Os jogos sempre nos permitem crescer, progredir e aprender a usar novas habilidades. Quando chegamos no seu clímax, sempre temos um personagem poderoso e capaz de de fazer muito mais do que quando começamos. Mas e se seus inimigos aprendessem junto com você, e a maneira mais segura de prosseguir é fazendo o mínimo possível? ECHO propõe esse desafio. O jogador tem capacidades cada vez maiores, ao mesmo tempo em que é estimulado a não exagerar para não se arrepender. Em ECHO, menos é mais.
Ficção científica e muito mistério
A Ultra Ultra, desenvolvedora do game, inseriu a sua história da melhor maneira possível. Em vez de obrigar os jogadores a engolir um livro inteiro de explicações, ECHO vai na direção oposta.
Controlando a protagonista En, você acorda a bordo de uma embarcação sem ideia do que está acontecendo e por quê. Ela é o único personagem que você vai ver na tela, embora tenham algumas idas e vindas entre ela, London e um computador encarregado de ajudá-la.
É somente através de suas interações que você começa a aprender mais sobre o que está acontecendo. É uma história muito bem organizada e com as excelentes vozes de Rose Leslie (Game of Thrones) e Nick Boulton (Hellblade: Senua’s Sacrifice).
Encarando os desafios com estratégia
Em ECHO, você luta contra inimigos que são cópias exatas da En. Além disso, cada inimigo aprende certas habilidades que você realiza através do mecanismo do jogo de “ciclo de apagões”.
Quando as luzes estão acesas, o palácio registra todas as ações realizadas por En. Esmagou a cabeça de alguém com um vaso? Sufocou alguém até a morte? Atirou em todo mundo?
Boa sorte. Você acabou de ensinar tudo isso aos seus inimigos. Uma vez que os sistemas do palácio reiniciam, cada inimigo saberá te acertar com objetos, te sufocar e atirar em você.
Cada inimigo morto no ciclo de apagão anterior também ressurge no local exato em que morreram, agora armados com as habilidades que aprenderam com você.
O sistema de apagão de ECHO também é um reboot das suas defesas. Cada reinicialização do sistema apenas gravará as ações realizadas no ciclo de luzes anterior, o que significa que os inimigos podem ser predadores letais em um ciclo e um bando de inúteis em outro.
Isso pode levar a planos e cenários de jogos interessantes. Com as luzes acesas, eu corri, ataquei e disparei minha arma em uma área fortemente povoada. No seguinte, eu me esgueirei pelo caminho, não só para evitar ser atingido por inimigos inteligentes, mas também para fazê-los desaprender o que ensinei a eles.
ECHO te mantém em constante raciocínio, onde você precisa sempre pensar nas consequências de suas ações.
A fraqueza de um design recorrente
Enquanto o palácio é visualmente deslumbrante no início, ECHO cai em um padrão de repetição. Algumas salas e corredores parecem impossíveis de atravessar, porque tudo é idêntico à área anterior.
Entendo que parte disso vem do “eco” como tema, mas a falta de variedade prejudicou a experiência no longo prazo para mim. Todos os inimigos serem ecos da En só aumentam esse problemas.
Se as missões não fossem todas sobre coletar orbes, achar uma chave para abrir uma porta e ir de A até B, ECHO teria sido agradável do começo ao fim.
Outra consideração vem da decisão conjunta de design e narrativa. O início de ECHO é ridiculamente longo, simplesmente por ser lento. Pode se preparar para ter calma, pois a primeira hora é só andando em frente e conversando com o computador de bordo da nave.
Se não fosse por ter que fazer essa crítica, a minha natural impaciência teria feito com que eu desistisse depois de meia hora, o que é uma pena, pois logo depois disso o game pega no tranco.
ECHO: o veredito
Conceitualmente incrível e visualmente deslumbrante, ECHO começa devagar e depois perde um pouco do gás, começando a parecer um verdadeiro como um eco de si mesmo em pouco tempo. Save points muito distantes um do outro e ambientes análogos são exaustivos, o que é decepcionante, dado o potencial desse novo conceito apresentado.
ECHO tem uma proposta excelente, mas é como quando você passa a semana inteira comendo o que sobrou da ceia de natal: no começo é uma delícia, mas logo você já está cansado. Como o jogo é curtinho – no máximo umas dez horas, é possível terminá-lo antes de enjoar.
ECHO está disponível para PC, via Steam, e PlayStation 4. O título custa R$ 76,50 na plataforma da Sony e por R$ 45,99 para computadores. O game recebeu média de 78 pontos no Metacritic.
*Review elaborado usando a versão de PS4 do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.