Não é segredo que o cinema está sempre passando por reformulações em suas abordagens, mas existem alguns estilos que fazem falta atualmente. Produções como E.T. O Extraterrestre, Goonies, De Volta para o Futuro e Esqueceram de Mim não são mais apresentadas com tanta frequência. Outros temas podem até ser surgido no meio das ausências, mas ainda assim existe aquela saudade. A verdade é que a sétima arte perdeu a essência dessa época nos últimos anos, deixando o público infanto-juvenil sem a antiga perspectiva aventuresca que era apresentada através de tramas que foram marcantes e que poderiam ser encaixadas ainda dentro de outros gêneros. Contudo, por vezes surgem aqueles que buscam resgatar tal essência. É exatamente aqui que Alexandre e o Dia Terrível, Horrível, Espantoso e Horroroso se encaixa.
Baseado no livro best-seller, o filme começa seguindo as experiências de Alexandre, mostrando o dia mais terrível e horrível de sua jovem vida, enquanto o mesmo ainda faz uma analisa de coisas ruins só acontecem com ele. Entretanto, ele também sente como se sua família não lhe entendesse. Mesmo estando desempregado, o seu pai (Steve Carell) só pensa nas coisas positivas da vida e cuida do seu irmãozinho Trevor (Elise e Zoey Vargas), sua mãe (Jennifer Garner) está em uma excelente fase no trabalho, sua irmã (Kerris Dorsey) será a estrela da peça escolar de Peter Pan e o seu irmão (Dylan Minette) está indo para um aguardado baile. Com todos em um ótimo momento e sem ser compreendido, o jovem decide utilizar o seu pedido de aniversário para que sua família tenha um dia como os seus. Por incrível que pareça ele é atendido, resultando em um dia recheado de grandes confusões.
Talvez o melhor ponto de todos no filme seja exatamente o seu roteiro. Sem uma direção ou fotografia com ousadias, sempre seguindo o caminhos certo para uma produção comum, é toda a trama que chama atenção por conta das lembranças e claras inspirações naquelas antigas e apaixonantes aventuras familiares. Alexandre é incompreendido e lembra o Kevin de Esqueceram de Mim, até pelo seu pedido diferente. É a inocência presente em um estilo narrativo que já foi comum e conquistou um grande público no passado. De fato, uma perspectiva muito interessante, sempre acompanhando a família e suas situações embaraçosas, sem deixar de ser uma grande aventura e sabendo como trabalhar aquele sentido de comédia sem forçar a barra. Uma grata surpresa, que funciona muito bem dentro dos seus limites e sabe como aproveitar todos os seus aspectos, incluindo a trilha sonora.
É claro, o elenco de Alexandre e o Dia Terrível, Horrível, Espantoso e Horroroso não é o melhor do mundo, mas também não deixa a desejar. Aliás, o elenco soube exatamente como interpretar cada um dos personagens, não deixando espaço para o pensamento do espectador buscar para outros nomes, independente de ser muito conhecido, como Steve Carell e Jannifer Garner, ou não. O bebê, é claro, é sempre fofo. O elenco infanto-juvenil formado por Kerris Dorsey, Dylan Minette e Ed Oxenbould ainda tem uma pegada mais interessante, a de irmãos. As implicâncias parecem surgir de forma natural, colocando um aspecto ainda maior de família dentro de todo o projeto. Além disso, todos os membros da família tem os seus momentos de destaque no roteiro.
A verdade é que não trata-se de um título perfeito. Defeitos existem no contexto desenvolvido, assim como exageros, mas é o tipo de produção que sabe exatamente do que precisa e tem como o único objetivo o entretenimento do seu público. As confusões por vezes geram risadas, enquanto outras são apenas parte de uma grande aventura em cima de um dia recheado de confusões. É algo realmente familiar, com aquele tom de nunca os maiores vão entender a perspectiva do mais novo. Além disso, não deixa de ser um resgate ao estilo dos antigos títulos, que hoje fazem falta. Quer você goste ou não, Alexandre e o Dia Terrível, Horrível, Espantoso e Horroroso sabe exatamente o que quer mostrar, seguindo os muitos clichês, suas convicções e divertindo no ponto certo, com muitas situações desastradas e uma lição de moral correta ao seu final. Independente do dia ou idade, a família deve sempre estar em primeiro lugar para todos.
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