O gênero de ação já tem uma grande presença na história da sétima arte há algum tempo. Com nomes consagrados ligados ao estilo em questão, incluindo franquias completas e já batidas, ele ainda é responsável por revelar ou consagrar nomes até os dias de hoje. De tal forma, assim como todo o contexto de produção audiovisual, ele também é responsável por atrair nomes por dinheiro, necessidades em sua carreira ou gosto. Um bom exemplo recente que vale ser destacado é justamente Liam Neeson. Conhecido por trabalhar em vários tipos de filmes, passando por drama, aventuras ou até mesmo adaptações de heróis, mesmo com a idade já avançada (mais de 60 anos) ele se tornou um nome forte para as perseguições mostradas na tela grande após o grande sucesso do primeiro Busca Implacável. Agora, ele retorna para interpretar Bryan Mills mais uma vez no terceiro capítulo que está chegando ao mercado Home Vídeo.
Na trama, após os eventos envolvendo sua família, agora a vida de Bryan Mills (Liam Neeson) está caminhando com a de um cidadão comum e ele aos poucos vai se reaproximando de Lenor (Famke Janssen). Entretanto, quando uma reconciliação parecia possível, ele encontra sua ex-esposa morta em sua casa e sua vida acaba virando completamente para baixo. Agora, consumido pela raiva, e perseguido por um inspetor da polícia (Forest Whitaker), Mills deve confiar em sua “super habilidade” mais uma vez para encontrar os verdadeiros assassinos, limpar o seu nome, e proteger a única coisa que importa para ele – sua filha (Maggie Grace).
Quando o primeiro filme da franquia estrelada por Neeson surgiu ele chamou atenção por vários motivos, começando pelo ator e seu enredo. É claro que muitos projetos envolvendo sequestros de familiares já foram desenvolvidos dentro do gênero de ação, mas Busca Implacável era interessante por envolver questões como turismo, corrupção, máfia e tráfico de humanos em um único roteiro. Se não bastasse, as cenas eram alucinantes e mostravam um personagem altamente treinado em busca de salvar a sua filha. Além disso, tinha todos os elementos para dar certo, fazendo assim com que o caísse no gosto do público por saber como utilizar características comuns ao seu favor e modificá-las da forma necessária para um melhor desenvolvimento dentro das suas perspectivas.
Uma melhor funcionalidade foi explorada por isso e a continuação acabou realmente acontecendo. Contudo, limites para projetos também acabam chegando em certo momento. Seguindo a mesma fórmula dos seus dois primeiros capítulos, com apenas poucas modificações, o terceiro longa-metragem não consegue alcançar o mesmo impacto encontrado anteriormente. Todos os aspectos causam influência neste caso, seja uma direção mais agitada e tremida do que deveria que acaba incomodando em certos momentos, uma troca na abordagem ao sair do sequestro para a morte ou, até mesmo, em furos que podem vir de uma frase dita lá no começo de tudo. Sim, existe um buraco que vem exatamente da produção original. E olha, por envolver as investigações de Mills, o seu talento e sua clara percepção, acaba chamando muita atenção para quem gosta do gênero e não esperava um escorregão assim.
A verdade é que o projeto ficou cansativo. O início é até interessante, parece envolver algo mais profundo e misterioso, fica aquela torcida para não ocorrerem certos fatos ou existir algo mais. Contudo, o decorrer da trama acaba inserindo muitos elementos e proporcionando reviravoltas óbvias que vão transformando o terceiro capítulo da trilogia em uma grande decepção. Além disso, são tantos filmes dentro do estilo estrelados por Liam Neeson que ele já parece estar no automático em certo ponto.
E mesmo assim, com tantos erros, uma coisa é certa: Busca Implacável 3 ainda é um filme de ação que merece ser reconhecido exatamente por ser alucinado e focado nisso. Existem erros, o desenvolvimento é bem fraco, falhas fazem parte da composição do roteiro, mas as perseguições e cenas de ação ainda chamam atenção do espectador para o gênero imposto. É uma verdadeira corrida, ainda mais agora que o personagem em questão está sendo caçado. Frases de efeito também acabam sendo parte do longa, como por exemplo o “Boa Sorte” dito ao telefone. Além disso, mesmo com o foco sendo em pai e filha através da relação deles, o personagem de Forest Whitaker consegue chamar atenção por conta de sua perseverança na perseguição imposta.
É claro, fica chato ver algo que surgiu de forma excelente decair tanto e chegar em um nível cheio de falhas e incômodos causados por sua mudança. Contudo, são as características do título e as suas ações que acabam criando o fôlego para ir até o final. Após todas as possibilidades exploradas e muitas desgraças em sua vida, talvez Bryan Mills descanse e fique a lembrança de que foi um projeto que não terminou em alto estilo, mas que valeu a pena acompanhar pelo entretenimento proporcionado.