É sempre interessante observar o nascimento de uma nova vertente dentro de um gênero. A espionagem, por exemplo, sempre foi muito abordada dentro da sétima arte, mas quase sempre recheada por cenas de ação para compor o seu clímax. Entretanto, sempre surgem aqueles projetos que podem utilizar outro tipo de narrativa. The Americans é um bom exemplo para isso, já que desde a primeira temporada os personagens e as situações são desenvolvidas de forma igualmente importantes. Acompanhando a vida dos espiões da KGB Phillip e Elizabeth Jennings em diversas missões dentro dos EUA, logo o roteiro chamou atenção e conseguiu conquistar o público situado em uma época de guerra fria e mostrando missões de grande importância para a resolução da época. Agora, apresentando novos caminhos, a 2ª temporada chegou ao mercado home vídeo.
Após apresentar situações diversas em seu primeiro ano, a segunda temporada retorna apresentando missões mais intensas envolvendo o assassinato de dois infiltrados da KGB nos EUA logo no início. A partir de tal ponto, Elizabeth E Philip Jennings (Keri Russel e Matthew Rhys) acabam se envolvendo em uma verdadeira corrida por avanços tecnológicos e a busca por detalhes envolvendo novos projetos do governo estadunidense. Entretanto, o perigo também gira em torno dos agentes infiltrados, sendo que cada vez mais o envolvimento deles também acaba colocando em ameaça os seus disfarces, sua família e fazendo o casal também passar por um incrível teste de fidelidade durante uma trama recheada de reviravoltas.
Mesmo sendo desenvolvida dentro de um gênero já existente, a trama apresentada na série de TV tem suas diferenças narrativas. Nunca um programa utilizou tal abordagem, centrando realmente o seu roteiro dentro das questões da Guerra Fria e colocando os espiões da KGB como protagonistas. Com tal construção, o espectador pode olhar o outro lado da guerra fria, acompanhando os sucessos, fracassos e perigos vivenciados por seus personagens. As situações envolvendo tecnologia e mortes também crescem no segundo ano, assim como a grande busca por descobertas envolvendo a tecnologia e os projetos futuros dos EUA. Enquanto isso, o FBI também continua sua grande caçada aos infiltrados, chegando cada vez mais perto e passando por algumas reviravoltas inesperadas no decorrer do seu caminho.
No geral, a nova temporada é basicamente centrada em tal busca tecnológica, mas também é assolado por momentos de grande tensão em trocas de tiros e até mesmo no desenvolvimento cotidiano que vai escapando das mãos de Elizabeth e Philip. Dentro de casa, é com Paige que o duelo do casal é travado envolvendo crenças, mentiras e segredos. A afronta da adolescente vai ficando cada vez mais insistente, chegando a chamar cada vez mais atenção no decorrer de toda a abordagem construída até aqui. Para completar, os aspectos técnicos continuam sendo muito bem definidos. O figurino de toda a série mantém o seu clima, assim como toda sua ambientação nas locações e em uma fotografia diferente, que até faz parecer que o programa foi filmado em uma outra época.
É claro, nem tudo é centrado apenas sobre a família Jennings. Envolvendo o FBI e a Rezidentura Russa, o roteiro também vai sabendo exatamente o que abordar em torno de Nina e Stan Beeman. É uma verdadeira batalha de inteligência envolvendo os dois setores, enquanto reviravoltas também são colocadas dentro do contexto que constrói todo o caminho para sua resolução final. O crescimento dos dois é fantástico para tal finalidade, assim como o envolvimento de Arkady Ivanovich e Oleg Igorevich Burov em todas as questões. Além disso, é interessante ver até mesmo como discordâncias que vão surgindo nos dois lados, já que Oleg tem outra visão sobre as atitudes de Arkady e Stan continua sempre buscando retirar Nina do local.
Um verdadeiro salto em matéria de desenvolvimento na trama. Talvez seja essa a melhor colocação para o segundo ano apresentado por The Americans, já que desde os primeiros momentos a tensão realmente toma conta do programa e consegue se manter assim até o final. A rivalidade é ainda mais acentuada com os acontecimentos e decisões tomadas por cada lado, intensificando a corrida pela inteligência e tecnologia, mas também criando perigos através disso. Os Jennings realmente passam por transformações com todas essas questões, por vezes até invertendo um papel que era apresentado no primeiro ano em consideração a causa. Agora, Philip demonstra maior confiança, enquanto Elizabeth está mais maternal e buscando colocar limites nos ideais de seus filhos.
Enquanto isso, no meio de tantas confusões cotidianas, ainda existem aqueles que são usados como peças chaves para outras questões do casal e o relacionamento de Nina com Stan. Todos buscam por respostas, até mesmo Martha que é aquela que estava mais no escuro até o momento. Contudo, é na segunda metade que a produção realmente surpreende em uma grande reviravolta envolvendo muitas mortes, uma verdadeira luta contra o tempo e respostas que o casal não esperava. Agora, com o término, descobertas foram feitas, possibilidades abertas e o programa deve apenas melhorar com todas as situações plantadas para sua 3ª temporada.
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