BEN-HUR | CRÍTICA

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Ruim

Ben-Hur posterA fascinante história de Judah Ben-Hur, que se mescla à do próprio Cristo, escrita por Lew Wallace em 1880, já havia ganho suas versões cinematográficas em 1925, ainda no período mudo e no maior épico de todos os tempos, dirigido por Willian Wyler em 1959. Eis que surgiu a notícia que Ben-Hur ganharia uma nova versão, o que estarreceu o público e a crítica devido ao fato que o vencedor de 11 Oscar da década de 50 ser um parâmetro temeroso para nova obra. Contudo, sob a batuta de Timur Bekmambetov, o remake chega aos cinemas em 2016 tentando ser mais fiel ao livro, dando mais destaque para Cristo e com uma pegada dos filmes de ação contemporâneos.

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Judah Ben-Hur (Jack Huston) é um jovem que sempre pregou que a população deveria conviver bem e sem atritos com os romanos que ocupam Jerusalém, na mesma época do surgimento de Jesus Cristo. Seu irmão adotivo Messala (Toby Kebbell) sempre se ressentiu por ser adotado, e depois de retornar de Roma, onde se tornou um importante comandante, retorna e acusa seu irmão de traição. Judah é mandado para escravidão, mas depois de salvar a vida de seu mestre (Morgan Freeman), ganha a liberdade e a chance de ter sua vingança.

Este novo Ben-Hur estava cotado para já nascer como um fracasso devido ao simples fato de ser inevitavelmente comparado com o clássico excepcional de 1959, porém, os roteiristas Keith Clarke e John Ridle trataram de mudar o foco narrativo deste novo longa. Ao invés de apostar na simples busca de vingança à qual se propõe o personagem no filme anterior, agora se pretendia trazer uma discussão sobre a intolerância entre os povos, invocando assim uma maior interferência transcendental do messias, vivido com boa intenção e pieguice por Rodrigo Santoro.

Entretanto, essa mudança não garante ao filme sua independência já que visivelmente se opta por dar maior ênfase à ação, histriônica, sobre-humana, “marvelesca”. Aí, cabe a comparação, já que, mesmo décadas atrás, a ação do filme de Wyler é bem mais tensa e aceitável. Talvez por ter sido feita de forma mais rústica, no qual, a sequência da corrida de bigas, onde neste filme é bem feita sob a camada quase infalível do CGI, levou quase quinze dias de gravações e milhares de figurantes para dar um tom de realidade incomparável.

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A caracterização dos personagens também passou por modificações que poderiam ter dado certo com a condução correta e interpretações mais consistentes. Mas, o relacionamento amoroso subjetivo de Judah e Messala, que mesmo moderado era o elo dramático das motivações da trama central do clássico, aqui se baseia numa simples inveja folhetinesca. Além disso, este Ben-Hur é um cara mais ideológico, que não quer apenas a simples vingança, ele busca algo que vai interferir na vida de todos. Esse tom dá a ele uma condição de herói, que não possui os defeitos egoístas e humanos que tornavam o personagem de Charlton Heston bem mais interessante.

Seja pela mão pesada de Bekmambetov (especialista em ações com pouco conteúdo), ou pelo simples fato de que o roteiro não consegue captar uma nova aura para condução da história, este Ben-Hur não consegue ser uma obra digna de não sofrer comparações. Mesmo que agrade o público que consome apenas o que lhe é imposto pela preguiçosa Hollywood moderna, é bem melhor encarar as quatro horas do grande filme de 1959, que não merecia nem ser citado em um mesmo texto dessa grande perda de tempo e dinheiro.

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