Nota do editor: God of War é um dos grandes lançamentos do ano e essa review contém algumas informações que podem estragar a experiência do jogador, no entanto, sem spoilers da história!
Que os games ocupam um lugar de destaque na indústria do entretenimento, isso não é mais nenhum segredo para ninguém. Superproduções, experiências imersivas, narrativas impactantes e lições sobre o mundo real são passados ao longo de várias horas de jogatina em frente à uma TV ou um PC. A franquia God of War sempre teve essas características.
O lançamento deste ano, God of War, exclusivo para PlayStation 4, chegou com tudo. Mais de cinco anos em produção, milhares de horas investidas em seu desenvolvimento e uma fórmula totalmente diferente daquela que consagrara a série no passado, tanto que não foi chamado de “God of War 4”. Foi um recomeço, que gerou desconfiança de uns, olhos atravessados de outros, mas que, quando as primeiras notas da imprensa internacional saíram, houve uma certeza: estávamos diante de uma obra prima dos games!
God of War tem tudo aquilo que consagrou a série. E eu digo tudo mesmo! Você vai encontrar gigantes, trolls, chefes memoráveis e muitos inimigos que agregam um conteúdo extenso à jogatina. Mas também vai encontrar uma narrativa um pouco mais lenta, mais humana, com mais horas de gameplay, missões secundárias e até partes de um mundo aberto.
Você está curioso para saber como o Santa Monica Studio desenvolveu aquele que, com certeza, vai concorrer ao prêmio de jogo do ano? Vem com a gente em mais uma review do Jornada Geek!
A Jornada
God of War é um jogo intimista, que vai te fazer sentir as emoções de Kratos e seu filho, Atreus. Ao longo das mais de 20h que demorei para terminar a história e algumas das missões secundárias, os personagens passam por um verdadeiro carrossel de emoções.
Sabe aquela jornada solitária em busca de vingança dos primeiros jogos? Ela deu lugar à uma complexa relação de pai e filho, que acabam se conhecendo enquanto partem em uma jornada para realizar o último pedido da mãe do garoto e mulher de Kratos. Boa parte das perguntas que tínhamos ao ver os diversos trailers e informações que foram divulgadas no período pré-lançamento são respondidas, mas muitas outras ficam em aberto. Como já dito, vamos evitar spoilers neste texto.
Além disso, as características dos dois é explorada de uma forma bastante realista. Atreus, como era de se esperar, é uma criança inocente, que desconhece os perigos do mundo real e até mesmo as suas origens. Já Kratos é um “velho ranzinza”, que foi parar em outro local para fugir do seu passado. Obviamente, uma relação complicada.
As referências
A mitologia nórdica presente em God of War trás grandes referências e é um prato cheio para os fãs dessa história. Se você acompanhou os filmes de Thor, da Marvel, certamente está familiarizado com os Nove Reinos, Midgard, Odin, Thor e cia. Se não, fique tranquilo. Tudo é muito bem explicado ao longo do jogo, seja na história ou nos diversos colecionáveis espalhados por aí.
Mas não foi só na mitologia nórdica que o diretor Cory Barlog se inspirou ao criar o game. Se você jogou o premiadíssimo The Last of Us ou mesmo os jogos da franquia Uncharted, vai pegar algumas das referências na jogabilidade, principalmente quanto à interação entre Kratos e Atreus nas Quick Time Events (QTE).
Mas é mais do que isso. Como explicado em um dos trailers do jogo, Atreus não é um fardo durante o gameplay. Ele é peça fundamental para te ajudar na solução de puzzles, para encontrar e abrir baús e até mesmo no combate, depois de evoluído.
O que mudou?
Se no passado você evoluía Kratos de forma mais direta, obtendo orbs de sangue e distribuindo pontos de habilidade para a característica desejada, o sistema de evolução mudou no novo God of War. Com muitos elementos de RPG, os jogadores podem personalizar cada peça das armaduras, evoluir o machado Leviatã e criar elementos mágicos que auxiliem no combate, não se limitando somente ao protagonista. Se você quiser Atreus mais colaborativo em combate, é possível fazê-lo ajudar desde que você adquira essas melhorias.
E já que entramos no campo do combate, ele foi o que mais sofreu alteração. Os inimigos ganharam níveis e se tornam mais difíceis com a evolução do jogo. Ele também ficou mais tático, já que o machado de Kratos é como um martelo do Thor: vai e volta, gerando possibilidades para quebrar as defesas inimigas com um ataque por trás.
Mas isso não tornou o jogo chato, longe disso. A visceralidade marcante da franquia segue presente, principalmente na finalização das batalhas. Não foi por acaso que o game foi censurado em 18 anos no Brasil. E, para os fãs clássicos, o título reserva a Fúria Espartana, que é um “especial” para cair na mão com os inimigos, além de uma agradável surpresa.
A quase perfeição
Se um jogo leva 95 no Metacritic, é claro que estamos diante de uma obra prima. Mas aqueles cinco pontos que poderiam completar os 100, são explicados por alguns fatores que podem ser determinantes:
God of War, mesmo inovando em narrativa e no combate, é um jogo repetitivo. Você já ouviu alguém falando que o jogo é andar pra frente e socar quem aparecer pela frente. Essa é uma tática que, embora não vá funcionar em todos os momentos, está presente, principalmente nos inimigos de menor apelo.
O jogo tem poucos bosses únicos, o que é uma variedade bem pequena se compararmos com os outros. Em suma, enfrentamos inimigos que parecem chefes, mas são cópias de outros que aparecem em diversos momentos do título, como os trolls com pedaços enormes de madeira e os Ancestrais de Pedra. Jogando em dificuldade média, o jogo até trouxe certo desafio, curva de evolução e aprendizado, mas peca por detalhes. Não sei se explorei muito e evolui meu Kratos demais, mas a batalha final aconteceu sem muita dificuldade.
Tecnicamente impecável
Falar do novo God of War sem comentar a beleza e o desempenho técnico do jogo seria um erro tremendo. Certamente, o jogo é um dos mais bonitos graficamente já apresentados nessa geração, e isso rodando em um PS4 comum com resolução de 1080p. Não deixa nada a desejar.
E todo esse poder, distribuídos em quase 50GB de espaço no HD do videogame, funcionam muito bem. As telas de loading só aparecem quando você morre e, os raríssimos carregamentos de assets durante o gameplay, acontecem de forma bem rápida e dinâmica.
Outro detalhe que merece nossa atenção é a trilha sonora memorável. Com canções e músicas de fundo empolgantes, o título tem um destaque enorme nessa parte. Mas o verdadeiro destaque no Brasil fica por conta da dublagem perfeita dos personagens. É como se cada um deles tivesse sua voz, sendo difícil imaginar outra voz em cada um deles.
Veredito
Que o novo God of War seria um bom título, isso ninguém duvidava. Mas é notório que, mesmo assim, o Santa Monica Studio conseguiu superar as expectativas. Em uma jornada de redenção, aventura e autoconhecimento, Kratos e Atreus vivem uma emocionante história, com narrativa profunda, cheia de novidades e com o maior tempo de gameplay da franquia.
God of War é exclusivo de PlayStation 4 e pode ser encontrado em versões físicas no varejo e digital na PlayStation Store em duas versões: a padrão, por R$ 199,90, e a Edição Digital Deluxe, por R$ 229,90, que traz uma série de colecionáveis in-game.
*Cópia fornecida pela desenvolvedora.