Pillars Of Eternity nasceu da vontade de alguns caras que trabalhavam na Black Isle tiveram de fazer um RPG à moda antiga. Tal como os clássicos Fallout (os primeiros) e Baldur’s Gate. Após uma campanha bem sucedida no Kickstarter, a Obsidian (Fallout: New Vegas) conseguiu trazer seu projetos to sonhos à vida.
Será que o hype foi justificado, ou esse é mais um dos títulos que tentam copiar os clássicos e falham no meio do caminho? Descobriremos agora, em mais uma análise do Jornada Geek.
Dungeons & Spirits
Uma das primeiras coisas que pensei ao iniciar Pillars of Eternity foi: “cara, como isso me lembra D&D”. Quem já jogou RPG’s de mesa sabe como é legal uma narrativa bem feita, e como o bom uso de palavras e descrições pode nos levar até outro mundo. Temos disso aqui, e com uma história interessante para acompanhar.
Começamos criando nosso personagem, através de uma suíte de criação relativamente arrojada. Não podemos definir aspectos físicos como cabelos/rostos, mas em compensação temos uma gama enorme de customizações de habilidades, raças, classes e mais. Cada uma delas tem seus atributos e descrições bem definidos, o que dá peso à cada escolha que fazemos.
Após montarmos nosso herói, caímos direto na aventura. O que começa com uma simples busca por frutinhas e água acaba se tornando uma jornada envolvendo o mundo real, espiritual e tudo que há no meio.
Cautelosamente inovativo
O jogo foi feito, claramente, como um ode aos clássicos de antigamente, tanto em estilo narrativo quando visual e jogabilidade. Portanto, eles não reinventaram roda aqui. Pelo contrário, apenas pensaram modos de fazê-la rodar melhor. Temos muitas coisas retornando de títulos como Baldur’s Gate com pequenas melhorias e algumas mecânicas exclusivas no meio para dar um pouco de variedade.
Por exemplo, a visão é isométrica, um clássico para RPG’s desse tipo e um característica que seria usada em muitos jogos posteriores da empresa dentro desse mesmo estilo. Além disso, o combate usa o bom e velho sistema de turnos, com habilidade de pausar a ação em qualquer momento parecido com o que a Bioware usou em Dragon Age.
Temos todas as raças e classes que costumamos ver em um RPG, mas a Obsidian foi além e introduziu algumas únicas também. Por exemplo, meu personagem era de uma raça divina que possui uma cabeça de fogo, paladino de uma ordem focada em benevolência e proteção. Isso não é apenas flair, e tem um impacto direto em cada status do meu personagem, bem como em sua habilidade de dar e receber dano. Não existem restrições de equipamentos e armaduras, um outro ponto legal. Ainda que certas builds continuem sendo mais recomendadas para certas classes.
Em suma, entre no jogo com a expectativa de ter sua nostalgia bem saciada, mas sem aquela esperança de ver a fórmula sendo reinventada e expandida demais. Tudo que já vimos antes foi refeito aqui, e tudo funciona muito bem.
Você gosta de ler?
Porque se não gosta, rapaz… tenho má notícias. Como era de se esperar, Pillars of Eternity tem muita, mas muita leitura. E isso é impressionante. Tudo é descrito, tudo conta uma história e todos tem uma história para contar.
Isso faz maravilhas para trazer o mundo à vida, principalmente quando temos interseções de narrações e falas de personagens. Eu fiquei realmente impressionado, principalmente porque me senti em uma das sessões de RPG de mesa que participo semanalmente. A escrita do jogo está perfeita, e realmente é algo que eleva a experiência.
Infelizmente, é bom ter um domínio bom da língua inglesa se quiser aproveitar o jogo. Não temos pacotes para nossa língua mãe, e isso é um grande problema. Com a quantidade absurda de textos, um conhecimento reduzido é um detrimento enorme ao aproveitamento da experiência. Caso não tenha um conhecimento avançado, seria interessante aprender um pouco antes de desbravar os mistérios de Pillars of Eternity.
Probleminhas
Nada na vida é perfeito, não é? Felizmente, muitos dos problemas técnicos do título foram resolvidos em patches disponibilizados desde seu lançamento. Contudo, a release original era bem bugada, e isso merece ser mencionado aqui.
Graficamente, também, o título não impressiona. Nem parece um título de PC, com gráficos que remontam aos títulos simples de mobile ou remakes de outros jogos do início dos anos 2000.
Um último problema é quanto ao micromanagement que deve ser feito. Muitos personagens para controlar, termos, itens, coisas acontecendo ao mesmo tempo. Se não tiver foco, e paciência, ficará louco com a quantidade de coisas na tela e eventos acontecendo ao mesmo tempo.
Finalizando
A Obsidian acertou em cheio com Pillars of Eternity. O jogo consegue se inspirar bem em seus antecessores, sem copiar demais nem viver só de nostalgia. Velhas mecânicas são utilizadas com uma roupagem nova o suficiente para deixar a experiência fresca e o roteiro e trama são topo de linha.
A falta de idioma português complica bem, porque a leitura é pesada e extremamente volumosa. Os gráficos são meio feios, mas funcionam. Não é o suficiente, porém, para tirar o brilho e a maestria desse jogo. Pillars of Eternity é um clássico que deve ser apreciado por todos que gostam de uma boa história.
Pillars of Eternity, por enquanto, é exclusivo de PCs e pode ser adquirido na Steam com versões a partir de R$ 118,99.
*Cópia fornecida pela desenvolvedora.