Round Table – Coletiva de imprensa – Psi
Por: Leandro Bazaglia
O crador, os diretores e os atores da série Psi deram entrevistas exclusivas ao nosso site Jornada Geek (antigo Cinefagia) em um evento que, além do bate-papo, contou também com a exibição do primeiro episódio da 2ª temporada.
Confira abaixo da imagem alguns pontos que podemos esperar da 2ª temporada série que começará a ser exibida hoje, dia 4 de Outubro, às 22 horas, pelo canal HBO.
Em um bate papo com o site, o diretor geral, roteirista e criador da série Psi, Contardo Calligaris, falou sobre o que nós podemos esperar da segunda temporada.
Jornada Geek: O doutor Carlos Antonini gosta de ajudar as pessoas mesmo fora do consultório, você acha que a série ajuda também as pessoas que assistem a deixarem de lado preconceitos sobre transtornos mentais?
Contardo Calligaris: Isso é possível, sem dúvida, a ideia é que isso torne para todo mundo a vida mais interessante, do que um pouco mais complexa e complicada. Então essa é a minha ambição. Eu compartilho com Antonini o preconceito pela normalidade,(risos…). Além disso existem provocações no primeiro episódio, por exemplo abordando a violência doméstica passando por uma série de lares onde ela realmente existe, contra as crianças e mulheres, pois claro está nas estatísticas. Existem também provocações extraordinárias do lado feminino, como no caso em que a mulher que perdeu um olho e a relação dela com o marido, e em muitos desses lares o mistério é que a convivência continua. Mostra que a violência doméstica é um problema de todas as classes sociais.
Jornada Geek: A segunda temporada é mais social e fora do consultório do que a primeira?
Contardo Calligaris: Com certeza! Nós nunca quisemos fazer uma série de consultório, é uma série de como alguém que vê o mundo pelo prisma de um psicoterapeuta que se vira na vida.
Jornada Geek: Qual foi o personagem mais difícil de tratar na segunda temporada?
Contardo Calligaris: Com certeza o personagem do episódio 2 dirigida pela Tata Amaral, por que é um personagem real o qual eu escrevi na literatura científica, pois se trata de alguém que não é neurótico, o que faz com que evidentemente ninguém da equipe consiga se identificar com essa pessoa, e ao mesmo tempo todos desejam ser como ele.
Jornada Geek: Com relação a evolução da personalidade dos personagens, o que pode mudar na segunda temporada?
Contardo Calligaris: Entre a primeira e a segunda muda muito por que Carlo Antonini, volta animado e motivado do exterior, e terá um desejo terapêutico grande de tratar os novos pacientes.
Continuando com a rodada de entrevistas, os diretores Alex Gabassi (Série original da HBO ‘O Hipinotizador’), e Rodrigo Meirelles (Diretor de ‘A Vaga’ série exclusiva HBO), falaram um pouco sobre a direção de seus episódios:
Jornada Geek: Vocês tiveram liberdade de improviso? Existiu algum momento surpreendente para vocês?
Rodrigo Meirelles: Cada episódio tem muitos personagens novos, e cada diretor com certeza teve muita liberdade criativa, para desenvolver aprimorar e criar estes personagens, em cada episódio você tem vários personagens e histórias que você descobre, e isso é possível graças a riqueza e bagagem que o Contardo Calligaris carrega, com mais de 40 anos de trabalho em psiquiatria que trazem casos, situações e universos que existem e são incríveis para serem explorados.
O Diretor Alex Gabassi, também falou um pouco de seu episódio sobre exorcismo:
Jornada Geek: Quais foram suas inspirações para dirigir seu episódio sobre exorcismo?
Alex Gabassi: Me inspirei nas conversas com o Contardo, pois ele sempre nos chama para debater a respeito do tema e explicar qual a visão dele sobre algum trauma ou doença de paciente, isso me exclui do compromisso de passar sensação de medo ao espectador, pois o episódio se trata de como nós vemos a possessão demoníaca. A pessoa supostamente possuída pelo demônio está ali inspirada naquilo que ela já viu, portanto é difícil você imaginar que o demônio agiria de maneira igual com todo mundo, com cabeças virando e ossos quebrados. Me inspirei a partir do filme “Exorcista”, que eu acho que teve uma ruptura clara do que era uma representação demoníaca, e a partir dali o que virou, com vozes graves etc… Utilizamos algumas convenções que esse filme nos deu e usamos alguns elementos parecidos como Padre, entre outras coisas. O Contardo acabou dando o seu toque especial e foi um episódio que eu realmente adorei ter feito e discutido depois.
Claudia Ohana (Doutora Valentina) e Emílio de Mello (Carlo Antonini) também comentaram sobre os seus personagens na série de TV:
Jornada Geek: Como foi a preparação para segunda temporada da série? Foi diferente da primeira temporada? Houve liberdade de improvisação?
Claudia Ohana: Na verdade nós não tivemos preparação, nós tivemos toda a preparação na primeira temporada, e nessa segunda eles já tinham segurança que sabíamos como interpretar os personagens. Porém mudaram as circunstâncias, direção e muitas outras coisas que acabamos por nos adaptar e improvisar menos pois são textos muito difíceis, então você tem que estudar muito para aquele texto se transformar em seu texto, como se você estivesse falando de arroz com feijão ou do seu filho. Então a preparação se focou mais no estudo dos textos. O que mudou foi como os personagens se relacionam com o mundo exterior.
Emílio de Mello: Nós gostamos muito de trabalhar com improvisação, na primeira temporada isso acontecia bastante, aconteciam coisas super legais e que são ricas, então o Contardo nos dava a liberdade criativa e se não desse certo ele apenas cortava. Nós fazíamos isso mais na finalização das cenas, nada que interferisse no roteiro tanto como em textos clínicos, que não existe possibilidade de improviso. Mas fazíamos o improviso para dar esse sabor de dia-a-dia, pois isso nos ajudava a ter mais naturalidade em meio a textos complexos.
Jornada Geek: Existiu algum episódio que vocês ficaram surpresos ou até se identificaram com algum caso clínico que tenha acontecido?
Emílio de Mello: no episódio “O que aconteceu com ela” para mim deu um certo embrulho no estômago, por que é um episódio muito forte, sendo a história de uma menina que foi abusada sexualmente pelo pai, com a conivência da mãe. Inclusive na cena que fizemos com a mãe onde ela explicava a situação, foi uma cena que para mim me surpreendeu na hora, pois comecei a me ver com raiva daquela mulher e ao mesmo tempo com pena dela, e ela interpretou muito bem a cena.
Claudia Ohana: É muito curioso também a maneira como o Doutor Carlo resolve os casos, pois você acaba comparando isso com a sua vida, não que você conviva com isso, mas por exemplo a maneira com que ele vê a possessão demoníaca me impressionou muito. Pois diz assim: “Não sei se existe algum demônio nesse histerismo, mas eu estou acalmando o demônio que habita dentro dela” se referindo a pessoa tratada. As vezes me pego falando assim” Eu tenho que acalmar o demônio dentro de mim”, por que eu acho que todos nós temos um demônio, e temos que aprender a dominá-lo para você aprender a se acalmar e saber se relacionar com o próximo.
Novamente, não esqueça: A segunda temporada de Psi estreia hoje, 04 de outubro, às 22 horas, pelo canal HBO.