso, pois deixar os Digimons com fome ou cansaço demais pode levar a uma morte repentina. Cada um tem um tempo de vida determinado. Quando ele chega ao fim, o Digimon “morre” e retorna como um ovo, possuindo status melhores do que sua última encarnação. Isso garante que temos um crescimento contínuo e que cada versão é mais forte que a anterior.
Contudo, ver seu digimon forte e evoluído morrer é um pouco frustrante. Ainda que possamos pular fases e Digievoluir diretamente usando itens, mais para frente na história, a dor da perda é real. Somado ao fato de que a progressão da história depende de derrotar chefes, perder um Digimon forte pode ser bem frustrante e agarrar o andamento da história.
Explorando o Digimundo
Ao longo de nossas aventuras, temos de explorar várias regiões. Digimon: Next Order conta com planícies, desertos, vulcões, cidades, o padrão. É visível que o game é um port da versão de Vita, pois os gráficos são agradáveis, porém simples. Algumas texturas ruins aqui e ali, muita repetição de assets e vistas, etc. Contudo, os modelos dos Digimons são excepcionais. Temos muita variedade, ainda que alguns sejam apenas versões recoloridas de queridinhos como Agumon ou Gabumon
Lutando
Assim como em Digimon World, somos coadjuvantes no combate. Os Digimons agem e se movimentam sozinhos, e nós somos responsáveis por torcer, curar e definir táticas. Usando o comando cheer ganhamos Order Points, que são usados para ordernar que o Digimon use algum ataque, use seu ataque especial ou faça um tipo de fusão. Ela gera um Digimon único, mais forte, que pode ser usado durante o combate. É bem diferente do que estamos habituados e eu, particularmente, não prefiro assim. Mas ajuda a reforçar o ponto de que somos treinadores, e que os Digimons tem suas personalidades e vontades próprias. O tema de batalha é bem legal, o que ajuda a tornar as lutas mais divertidas. Contudo, o combate é secundário, visto que ganhamos mais pontos em treinos do que lutando.
Resumindo
Digimon Next Order é uma ótima pedida para fãs da série e de RPGs com foco em criação de monstros, no geral. Com uma premissa e mecânica bem diferentes de seu concorrente, Pokemon, o game acrescenta muito ao gênero. Contudo, ele não é para todos. O foco em treinamento e gerenciamento de status e necessidades dos monstrinhos faz com que ele seja bem mais pesado e complexo, o que pode afastar alguns jogadores.
Também achei que dublagem ou legendas em português teriam sido muito boas. Isso ajuda para que todos possam aproveitar e entender bem a aventura em terras tupiniquins. Mas, tem algo muito bom aqui para aqueles que se disporem a cuidar bem de seus Digimons e encararem o desafio de lidar com o Machinedramon. Complexidades e cenários pouco trabalhados fazem pouco para tirar o brilho de Digimon Next Order, que é uma boa adição à coleção de jogos baseados na famosa série de Akiyoshi Hongo.
*Review elaborado usando a versão de PS4 do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.