ÁGUAS RASAS | CRÍTICA

Classificação:
Bom

Águas Rasas pôster criticaSteven Spielberg é um mito da história do cinema por muitas coisas, uma delas é transformar o trivial e simplório em obras excepcionais e inesquecíveis. Exemplo disso é seu primeiro grande super sucesso, Tubarão (1975), que levou milhões aos cinemas, que conseguiu funcionar como suspense, terror e drama de forma inigualável até os dias de hoje. Os mares nunca mais foram os mesmos depois do filme de Spielberg e, quarenta anos depois, ele ainda ecoa no cinema americano. Águas Rasas segue o mote, mas adota uma linha moderna, com uma montagem inteligente e tensão bem equilibrada. Mas, segue um padrão inverossímil de produções B que prejudica o produto final.

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Para tentar se recuperar da recente perda de sua mãe, a jovem médica Nancy (Blake Lively) parte para uma praia paradisíaca e isolada, onde sua mãe visitou quando estava gravida dela. Entretanto, ela é atacada por um grande tubarão e acaba ficando ilhada em um pequeno recife que sumirá assim que a maré encher. Mesmo ferida ela terá de encontrar uma maneira de sair da água e sobreviver.

O que de fato chama a atenção em Águas Rasas é a forma como o roteirista especialista em terror Anthony Jaswinski conseguiu criar uma cadencia que deixa uma tensão latente se desenvolver na primeira meia hora de filme. Todo mundo sabe que o tubarão irá atacar, a qualquer momento, e esperar o momento certo em introduzir a ação consegue captar o interesse do público, não deixando que o banal impere.

Talvez, o excesso de produções com tubarões lançados ultimamente, como a tosca franquia Sharknado, deixam uma sensação de deja vu quase que inevitável. Porém, essa situação de isolamento da personagem de Lively, que lembra mais o bom Mar Aberto (2004), consegue ser simples e impactante com a onipresença do vilão da história. Sem exagerar no drama pessoal da protagonista, o filme foca mesmo é na situação limite, no embate homem (mulher!)-natureza e no senso de sobrevivência.

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Entretanto, quando finalmente somos lançados ao confronto de Nancy com o tubarão, o filme se torna irregular. O diretor Jaume Collet-Serra alterna bons momentos em que valoriza o perigo subjetivo que espreita a presa, com momentos em que se rende a cenas totalmente apelativas, que desafiam a lógica. Ou seja, conduz o filme com a mesma inconstância de sua carreira, onde se destacou no ótimo A Orfã (2009), e deixou a desejar em bobagens dispensáveis, como o recente Noite sem Fim (2015).

Há de se destacar a atuação de Blake Lively. A garota de Quatro Amigas e um Jeans Viajante (2005) e da série Gossip Girl (2007-2012), que chegou a maturidade com o ousado Selvagens (2012), já havia chamado a atenção em A Incrível História de Adaline (2015), mas aqui, sozinha e tendo que carregar o filme nas costas, consegue uma segurança que não a deixa apresentar o mais do mesmo de filmes do gênero. Esse desempenho pode alçar sua carreira a desafios ainda mais interessantes.

Mesmo que nem de longe chegue ao patamar da obra-prima de Spielberg, Águas Rasas consegue ser um filme interessante, que prende a atenção do público e chega a dar alguns bons sustos. Talvez com uma trilha sonora mais competente aqui, e uma direção mais experiente ali, seria um filme bem acima da média.

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