CIDADES DE PAPEL | EM DVD / BLU-RAY

67910-17John Green รฉ certamente o autor mais cool do momento, nรฃo se discutindo qualidade da sua literatura, pois isso รฉ de subjetivo, e sim pelo quanto o hiperlink das mรญdias sociais elevam seu nome a um status extraordinรกrio no mundo teen. Contudo, tudo tem uma explicaรงรฃo. Green sabe escrever para o seu pรบblico, despertar seus anseios, cativar seus desejos e manipular a mitologia estereotipada vendida em enlatados desde a รฉpoca do saudoso John Hughes. Depois do sucesso de A Culpa รฉ das Estrelas (2014), foi a vez de Cidades de Papel ganhar a sua adaptaรงรฃo e chegar ao mercado home vรญdeo acompanhada dos seus toques de Road movie, mas com uma estranha mistura de suspense e teen movie.

Quentin Jacobsen (Nat Wolff) รฉ um rapaz tรญmido que viu sua vida mudar quando, ainda crianรงa, viu se mudar para frente de sua casa Margo Roth Spielgeman (Cara Delevigne). Eles cresceram juntos e ele sempre a amou. Com o passar dos anos o instinto indomรกvel de Margot os afastou, atรฉ uma noite, pouco antes de se formarem no colegial, ela aparecer e o convocar para um plano de vinganรงa madrugada adentro. No dia seguinte, porรฉm, a garota desaparece, e agora cabe a Quentin e seus amigos seguir as pistas deixadas por ela e finalmente descobrir seu paradeiro.

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Nรฃo se pode negar que o roteiro adaptado por Scott Neustadter e Michael H. Weber da obra de John Green prima por ser metodicamente feito para agradar a quem tem de agradar. Assim como o livro, o filme procura a todo momento seu pรบblico-alvo, se fazendo valer pela fรณrmula consagrada, como jรก dito, nos 80 pelas mรฃos de John Hughes. Sim, temos tudo lรก, o garoto sem graรงa, mas gente fina (o mocinho), o nerd, a descolada, a teen leader que รฉ mais do que parece e, รณbvio, o cara engraรงado da turma. Nada que a TV Globo nรฃo tenha exibido em uma Sessรฃo da Tarde ou durante os 20 anos de Malhaรงรฃo.

Porรฉm, รฉ aรญ que entra o diferencial do texto de Green. Ele adiciona elementos a mais em sua histรณria, e peculiaridades que raramente se vรช em outros longas do gรชnero. Ali, nรฃo hรก pretensรฃo de desmitificar e sim jogar com os dados que ele possui. Passa pelas situaรงรตes corriqueiras, como o colรฉgio, os valentรตes, as festinhas regadas ร  bebida (com a mesma cena de um louco tomando cerveja no bico da mangueira), mas, catando aqui e ali pedaรงos de um quebra-cabeรงas que sรณ o protagonista parece acreditar existir. Cria-se um mistรฉrio, meio que bobo e inverossรญmil, em torno do desaparecimento de Margot, mas, que aos poucos, vai se tornando algo de segundo plano. Com ajudinha รฉ claro de Cara Delevingne, de longe a mais fraquinha dentre os jovens atores, que nรฃo passa nenhum carisma a sua personagem.

Talvez a tentativa de se discutir termos mais profundos como as diferenรงas na formaรงรฃo da personalidade nรฃo fiquem tรฃo fundamentadas como era a intenรงรฃo da obra e do filme. Ainda que sobre em lirismo na parte final, e novamente este saia do esperado, Cidades de Papel carece de mais maturidade. Nรฃo daquelas melancรณlicas de adultos, e sim de uma maturidade que faltou na definiรงรฃo, principalmente na passagem Road-movie, onde o momento derradeiro da separaรงรฃo dos amigos de infรขncia, e das escolhas de um futuro incerto causaria mais impacto (lรกgrimas?). Faltou o tiro de misericรณrdia que transparecesse que o filme nรฃo รฉ apenas uma balela infanto-juvenil e sim algo que os ajudariam a pensar em suas escolhas.

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Contudo, Cidades de Papel รฉ um bom filme, mas com um problema de construรงรฃo narrativa, pois รฉ feito para um pรบblico-alvo, para aqueles que passam pelas mesmas situaรงรตes ou vivem as mesmas expectativas, perdendo assim parte da mรกgica de ser cinema. Porรฉm, John Green pode se vangloriar de seu status, pois pouca gente consegue ser tรฃo objetivo em suas obras como ele e tรฃo pouco consegue provocar alvoroรงo em torno de algo tรฃo simples como um teen movie. Entretanto, como ele prรณprio escreveu, โ€œtodo mundo tem seu milagreโ€, e o dele รฉ ser cool.

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