Se tem algo que podemos afirmar com certeza ao se falar sobre jogos hoje em dia, é que existem opções para absolutamente todos os gostos. Imagine você no começo dos anos 2000, no auge PlayStation 2. Se alguém te dissesse que você jogaria um Point & Click em um console de mesa, você diria que estão todos malucos. Mas é exatamente isso que Deponia é, e é bom que ele esteja por aí sim!
Deponia conta a história das aventuras de Rufus, um jovem ambicioso e inventivo – e também meio canalha – que sonha em sair de seu mundo para um lugar melhor. Toda Deponia é uma grande ferro-velho, com as pessoas sobrevivendo do que catam do lixão e construindo coisas.
O tal lugar melhor que Rufus almeja é o Elysium, um mundo distante nos céus. Ao invés de usar esforço e dedicação para conseguir chegar lá, o jovem decide que é mais fácil se amarrar em um foguete e pronto. As coisas não dão muito certo de cara, e seus planos mudam quando ele encontra Goal. A bela e adorável elysiana pode ser a chave para que o fanfarrão atinja seus objetivos.
Leve e divertido
Os efeitos visuais, diálogos e músicas do jogo são muito bem feitos. Os gráficos e design, são, de longe, as melhores características presentes. Eles amarram muito bem o mundo e seus personagens através de cenários e itens que se misturam naturalmente. É bastante comum você não achar alguns dos itens interativos por esse motivo.
As piadas são simples. O humor de Deponia não é nada sofisticado, e isso é justamente um dos seus charmes. Por muitas vezes você sabe o que vai acontecer em seguida, e mesmo assim acha graça. Em um mercado onde jogos tentam ser cada vez mais “profundos e maduros” (e por muitas vezes falham), Deponia traça bem seu objetivo e o cumpre sem maiores ambições. Você joga por alguns minutos e já se sente imerso em uma narrativa calma, direta e muito bem-humorada. Mas é claro, nem tudo são flores.
Alguns probleminhas na execução
Apesar de tudo muito bonitinho, o jogo tem alguns problemas técnicos que por vezes podem incomodar. A tradução das legendas para português não é das melhores, sendo que por vezes pode ter dificuldade de interpretar o que ele te diz. Logo no começo, a palavra baú é traduzida como tronco. Tronco. Isso se repete algumas vezes pela história. Como o jogo original é alemão, traduzido para inglês e depois traduzido para português, já é de se esperar alguns problemas. Mesmo assim, não existe desculpa para a tradução não ser mais cuidadosa.
Alguns quebra-cabeças também não são nada intuitivos. Games Point & Click fazem com que o jogador seja obrigado a investigar seu cenário e avance usando os recursos disponíveis. Toda a jogabilidade depende de observação e dedução, e grande parte da graça vem daí. Dedução só existe usando a lógica e, por várias vezes, o jogo abre mão da lógica em favor do humor. Isso dificultou com que eu conseguisse achar a saída para o problema frequentemente, pois as soluções por vezes não faziam sentido para te pegar de surpresa. Embora eu entenda o objetivo de te fazer rir do absurdo, isso acabava tendo o efeito contrário e simplesmente me irritando.
A história também tem uma leve queda na segunda metade da longa abertura do jogo. A introduzir Goal para o jogador, as coisas começam a ficar um pouco perdidas. Você não entende algumas decisões de Rufus e dos outros personagens. Porém, logo em seguida o jogo se acerta e volta a fazer mais sentido.
Um final a desejar
Ao terminar o jogo, outro inconveniente: muita coisa fica mal explicada, sendo que você não entende muita coisa que deveriam ter sido melhor apresentadas. Fica claro uma brecha para uma continuação, mas ela não foi muito bem feita. Se você contar a duração do jogo, que é extremamente curta (se você seguir um guia consegue terminá-lo em umas quatro horas) não faz sentido deixar tantas pontas soltas quando obviamente cabia mais conteúdo ali.
Deponia: o veredito
Bons gráficos, visuais estonteantes, diversão e simplicidade são o que tornam esse jogo agradável. Alguns quebra-cabeças sem sentido e falhas de roteiro trazem seus problemas. Mas nada disso chega perto do que, pessoalmente, é o mais irritante em Deponia: Rufus. Esse é um ponto extremamente subjetivo e toca na base do humor do jogo, mas por vezes me vi torcendo contra ele por ele ser um verdadeiro idiota. Tem gente que gosta.
De qualquer forma, Deponia é uma experiência divertida. Fãs de Point & Click vão achar no game uma ótima aventura. Quem não é fã, pode se divertir bastante se jogar sem esperar muito. Vale a pena dar uma chance para Deponia, você pode se surpreender.
Deponia está disponível para PlayStation 4 e para PC. A versão para PC atingiu 74 pontos no Metacritic, enquanto a para PS4 atingiu 71 pontos.Daedalic Entertainment
*Review elaborado usando a versão de PS4 do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.
