A Plague Tale: Innocence é um jogo que ganhou destaque na mídia ao longo dos últimos 12 meses. Os trailers, além de apresentarem gráficos realistas, mostrou uma proposta de gameplay que se assemelhava muito à The Last of Us, clássico lançado para o PlayStation 3 e considerado um dos melhores jogos dos últimos anos.
Mas agora, após jogarmos o título de forma antecipada, já podemos adiantar duas de nossas conclusões antes de seguir em nossa análise: A Plague Tale: Innocence é muito mais do que inspirado em The Last of Us e tem um universo próprio. Quer saber mais? Siga adiante e confira mais uma review antecipada do Jornada Geek!
Inspirado, sim. Copia, não!
The Last of Us inovou quando foi lançado e, não atoa, foi o sucesso que foi. Elementos de jogabilidade, história densa e personagens carismáticos fizeram do game da Naughty Dog um clássico. Logo, é perfeitamente normal que jogos futuros o tenham como referência.
Mas A Plague Tale: Innocence vai além. Se pelos trailers e gameplays divulgados eu achava que havia a inspiração, depois de finalizado eu tenho a certeza: a jogabilidade é muito semelhante, com exploração de cenários e puzzles, indo até para as cenas onde vemos a direção do local no horizonte do mapa e devemos ir até ele.
A história de Amícia e Hugo também traz outras semelhanças, como Hugo, ao menos no começo, sendo mais um peso para a irmã mais velha do que um personagem realmente útil, assim como Ellie era para Joel em The Last of Us.
E eu consegui me lembrar do belo jogo de 2013 até naquelas partes em que era preciso dar aquela “mãozinha” para alcançar uma parte mais alta do cenário, utilizar distrações e passar sem ser visto e até na “mesa” de melhorar as habilidades. Tudo isso vão te lembrar do jogo da Naughty Dog. Mas as semelhanças acabam aí.
A originalidade da Asobo Studio
Se The Last of Us trouxe um fungo que dizimou boa parte da humanidade, A Plague Tale: Innocence utiliza de um “drama real” para inserir sua narrativa. Em uma nova versão da Peste Negra, os jogadores devem enfrentar hordas de ratos, enquanto são caçados pela Inquisição, por um motivo que só será revelado quase ao fim da história.
Amícia, nossa heroína, se vê sozinha no mundo ao lado do seu irmão mais novo Hugo. No entanto, os dois não tinham uma convivência prévia devido a uma doença que Hugo possuí. Logo, ao mesmo tempo em que tentam fugir da Peste Negra e da Inquisição, ambos vão se conhecendo e entendendo o peso que a morte e as perdas causam.
Enquanto os jogadores avançam no enredo, também vão descobrindo novas formas de superar os obstáculos, ao obter novas “armas” (receitas de alquimia que são muito úteis!) e encontrando novos companheiros. Não serão poucos os momentos onde, para resolver os diversos quebra-cabeças espalhados por todo o jogo, os jogadores precisarem desses novos amigos para avançar.
Já no combate, eu me lembrei de Styx, franquia também publicada pela Focus Home Interactive. Por mais que Amícia seja hábil com sua atiradeira, ser visto por um guarda inimigo praticamente decreta o game over, pois a jovem não tem força suficiente para se defender dos ataques inimigos. É claro que o título reserva algumas surpresas em relação à isso, e eu não vou dar nenhum spoiler de quais são suas alternativas para escapar.
A nova versão da Peste Negra: ratos!
A Peste Negra foi a inspiração da desenvolvedora ao criar uma parte dos monstros do jogo, os ratos. A pandemia, que estima-se que matou um terço da população européia no Século XIV, era transmitida aos seres humanos em uma bactéria que habitava as pulgas de ratos-pretos ou outros roedores. E aqui, ela ganhou uma conotação assustadora.
A Peste Negra de A Plague Tale: Innocence assume a forma de ratos. E eles estão agitados, organizados, carnívoros e atacando qualquer coisa se mexe, seja NPCs, animais ou inimigos. E eles aparecem em muitos momentos do jogo, em campos abertos ou cidades, colocando nossa dupla de protagonistas em maus lençóis.
Mas, por mais que eles sejam praticamente invencíveis devido à quantidade, nem tudo está perdido. Eles se afastam da claridade, então, em cenários abertos e diurnos, você ficará livre de cruzar com eles. Mas, bastou escurecer um pouco ou entrar em um ambiente fechado, que o chão irá tremer e eles irão surgir do nada. É bom estar preparado.
O combate contra eles talvez seja um dos elementos mais intrigantes do jogo, pois eles são parte fundamental da narrativa. É possível “guiá-los” para atacar um guarda da Inquisição, após deixá-lo vulnerável, ou mesmo utilizar da alquimia para manipulá-los. Já no endgame, uma reviravolta mostra que eles são mais organizados do que fomos levados a acreditar, e torna o desafio ainda mais intrigante.
O que decepciona
Destacados os principais elementos de jogabilidade de A Plague Tale: Innocence, é importante ressaltar que o título tem alguns problemas chatos e que o tornam cansativo após algumas horas. Mesmo sendo um jogo curto (eu contabilizei 12 horas na Steam), o gameplay não é muito variado e torna-se bastante repetitivo com o avançar da história.
Por mais que Amícia ganhe recursos para enfrentar os inimigos humanos e os ratos, o fato de ser basicamente stealth o torna fácil depois de algum tempo, bastando conhecer e dominar os elementos que o jogo oferece. O mais absurdo nisso tudo é que, basta utilizar a atiradeira e acertar uma pedrada em um adversário sem elmo para derrotá-lo. E, ah, Amícia não cansa nunca.
A Plague Tale: Innocence possuí todos os textos em português brasileiro e isso é um ponto positivo. Mas o áudio fornece três idiomas inglês, a minha escolha, francês e alemão, e considerei o trabalho fraco. O sotaque em diversos personagens é carregado, como se alguém que não fala a língua de forma nativa tivesse trabalho na dublagem. E isso me desagradou um pouco.
Por fim, A Plague Tale: Innocence oferece apenas o modo história e pronto. Não há mais nada a se fazer após o término da história, exceto repetir capítulos e encontrar colecionáveis. Não há finais diferentes, não há missões secundárias, nada disso. Uma pena.
Veredito
Os trailers divulgados pela Focus Home Interactive fizeram a comunidade criar um certo hype por A Plague Tale: Innocence e eu arrisco a dizer o sucesso pode ter sido alcançado. A desenvolvedora Asobo Studio entregou uma narrativa consistente, que gera apego aos personagens principais e curiosidade para o restante do jogo. Curiosidade e apego suficiente para relevar o fato do título se tornar repetitivo. Soma-se à isto os belos gráficos, que podem fazer do game um dos mais promissores games do ano.
A Plague Tale: Innocence será lançado nesta terça-feira, 14, para PlayStation 4, Xbox One e PC, via Steam. O preço varia de acordo com a plataforma.
*Review elaborado usando a versão de PC do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.