CHAPPIE | EM DVD / BLU-RAY

Classificação:
Regular

66398É de dar gosto ver os efeitos visuais de Chappie, porém, também é válido destacar que por vezes uma ideia tão boa e original pode acabar desperdiçada pelo excesso do mesmo. Retornando ao mundo que foi responsável por lhe revelar com o premiado Distrito 9, o cineasta Neil Bloomkamp apresenta mais uma trama que tem tem como objetivo explorar o apelo social, ou como as diferenças entre elas acabam se desvirtuando e causando conflitos, mas dessa não consegue atingir os mesmos efeitos do passado. Entretanto, ainda mantendo o seu teor de diversão e entretenimento, agora o filme chega ao mercado Home Vídeo.

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Em uma Johannesburgo dominada por gangues e com altas taxas de homicídios, a polícia local aceita a ajuda de andróides feitos de titânio, que ajudam a recolocar ordem na cidade. O inventor dos chamados “guardas”, Deon (Dev Patel), tenta convencer a dona da empresa que fabrica os robôs, Michele (Sigourney Weaver), a bancar seu novo projeto: inteligência artificial. Depois de ouvir um não, ele vê em um guarda avariado a chance de testar seu produto. Sua invenção dá certo, mas outras coisas dão errado, abrindo espaço para a ambição de Vincent (Hugh Jackman). E o robô, bem, este é “criado” por uma família para lá de estranha…

É louvável a criatividade de Neill Blomkamp. Este seu Chappie, assim como Distrito 9 e Elysium, são estudos sociais que exploram muito bem fatos de conhecimento universal, sendo assim, o público não tem muita dificuldade em entender tudo o que está passando em cena. É de fato exagerado o conceito de novo James Cameron que chegaram a cogitar, mas a forma como conduz a interação máquina-homem, que tenta explorar a mesma premissa do alien-homem de seu primeiro longa, criou uma forma fantástica de discutir assuntos sérios. Porém, neste novo filme existe um fator que não esteve presente nos projetos anteriores, que é a inserção de carga dramática acima do normal para o teor de sua produção.

O processo de aprendizagem de Chappie acaba ganhando contornos folhetinescos, onde uma trama paralela com bandidos e dinheiro se forma e enfraquece o alicerce principal do filme. A família que o “adota”, formada por um trio de assaltantes afetados, cria um vínculo afetivo com o andróide forçado, daqueles onde o amor muda o comportamento, descambando para um final clichê e decepcionante. Além disso, existe um vácuo temporal no roteiro, uma indecisão em qual caminho seguir que esfacela a parte que seria mais interessante, a humanização da inteligência artificial.

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Essa indecisão narrativa de Blomkamp é compensada por uma boa direção nas cenas de ação. Ele mantém seu estilo de edição palpitante, usa e abusa de câmeras lentas e cria cenas tensas, frenéticas e não poupa o público do desagradável das cenas de violência e mutilação. Só nestes momentos identificamos o diretor promissor que surpreendeu o mundo. Os efeitos também são de ótima qualidade, pois conseguimos tomar o simpático Chappie (com a personalidade de Sharito Copley) como um ser humano revestido com uma armadura de titânio.

Em uma segunda visita à Chappie, pode-se até continuar boquiaberto com a forma em que o diretor soube inteligentemente se utilizar do CGI e das tecnologias mais variadas, contudo, se ficarmos atentos ao que realmente o filme queria nos passar, ainda sobressairá o texto pobre e situações bobas e que não estão à altura do primor técnico.

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