CREED – NASCIDO PARA LUTAR | CRÍTICA – OSCAR 2016

Classificação:
Muito bom

Creed Nascido para lutar crítica posterDesde que ganhou fama mundial ao escrever e atuar em Rocky, Um Lutador (1976), que estarreceu todo mundo ao desbancar os favoritos Todos os Homens do Presidente e Rede de Intrigas no Oscar de 1977, Stallone sempre esteve em busca de uma nova chance de mostrar algo a mais. As continuações de Rocky e seu outro grande sucesso Rambo e sua sequências, conseguiram ser bem-sucedidos perante o público, mas os críticos sempre estiveram prontos a espezinhar o “Garanhão italiano” e suas atuações caricatas. Porém, quarenta anos depois de seu maior sucesso, Sly encarna Rocky Balboa pela sétima vez, entretanto, dando espaço para outro astro despontar, e entregando a melhor atuação de sua carreira.

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Depois de uma infância difícil, Adonis Johnson (Michael B. Jordan) é adotado pela esposa do pai, que morreu antes mesmo dele nascer, Apollo Creed, uma lenda do boxe mundial. Já adulto e com uma vida executiva bem-sucedida, ele decide largar tudo e se dedicar ao boxe. Para isso, ele procura o antigo adversário de seu pai, o mitológico Rocky Balboa (Sylvester Stallone), que cuida de seu restaurante e não tem mais interesse em se meter no mundo do boxe. Porém, depois de descobrir a verdadeira identidade do jovem, Rocky decide encarar o desafio. Em paralelo, outro adversário aparece e o velho boxeador vai ter que mostrar que ainda tem fibra de vencedor.

Soou desnecessário quando a notícia de que um spin-off da franquia Rocky, que depois de seis filmes se deu por finalizada em 2006 com Rocky Balboa (2006), e, o que deixava Creed – Nascido para Lutar ainda mais desnecessário, o fato de ter sido um fim digno. Entretanto, o roteiro do diretor e roteirista Ryan Coogler trouxe algo diferente para o mundo de Rocky: o lugar de coadjuvante na história, apenas uma ponte que ligasse as tramas e tornasse a história mais interessante, além de nostálgica. Buscou deixar que Stallone apenas fizesse sua parte, ou seja, injetasse a mística do mundo do boxe através de um mito, pois seu personagem é como alguém real de tão icônico que é.

Sendo assim, o filme não mostra algo tão notório em sua narrativa, é tudo muito simples, linear e bem parecido com os outros filmes sobre o esporte. Ainda assim, Coogler mostra preocupação em não deixar com que seu filme seja uma readaptação de Rocky, para isso insere um passado diferente para Adonis, que, apesar de ter passado parte da infância em orfanatos, foi criado com o luxo da viúva de Apollo, Mary Anne (Phylicia Rashad), ao contrário do personagem de Sly, que no primeiro filme era apenas um fracassado que passava os dias esperando por uma chance. Adonis correu atrás de sua chance, teve condições de fazer isso.

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Talvez, nem mesmo Coogler ou Stallone acreditassem que a forma com que o mito do boxe foi incluído na história fosse ser tão forte ao ponto de elevar o filme de uma simples obra oportunista sobre boxe a um drama inteligente e cativante. O respeito e humanidade com que o personagem é tratado dão um tom melancólico bom ao longa, que, mesmo sendo piegas e saudosista muitas vezes,não chega a ser um problema. Coogler, que fez ótimo trabalho em Fruitvalle Atation (2013), consegue fazer um paralelo interessante entre os dois personagens, entre ter o dom e nascer com o dom.

Mas, sem dúvida o que faz do filme imperdível é a grande atuação de Sylvester Stallone, que faz jus ao seu Globo de Ouro e a indicação ao Oscar em 2016. Pois, depois que conseguiu a fama com o primeiro Rocky, nunca mais ele conseguiu provar que poderia sim ser um bom ator. E talvez não seja, mas, a forma como desconstrói o personagem que encenou por seis vezes e cria um homem, não um mito, é digna de grandes atores. Além disso, mostra inteligência ao não deixar com que as coisas desandem e o personagem caia no melodramático demais quando o personagem se descobre perante a um grande desafio, não na carreira, mas na vida.

No fim das contas, Creed – Nascido para Lutar é um filme simples, de boxe, desses que lançam quase todos os anos, porém, ele conta com um fator que somente outros seis filmes tiveram a chance de ter, a presença de Rocky Balboa. E, com um Stallone inspirado do jeito que está, o filme passa ser imperdível.

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