A febre envolvendo adaptações literárias continuam ganhando cada vez mais força no cinema hollywoodiano, independente do seu público. É claro, projetos envolvendo o gênero da fantasia ainda ganhando um destaque maior no mercado, mas outros estilos também estão ganhando cada vez mais espaço. Entre os muitos títulos que ganharam grandes proporções está exatamente a saga dos Cinquenta Tons, já que mesmo com críticas negativas conseguiu conquistar um bom público e garantiu o seu espaço na tela. De tal forma, o primeiro livro da trilogia intitulado Cinquenta Tons de Cinza agora foi lançado também no mercado Home Vídeo.
Na trama, Anastasia Steele (Dakota Johnson) é uma inexperiente universitária que recebe a tarefa de entrevistar o enigmático bilionário Christian Grey (Jamie Dorman). Mas o que começa com um trabalho, logo se torna um romance nada convencional. Arrebatada pelo glamoroso estilo de vida de Christian, Anna logo descobre o outro lado e os segredos dele, explorando seus próprios desejos ocultos. O resultado é um romance devorador e cheio de suspense, enquanto Christiane Ana testam quais de seus limites irão explorar em seu relacionamento.
Alguns projetos começam bem e acabam se perdendo ao longo da sua trama, mas isso não acontece com Cinquenta Tons de Cinza em momento algum. Tal fato é evidente exatamente pelo título ser desenvolvido completamente em cima de estereótipos. E assim, com tal perspectiva, os seus personagens vão sendo apresentados ao longo de todas as cenas que vão sendo mostradas. Se não bastasse, nem a direção ou produção conseguem salvar o projeto, que chama atenção apenas por sua trilha sonora e não consegue nem ao mesmo construir alguma tensão para chamar atenção de espectadores diversos. Tudo é em cima de uma relação que começa por baseada em uma obsessão do seu protagonista-galã e que vai evoluindo através de suas preocupações excessivas e sua mania por controle, para no fim resultar em uma reviravolta amorosa e sem qualquer grande impacto.
Talvez o que chame mais atenção do título, até mesmo antes da sua trilha sonora, é a escalação do elenco. James Dornan já conseguiu um certo destaque através da sua participação em The Fall, mas não consegue repetir a mesma competência na adaptação. Pode ser por se incomodar com o próprio papel ou simplesmente pela falta de perspectiva e aprofundamento em seus personagens. Até mesmo em cenas que deveriam expor o sadomasoquismo o projeto falha, seja pelo contexto ou pelo incomodo claro em cena. Ainda assim, mesmo sem boas atuações, ele e sua parceria de cena Dakota Johnson podem ser considerados os únicos verdadeiros pontos que merecem ser salvos em toda a produção. Não aqui, claro, mas para os projetos que devem surgir envolvendo os dois futuramente.
A verdade é que Cinquenta Tons de Cinza não consegue agradar ninguém fora o público já alcançado no livro, isso sem levar em conta que alguns deles nem da adaptação gostaram por conta de suas diferenças. A adaptação cortou algumas cenas mais quentes envolvendo os seus personagens exatamente para baixar sua faixa etária, mas acabou encontrando com isso um tiro no pé exatamente por não conseguir apresentar muito mais coisa do que o esperado, inserindo alguns fatos apenas para fortificar o seu cenário. E assim, com tal pegada, não consegue chamar atenção do público e vai cansando ao ponto de você ficar pedindo pelo seu final. Outra coisa que incomoda muito são esses traços de Crepúsculo em seus personagens, já que mesmo reescrito e adaptado ainda acabam conseguindo espaço para lembrar sua origem através de características próprias dos envolvidos.
No final, acaba servindo apenas para mostrar a relação de um homem cheio de problemas e que gosta de ter controle absoluto sobre uma relação, mas que acaba perdendo isso e fica frustrado. Isso, provavelmente, é a única lição que você vai conseguir tirar de um entretenimento chamado Cinquenta Tons de Cinza.