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Logo após apresentar uma grande leva de personagens marcantes ao longo das décadas de 80 e 90, o gênero de terror hollywoodiano começou a passar também por momentos envolvendo uma grande falta de criatividade. As suas franquias em ascensão criaram uma certa mecânica através do sucesso, uma fórmula que continuou sendo batida ao longo dos anos. Obviamente, como sempre acontece, um ou outro título acabavam encontrando diferentes caminhos. Entre os exemplos, a franquia O Chamado e Jogos Mortais. Contudo, são de poucos anos para cá que o cenário começou realmente a mudar. E assim, após apresentar uma certa revolução com seu original, agora a franquia Invocação do Mal volta aos cinemas com um novo caso protagonizado por Ed e Lorraine Warren.
Na trama, logo após estarem envolvidos no meio do escandaloso caso de Amityville, Lorraine (Vera Farmiga) e Ed Warren (Patrick Wilson) acabam se vendo obrigados a deixar de lado uma pausa em seu trabalho por conta de um estranho caso na Inglaterra. Logo eles, a pedido da igreja, acabam desembarcando no país para investigar um estranho caso em Enfield, no final de 1970, onde a família Hodgson afirma estar presenciando situações incomuns ao longo dos dias. No centro de tudo está Janet (Madison Wolfe), uma jovem garota que vem sendo cada vez mais atormentada por algo que não sabe explicar.
O fato mais interessante desta continuação é exatamente a sua construção. Sabendo aproveitar somente o que deu certo no seu original, logo nos primeiros minutos a trama consegue impor um grande clima de suspense ao seu espectador através dos seus acontecimentos e ligações com sua protagonista. O desespero é claramente presente em certos pontos, enquanto o suspense vai também crescendo na mesma proporção para chegar ao seu momento crucial para um grande desenvolvimento.
Entretanto, para criar esse ambiente o roteiro também se mostra muito próximo da sua direção e fotografia. James Wan consegue apresentar inovações em sua direção, chegando a mostrar cenas através de outras perspectivas dos seus personagens, utilizando angulações diferentes e se aproveitando da escuridão como poucos cineastas do gênero conseguiram fazer até hoje.
Ainda assim, no meio da qualidade de quem está por trás das câmeras, outro ponto que vale ser ressaltado na produção de terror é quem também está atuando. O título possuí um grande diferencial ao contar com um elenco realmente qualificado para o que faz, sendo os retornos de Vera Farmiga e Patrick Wilson essenciais para isso. O desenvolvimento dos seus personagens neste novo capítulo é mais profundo, mostrando também suas situações mais íntimas e criando uma maior empatia por elas. Ainda assim, as adições de todo o núcleo familiar dos Hodgson, sua vizinhança, e tantos outros personagens, também merecem a menção, com um destaque gigantesco para Madison Wolfe em seus momentos de desespero e mudanças drásticas envolvendo possessão.
É realmente uma situação complicada quando um filme chega com a missão de, pelo menos, se equiparar ao seu antecessor e ainda gerar tantas expectativas. Seja pelo fato de apresentar um caso baseado em fatos, ou ser a continuação de um dos maiores sucessos do gênero de horror, Invocação do Mal 2 chegou exatamente assim. Mas o mais significante é poder afirmar que ele consegue convencer. Sem ter medo de ousar em certos pontos através da sua direção, o título não perde o seu foco em momento algum dentro da sua evolução. O foco é preciso e objetivo, com Wan claramente apresentando um novo clássico ao público.
A verdade é que o seu diretor sabe exatamente em que ponto precisa criar a tensão, assim como também sabe apresentar as suas cenas de alívio. E mesmo com tudo isso, no meio de clichês e inovações, com o público que conhece do gênero estando preparado para possíveis acontecimentos, ainda assim ele consegue o seu resultado final: o impacto através de susto. O diferencial aqui, entretanto, é que ele sabe que nem sempre precisa encontrar tal resultado, já que também tem o seu caso em questão ligado a descobertas e uma visão lá no início da sua trama.
Isso é de uma inteligência gigantesca, que acompanhada de todos os pontos, consegue deixar a expectativa e a tensão no ar até o último momento. Mais um ponto para James Wan, que consegue sempre deixar um gosto ao espectador de querer ver o seu próximo projeto. Que venha Aquaman, e que seja um grande filme.