Imagine o cenário: um canastrão misógino com pinta de galã, ao lado de duas modelos maravilhosas e trilhas sonoras que parecem ter saído de um filme pornô. Esse é Super Seducer, o polêmico jogo “estrelado” por Richard la Ruina, “especialista em sedução”, se é que podemos assim dizer.
Como dito na descrição da Steam, Super Seducer ensinará aos seus jogadores a atrair mulheres de forma mais fácil, a partir de simulações bastante forçadas em que o protagonista encara belas mulheres. E você ficou curioso para saber o que achamos desse jogo incomum? Fica de olho então em mais uma crítica do Jornada Geek!
Como é o jogo?
Super Seducer tem uma premissa muito simples: você é apresentado a uma situação – um café, uma abordagem em um bar, na pista de dança, etc. – onde deve escolher um limitado número de possibilidades de se aproximar e conversar com mulheres. E aí aparece de tudo: assuntos pessoais, testes “psicológicos”, elogios, piadas sem graça, etc. Aparecem também possibilidades inusitadas e pouco éticas, indo desde a masturbação na frente das personagens, contato físico sem consentimento, e por aí vai…
Essas escolhas, limitadas por si só, mostram o quão vazio o jogo consegue ser, tentando estipular uma fórmula ou caminho para que a conquista se concretize. A ideia até poderia ser interessante se pensasse em outras tantas hipóteses. Porém, o jogador é limitado a questões banais e muito fúteis. Não me levem a mal, mas autenticidade pesa demais nessas coisas, e aí o senhor la Ruina não foi nada feliz…
Fórmula pra sedução?
Antes de mais nada, me desculpe Richard la Ruina, mas as coisas não funcionam assim. Tudo bem, podem existir tópicos a serem mais discutidos ou abordagens mais simpáticas, mas pera lá. Acreditar que há uma fórmula ou um roteiro é algo um tanto forçado. Mais exagerado ainda é o iludido jogador acreditar que pode ser uma máquina de sedução ao se transformar em um galã de pornochanchada. Desculpe, mas não dá.
Richard la Ruina acredita piamente que certas opções absurdas podem ajudar aos jogadores com dificuldades em se socializar a se dar um pouco melhorar nas interações. Será? Sinceramente, creio que não. O jogo disponibiliza opções absurdas onde você pode falar do seu “negócio”, ou até mesmo “se tocar” na frente da paquera virtual. Tudo bem, ele não aprova isso, como os vídeos mostram, mas essas opções não deveriam ser cogitadas. Caso você pense em uma dessas hipóteses, procure por tratamento JÁ!
Misoginia é pouco
O protagonista é de fato um cara bem apessoado. Mas e daí? Se ele deseja passar a ideia de que pessoas tímidas podem se dar bem, fez de um jeito completamente errado. Pior ainda, misógino. Em meio a fotos com várias mulheres o cercando, é de doer ver e ouvir os “conselhos” do personal love ou relationship coach (se é que isso existe, mas não duvido) em uma cama e com duas modelos de lingerie fazendo caras e bocas, claramente objetificando o sexo oposto.
Enquanto o mundo todo discute questões de igualdade de gênero, la Ruina parece ainda se achar um macho alfa indo a caça. E pior, acha que os jogadores devem fazer o mesmo. O protagonista inclusive tem opções de se fingir de cego ou mentir de variadas formas para atingir seus objetivos. Longe de querer ser hipócrita, mas “que exemplo”!
Pior ainda foi querer lançar o jogo próximo ao Dia Internacional da Mulher, sendo um piada de muito mau gosto ou mero infortúnio, não se sabe ao certo. Porém, por conta de seu conteúdo duvidoso, o jogo foi cancelado pela Sony em cima da hora, estando de fora do PlayStation 4. Aliás, Super Seducer tem recebido uma série de críticas da mídia especializada por conta do seu conteúdo exagerado e de péssimo gosto. Nada mais justo.
Veredito
Em Super Seducer, você não aprenderá nada além de uma ou outra piadinha engraçada para utilizar em flertes cotidianos. Enquanto jogo, pode até ser bem filmado, mas não é bem fluido: as atuações são meio forçadas, as dicas de la Ruina são limitadas e em termos práticos o jogo pouco ensina.
Não há fórmula para a sedução. Podem haver meios de se ter um clima mais agradável, bem como assuntos a serem tocados, mas, nunca se esqueçam uma delas: quando um não quer, dois não brigam. Ou seja, não adianta você ser simpático, ou até mesmo lindo, se a outra pessoa não desejar levar a conversa adiante. Richard la Ruina em alguns momentos força a barra e não considera o fim da conversa como solução, afinal de contas, ele alega que não há como perder neste jogo. Ah, la Ruina… A vida real está muito longe de ser assim.
As mulheres, expostas como objetos em suas dicas já dão a entender o fracasso do jogo, que peca nas limitações dos diálogos e na futilidade envolvida nos flertes. O mundo gamer já é machista o suficiente para ser exposto a mais esse título. Super Seducer é um show de bizarrices com belas mulheres, ideias muito fracas e um Ashton Kutcher de quinta categoria.
Desenvolvido pelo estúdio indie Fair Play Labs, Super Seducer está disponível somente em formato digital por R$ 26,89, via Steam. O game, cancelado pela para PlayStation 4 às vésperas de seu lançamento, conta com a nota 35 no Metacritic, mostrando como a crítica especializada foi contra a ideia.
*Cópia fornecida pela desenvolvedora.